Comecei a acompanhar
futebol em meados de 2000, já não a tempo de assistir aos jogos
entre FC Porto e Belenenses
em 1999-00, ainda que não me recordo dos encontros entre as duas
equipas na época seguinte. Estranho, até porque teria razões para
me lembrar, pois a formação
de Belém venceu no Restelo (2-0) e empatou nas Antas (0-0) e se
calhar até vi a transmissão televisiva. Em 2001-02, o emblema
da Cruz de Cristo venceu na Invicta (1-2) no jogo da primeira
volta, mas também não me lembro do jogo.
A minha primeira memória
de encontro entre as duas equipas remonta então a 8 de março de
2002, quando o Belenenses
de Marinho Peres venceu o FC Porto de José
Mourinho no Restelo por um incontestável 3-0. Foi a derrota mais
pesada do setubalense
enquanto treinador dos dragões e o maior triunfo do conjunto
do concelho de Lisboa sobre os portistas desde 1953-54. Até nem
assisti à transmissão do jogo, mas soube do resultado depois e não
mais me esqueci.
A noite desastrosa dos
azuis e brancos em Belém começou a ser desenhada ainda antes da
meia hora, com Verona a colocar a bola no fundo das redes num lance
estranho, na sequência de um canto de César Peixoto, então um
jovem de 21 anos oriundo dos Caçadores das Taipas e que fez nessa
noite um dos melhores jogos da carreira.
À passagem da meia hora
da segunda parte, César Peixoto voltou a estar em evidência, ao
disparar forte do meio da rua para 2-0, não dando hipóteses a Vítor
Baía. E já ao cair do pano, Vítor Baía falhou um passe e entregou
de bandeja um golo a Cafú. Ainda antes do apito final, Hélder
Postiga foi expulso por João Ferreira devido a protestos. “Estou
profundamente desapontado. É altura de alguns jogadores darem a
cara”, atirou Mourinho.
“Como pesa esta Cruz.
FC Porto deverá ter deixado no Restelo a última centelha de
esperança na reconquista de um título que foge vai para três anos.
Uma excelente exibição do Belenenses
e vários tiros no pé explicam uma derrota por números tão
inesperados quanto justos”, escreveu O Jogo, acerca de um
encontro que deixou os dragões a nove pontos do líder do Sporting e
a oito do vice-líder Boavista no final dessa jornada, a 26.ª (de
34). Já o Belenenses
alcançou a União de Leiria na sexta posição.
Capas dos jornais desportivos no dia a seguir ao encontro |
Logo no arranque da época seguinte, nas Antas, o FC Porto somou o quinto jogo consecutivo sem vencer o Belenenses e por pouco não sofreu a terceira derrota seguida com os azuis do Restelo. Neca deu por duas vezes vantagem aos visitantes, aos 12 e 88 minutos, da segunda vez na conversão de uma grande penalidade, mas Hélder Postiga (66') e o ponta de lança lituano Edgaras Jankauskas (90') salvaram os dragões, que venceram os 33 seguintes jogos em casa para o campeonato.
“O FC Porto voltou a
estrear-se mal no campeonato. Não teve sorte com o adversário, se
calhar não teve muita sorte com o jogo, mas fundamentalmente não
soube conduzir o jogo e acabou por conquistar um ponto já nos
descontos, num final emocionante. O povo portista compareceu em
massa, mas a equipa nunca se viu verdadeiramente – deixou suor no
campo, mas pouco jogo escorreito e, sobretudo, poucas jogadas de
golo”, pode ler-se na crónica do Record.
Na segunda volta, a 19 de
janeiro, o FC Porto matou o borrego que já durava há quase três
anos, vencendo no Restelo por 3-1, com um bis de Jorge Costa
(48' e 52') e um golo de Alenichev (89') já na segunda parte. Mas
antes, um golo de Verona aos 16 minutos ameaçou manter o enguiço.
“Se a primeira parte de
ontem pode ser considerado um dos períodos menos conseguidos do FC Porto nos últimos meses, convém acrescentar que juntou a esse
ataque de infelicidade e desinspiração 45' de sonho, nos quais
asfixiou por completo o adversário, à custa do melhor de si mesmo:
pressão a todo o campo; perfeito funcionamento coletivo;
movimentações criteriosas; qualidade individual em todas as zonas
do campo. Quando, em menos de 10', Jorge Costa deu a volta ao texto,
nem o Belenenses
descobriu forças para reagir, nem o FC Porto encontrou motivos para
tirar o pé do acelerador. O jogo decorreu, até final, sempre no
sentido da baliza de Marco Aurélio”, escreveu o Record.
Sem comentários:
Enviar um comentário