quarta-feira, 24 de novembro de 2021

A minha primeira memória de... um jogo entre Sporting e equipas alemãs

Ramelow e Bino em disputa de bola sob o olhar atento de João Pinto
As minhas primeiras memórias de jogos entre o Sporting e equipas alemãs remontam aos primórdios da minha existência como seguidor e amante de futebol, em 2000. Na segunda metade desse ano, os leões defrontaram o Bayer Leverkusen na primeira fase de grupos da Liga dos Campeões.
 
Não é que na altura eu o soubesse, mas o Bayer Leverkusen já começava a tornar-se num cliente habitual da Champions, prova em que participava pela terceira vez no espaço de quatro anos, e era vice-campeão alemão, tendo desperdiçado de forma dramática a possibilidade de conquistar o título na derradeira jornada. O treinador era Christoph Daum, que estava no clube desde 1996-97 e tinha levado o Estugarda à conquista do título germânico em 1991-92. Já o plantel estava repleto de jogadores internacionais: o guarda-redes suíço Pascal Zuberbühler, os centrais croatas Boris Živković e Robert Kovač, o central alemão Jens Nowotny, o lateral esquerdo eslovaco Vratislav Gresko, o médio defensivo nigeriano Pascal Ojigwe, os médios alemães Carsten Ramelow, Michael Ballack e Bernd Schneider, o médio croata Jurica Vranješ, o lateral/extremo esquerdo brasileiro Zé Roberto, o lateral/extremo direito norte-americano Frankie Hejduk e os avançados alemães Paulo Rink, Oliver Neuville e Thomas Brdarić. Mas na primeira jornada da fase de grupos, os germânicos foram derrotados em Moscovo pelo Spartak (0-2).
 
Já o Sporting regressava à Liga dos Campeões três anos depois, com uma equipa que tinha na sua base alguns dos campeões nacionais da época anterior, como Peter Schmeichel, César Prates, Beto, André Cruz, Rui Jorge, Pedro Barbosa e Acosta, e reforços experientes como Phil Babb, João Pinto ou Sá Pinto. Na ronda inaugural da fase de grupos, a equipa de Augusto Inácio tinha empatado em casa com o Real Madrid (2-2).



 
O primeiro duelo entre o Leverkusen e o Sporting ocorreu a 20 de setembro de 2000, na BayArena. E até começou da melhor forma para os leões, com um golo de canto direto de André Cruz aos 12 minutos. Nunca me tinha ocorrido até então que era possível marcar um golo diretamente através de um pontapé de canto, ainda que o guarda-redes Zuberbühler tivesse colaborado.
 
A vantagem leonina durou até aos 65 minutos, numa altura em que a formação portuguesa já jogava reduzida a dez homens, devido à expulsão de João Pinto por acumulação de amarelos. Coube a Ramelow, médio que haveria de passar 12 anos no Bayer Leverkusen, empatar a partida, empurrando a bola para a baliza ao segundo poste na sequência de um cruzamento de Brdarić, entrado ao intervalo, pela esquerda.
 
A partir daí, foi o descalabro. Oito minutos depois, os papéis inverteram-se: Ramelow na assistência, com um passe longo para as costas dos centrais sportinguistas, Brdarić no golo, com um toque de classe a fazer a bola passar por cima de Schmeichel. E aos 77', Neuville rematou de primeira para o 3-1, na resposta a um cruzamento largo de Ballack na esquerda.
 
Pouco depois, Ricardo Sá Pinto reduziu, na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Nowotny sobre Mbo Mpenza (79').
 
“Domados. Dois golos foram insuficientes para o Sporting pontuar na Alemanha. Embora em vantagem a partir dos 12 minutos, a formação portuguesa não conseguiu segurar o resultado e a expulsão prematura de João Pinto veio agravar uma situação que já não era famosa”, resumiu o Diário de Notícias no dia seguinte.

 
Quando se defrontaram pela segunda vez, em Alvalade, na última jornada da fase de grupos, as duas equipas já conheciam o seu destino na prova: o Sporting ia dizer adeus à Europa, o Bayer Leverkusen ia prosseguir a campanha europeia na Taça UEFA.
 
Num encontro só para cumprir calendário, registou-se um entediante empate a zero perante oito mil espetadores na noite fria de 7 de novembro. “O leão disse adeus e saiu pela porta do cavalo. A verdade é única e tem ponto final: ninguém gosta de despedidas. Sobretudo se elas são longas e dolorosas, como é hábito serem as despedidas neste país em que desde o colo os meninos aprendem a dizer adeus. Por isso compreende-se a relutância que os adeptos do Sporting tiveram em deslocar-se a Alvalade neste adeus à Liga dos Campeões, compreende-se até a relutância com que os jogadores verde e brancos subiram ao relvado para cumprir a última etapa de um calendário que lhes prometia, a princípio, o sonho glorioso das vitórias e dos milhões e lhes reservou, no final, a amargura das derrotas e o sabor ácido das frustrações”, escreveu o jornal O Jogo.











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