Gedson Fernandes foi progressivamente
perdendo espaço no plantel do Benfica, sobretudo desde a chegada de Bruno
Lage ao comando técnico, mas está longe de merecer que lhe coloquem o
rótulo de promessa adiada. Primeiro porque tem apenas 21 anos (acabadinhos de
fazer), depois porque a sua menor utilização se deve sobretudo à implementação
de um novo dispositivo tático e a um novo modelo de jogo que não o favorecia.
No 4x4x2 de Lage,
os laterais (bem abertos e projetados) gozam de grande liberdade ofensiva e os
extremos têm autorização para não se desgastarem muito em missões defensivas,
cabendo a dois médios estabilizadores assegurar o equilíbrio da equipa. E
Gedson não é um médio estabilizador, posicional. Tem outras valências, como a
capacidade para fazer constantes vaivéns de área a área, passada larga, a
qualidade no transporte de bola e o remate de meia distância, que contrastam
claramente com as funções que têm sido exigidas a Samaris, Florentino, Gabriel
e Taarabt, os homens que têm atuado no duplo pivot.
Em determinadas ocasiões,
sobretudo em jogos da Liga
Europa na época passada, Gedson foi colocado a jogar numa ala ou como
segundo avançado. Mas o jovem internacional português pode dar muito a uma
equipa é a jogar no corredor central e de frente para o jogo, não encostado a
um flanco ou maioritariamente de costas para a baliza. Nisso é realmente muito
bom, como demonstrou nas equipas jovens de Benfica e Portugal,
que normalmente utilizam um sistema com três médios.
Agora, com o empréstimo de 18
meses ao Tottenham
de Jose Mourinho, a expetativa é a de rever o melhor Gedson, o miúdo
irreverente que entrega a bola redondinha e cavalga pelo meio-campo ofensivo, a
promessa cuja promoção à equipa do Benfica era vista na altura como tão ou mais
justa do que a de João
Félix e a certeza que foi convocado por Fernando Santos para a seleção
nacional ao fim de poucos jogos pelos encarnados.
Num novo país, com o suporte de familiares
que já lá estão emigrados há vários anos, um treinador compatriota e que o
escolheu, e perante a saída iminente de Christian Eriksen e a lesão de Moussa
Sissoko, tem a porta escancarada para se afirmar num campeonato em que grande
parte das suas características são muito apreciadas.
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