quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Argentina e Bolívia

Dia de sonho para a Bolívia e de pesadelo para a Argentina
1 de abril de 2009. O que parecia ser uma piada do dia das mentiras tornou-se mesmo realidade. Uma Argentina com Diego Maradona no comando técnico e Lionel Messi em campo não teve oxigénio suficiente para travar aquela que foi conhecido como o Massacre de La Paz, a mais de 3600 metros de altitude: 6-1 para a Bolívia.
 
Curiosamente, cerca de dois anos antes a FIFA decidiu proibir jogos internacionais em locais com altitude superior a 2500 metros, por considerar desleal e desumano. No entanto, a comunidade andina e o governo da Bolívia levaram a cabo várias ações de protesto, às quais se juntou Maradona, que defendeu a ideia de que o povo boliviano tinha que ter a possibilidade de a sua seleção jogar verdadeiramente em casa. Em maio de 2008, após pressão da CONMEBOL e da Federação Boliviana, a entidade que tutela o futebol mundial anunciou a suspensão da medida.
 
Quando a Argentina de Maradona foi jogar à Bolívia na qualificação para o Mundial 2010, nesse dia das mentiras de 2009, fê-lo precisamente no Estádio Olímpico Hernando Siles, em La Paz, numa altitude que correspondia ao dobro do ponto mais alto da serra da Estrela. Não serve de justificação, porque os bolivianos raramente conseguiram aproveitar o fator casa para fugir aos últimos lugares da zona de apuramento da CONMEBOL para Campeonatos do Mundo, mas nesse dia terá ajudado la verde a dizimar uma das seleções mais poderosas do mundo.
 
O avançado Marcelo Moreno (Shakhtar Donetsk) era o jogador mais mediático da seleção boliviana. O defesa central Juan Manuel Peña (Celta de Vigo) e o médio ofensivo Ronald García (Aris, ex-Alverca e ex-Benfica) completavam o trio que atuava na Europa. O selecionador era Erwin Sánchez, antigo jogador de Benfica e Boavista.



 
A seleção boliviana adiantou-se ao minuto 11, por Marcelo Moreno, a passe de Joaquín Botero. A Argentina ainda chegou ao empate aos 25’, através de um disparo do então médio portista Lucho González, num lance em que o guarda-redes Carlos Arias ficou bastante mal na fotografia.
 
No entanto, a partir daí só deu Bolívia. Botero devolveu a vantagem aos tiahuanacos na conversão de uma grande penalidade (34’) e à beira do intervalo assistiu Alex da Rosa para o 3-1, numa jogada de contra-ataque.
 
No segundo tempo, o resultado ganhou contornos de goleada. Aos 53 minutos, Botero fez de cabeça o quarto golo de la verde, após cruzamento na direita de Moreno. Aos 65’, numa altura em que a expulsão do então extremo benfiquista Di María tinha deixado a Argentina reduzida a dez unidades, Botero completou o hat-trick após passe em profundidade de Ronald García. E aos 87’, o mesmo Botero bisou nas assistências ao servir Didí Torrico, que fechou as contas através de um disparo de fora da área.
 
 
“Nem nos piores pesadelos Maradona poderia imaginar que veria a sua Argentina perder contra a Bolívia por números tão dilatados, como aqueles ontem alcançados: 6- 1. Lucho González ainda marcou o golo argentino, ao passo que Di María se fez expulsar após apenas sete minutos em campo, ajudando ao desastre. No quinto jogo como selecionador da albiceleste, Maradona sofreu a primeira derrota. A goleada perante os bolivianos só encontra paralelo na história argentina com a derrota sofrida diante da Checoslováquia no Mundial 1958 (também por 6-1). Uma coincidência nas duas páginas negras do futebol das pampas: em 1958 o guarda-redes foi Amadeo Carrizo; ontem foi Juan Pablo Carrizo”, escreveu o jornal O Jogo









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