A minha primeira memória de… um jogo entre Vitória FC e Penafiel
Sadino Meyong tenta fugir ao central duriense Odair
Logo na 1.ª jornada da I
Liga de 2004-05 houve um confronto entre clubes recém-promovidos: o Penafiel
de Manuel Fernandes, que já não competia no primeiro
escalão desde 1991-92; e o Vitória
de Setúbal de José
Couceiro, que havia passado apenas uma época na II
Liga depois de ser despromovido em 2002-03.
Lembro-me de, na altura, com 12
anos – mas já nas épocas anteriores fazia o mesmo –, começava o campeonato a
apontar todos os resultados e marcadores em folhas de papel, numa altura em que
eu ainda não tinha Internet em casa. Recordo-me de acompanhar os jogos de
domingo à tarde através da rádio e não me esqueço do resultado deste Penafiel-Vitória,
até porque um dos encontros que acompanhava com maior atenção era precisamente este,
pela simpatia que (já) tinha pelos sadinos. Os setubalenses,
com alguma surpresa, foram a Penafiel
golear por 4-1. Meyong
inaugurou o marcador logo aos oito minutos, na recarga a um remate de Ricardo
Chaves defendido de forma incompleta por Nuno Santos. Mas Roberto
restabeleceu a igualdade cinco minutos depois, na sequência de um lance confuso
na área do Vitória.
Na segunda parte, só deu Vitória:
Auri cabeceou para o 1-2 na resposta a um livre de Bruno
Ribeiro a partir da esquerda (47’), José Rui fez o terceiro golo no
seguimento de uma grande jogada individual (51’) e Igor encostou para o fundo
das redes a passe de Jorginho (90’). Pelo meio, Bruno
Ribeiro foi expulso por acumulação de amarelos (34’ e 55’). “A defesa do Penafiel
foi um autêntico queijo suíço, de tão esburacada, e comprometeu qualquer
hipótese de discutir o resultado. Não é possível resistir a uma defesa assim,
tão permissiva, com destaque para atuação infeliz de Artur Jorge que reeditou
uma dupla do Sp.
Braga de há alguns anos, com Odair”, escreveu o jornal Record. “Um tigre de pés de barro, com pouca
alma e sem coração, caiu impiedosamente aos pés de um leão de garras afiadas,
que teve a lucidez e a frieza necessárias para ir pintando um resultado que acaba
por ter o seu quê de impiedoso. O Vitória
de Setúbal começou a I
Liga com uma vitória gorda no terreno do Penafiel”,
podia ler-se no Jornal de Notícias.
O Vitória
haveria de dar sequência a esse bom arranque, tendo estado na liderança do
campeonato durante algumas jornadas, sempre com o criativo brasileiro Jorginho
em grande evidência. Na segunda volta a equipa caiu de produção, já após a
saída de José
Couceiro para o FC
Porto, mas ainda assim conseguiu conquistar a Taça
de Portugal já com José Rachão no comando técnico. Manuel Fernandes acabou por não
resistir a uma derrota igualmente pesada na 2.ª jornada, às mãos do Marítimo
(3-0), e deixou o cargo de treinador dos durienses,
numa altura em que o presidente do clube era o seu antigo companheiro de equipa
no Sporting,
António Oliveira. Depois entrou Luís Castro, que guiou a equipa
nortenha a um campeonato tranquilo.
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