sábado, 7 de dezembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre FC Porto e Belenenses

Lance confuso na área do Belenenses com o portista Jorge Andrade
Comecei a acompanhar futebol em meados de 2000, já não a tempo de assistir aos jogos entre FC Porto e Belenenses em 1999-00, ainda que não me recordo dos encontros entre as duas equipas na época seguinte. Estranho, até porque teria razões para me lembrar, pois a formação de Belém venceu no Restelo (2-0) e empatou nas Antas (0-0) e se calhar até vi a transmissão televisiva. Em 2001-02, o emblema da Cruz de Cristo venceu na Invicta (1-2) no jogo da primeira volta, mas também não me lembro do jogo.


A minha primeira memória de encontro entre as duas equipas remonta então a 8 de março de 2002, quando o Belenenses de Marinho Peres venceu o FC Porto de José Mourinho no Restelo por um incontestável 3-0. Foi a derrota mais pesada do setubalense enquanto treinador dos dragões e o maior triunfo do conjunto do concelho de Lisboa sobre os portistas desde 1953-54. Até nem assisti à transmissão do jogo, mas soube do resultado depois e não mais me esqueci.


A noite desastrosa dos azuis e brancos em Belém começou a ser desenhada ainda antes da meia hora, com Verona a colocar a bola no fundo das redes num lance estranho, na sequência de um canto de César Peixoto, então um jovem de 21 anos oriundo dos Caçadores das Taipas e que fez nessa noite um dos melhores jogos da carreira.

À passagem da meia hora da segunda parte, César Peixoto voltou a estar em evidência, ao disparar forte do meio da rua para 2-0, não dando hipóteses a Vítor Baía. E já ao cair do pano, Vítor Baía falhou um passe e entregou de bandeja um golo a Cafú. Ainda antes do apito final, Hélder Postiga foi expulso por João Ferreira devido a protestos. “Estou profundamente desapontado. É altura de alguns jogadores darem a cara”, atirou Mourinho.


“Como pesa esta Cruz. FC Porto deverá ter deixado no Restelo a última centelha de esperança na reconquista de um título que foge vai para três anos. Uma excelente exibição do Belenenses e vários tiros no pé explicam uma derrota por números tão inesperados quanto justos”, escreveu O Jogo, acerca de um encontro que deixou os dragões a nove pontos do líder do Sporting e a oito do vice-líder Boavista no final dessa jornada, a 26.ª (de 34). Já o Belenenses alcançou a União de Leiria na sexta posição.

Capas dos jornais desportivos no dia a seguir ao encontro

Logo no arranque da época seguinte, nas Antas, o FC Porto somou o quinto jogo consecutivo sem vencer o Belenenses e por pouco não sofreu a terceira derrota seguida com os azuis do Restelo. Neca deu por duas vezes vantagem aos visitantes, aos 12 e 88 minutos, da segunda vez na conversão de uma grande penalidade, mas Hélder Postiga (66') e o ponta de lança lituano Edgaras Jankauskas (90') salvaram os dragões, que venceram os 33 seguintes jogos em casa para o campeonato.

“O FC Porto voltou a estrear-se mal no campeonato. Não teve sorte com o adversário, se calhar não teve muita sorte com o jogo, mas fundamentalmente não soube conduzir o jogo e acabou por conquistar um ponto já nos descontos, num final emocionante. O povo portista compareceu em massa, mas a equipa nunca se viu verdadeiramente – deixou suor no campo, mas pouco jogo escorreito e, sobretudo, poucas jogadas de golo”, pode ler-se na crónica do Record.


Na segunda volta, a 19 de janeiro, o FC Porto matou o borrego que já durava há quase três anos, vencendo no Restelo por 3-1, com um bis de Jorge Costa (48' e 52') e um golo de Alenichev (89') já na segunda parte. Mas antes, um golo de Verona aos 16 minutos ameaçou manter o enguiço.

“Se a primeira parte de ontem pode ser considerado um dos períodos menos conseguidos do FC Porto nos últimos meses, convém acrescentar que juntou a esse ataque de infelicidade e desinspiração 45' de sonho, nos quais asfixiou por completo o adversário, à custa do melhor de si mesmo: pressão a todo o campo; perfeito funcionamento coletivo; movimentações criteriosas; qualidade individual em todas as zonas do campo. Quando, em menos de 10', Jorge Costa deu a volta ao texto, nem o Belenenses descobriu forças para reagir, nem o FC Porto encontrou motivos para tirar o pé do acelerador. O jogo decorreu, até final, sempre no sentido da baliza de Marco Aurélio”, escreveu o Record.























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