Hélder Martins vai jogar pelo Varzim em 2022-23 |
À procura de voltar ao
alto-mar que são as ligas profissionais, o Varzim pescou na Amadora
um polvo que foi uma das espinhas dorsais de um Estrela
que há apenas pouco mais de um ano alcançou a promoção à II
Liga, batendo a concorrência de Sporting
B na fase regular e de Torreense,
União
de Leiria e Vitória
de Setúbal na fase de subida.
O médio defensivo Hélder
Martins, mais conhecido por Latón,
era o homem que nos tricolores travava (sem falta) os contra-ataques
à nascença, recuperava bolas a meio-campo, surgia sucessivamente a
dar cobertura à linha defensiva e criava superioridade numérica na
zona da bola.
Poucas semanas antes de
morrer, o saudoso treinador Vítor Oliveira disse que “uma equipa
de futebol é como uma orquestra em que uns tocam violino, violoncelo
e outros tambor” e que “é preciso sapato de verniz, tamancos e
jogadores que se possam complementar”. E na orquestra que era esse
Estrela
da Amadora 2020-21, orientado por Rui Santos, uns tocavam violino
e violoncelo, mas a sinfonia dificilmente soaria tão bem sem Latón
no tambor.
Embora jogasse quase de
igual forma com os dois pés e fosse criterioso e assertivo no passe,
o jovem centrocampista, que em agosto comemora o 24.º aniversário,
sentia dificuldades em verticalizar o jogo, preferindo quase sempre
jogar pela certa, lateralizando, colocando a bola num companheiro
pouco pressionado.
Pelo que mostrava
ofensivamente, talvez fosse difícil encaixá-lo numa equipa com uma
filosofia demasiado romântica, que estimula e é estimulada pela
relação de cada jogador com a bola. Porém, era pelo que oferecia à
equipa no plano defensivo que Latón
se destacava.
Um autêntico polvo à
frente da defesa, onde costuma atuar em cunha com outro médio no
4x2x3x1 de Rui Santos, oferecia uma excelente cobertura à linha mais
recuada durante o processo defensivo, basculando a toda a largura do
campo à procura de criar superioridade numérica e cortar linhas de
passe. E no momento da perda da bola assumia um papel fundamental
para funcionar como tampão às transições ofensivas da equipa
adversária.
Além de um
posicionamento bastante assertivo, o possante futebolista de 1,85 m
também mostrava o que valia nos duelos, quase que aparentando ter
uma terceira perna, tal a forma como somava desarmes atrás de
desarmes e ganhava bolas divididas ao longo de cada jogo.
O pior veio depois. No
penúltimo jogo da fase de promoção dessa temporada, com o objetivo
da subida à II
Liga ali tão perto, Latón
sofreu uma rotura no ligamento cruzado anterior do joelho direito que
o afastou dos relvados durante cerca de dez meses. E quando voltou,
jogou apenas pela equipa B do Estrela
na III Divisão Distrital da AF
Lisboa, caindo por terra a possibilidade de o ver a colocar em
prática, num contexto de II
Liga, tudo o que tinha mostrado no Campeonato de Portugal em
2020-21.
Depois de quase uma época
em branco, foi esta terça-feira anunciado como contratação do
Varzim, que, tal como o Estrela
da Amadora há duas temporadas, também procura a subida à II
Liga. O risco desta aquisição está bem patente, mas se correr
bem os poveiros vão conseguir reabilitar um atleta ainda bastante
jovem e que, se recuperar a confiança e os índices físicos de há
pouco mais de um ano e juntar-lhe o que sabe fazer em campo, terá
todas as condições para ser uma peça importantíssima na equipa
nortenha.
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