quinta-feira, 18 de junho de 2020

A minha primeira memória de... um jogo entre V. Guimarães e Moreirense

Vitoriano Flávio Meireles tenta roubar a bola ao cónego Manoel
7 de março de 2004. 24.ª jornada da I Liga. Moreira de Cónegos. O Vitória de Guimarães, que na época anterior tinha concluído o campeonato na quarta posição, estava em zona de despromoção - o treinador era Jorge Jesus, que quatro meses antes tinha sucedido a Augusto Inácio, que estava há quase dois anos no cargo.  Já o Moreirense de Manuel Machado estava a fazer um campeonato tranquilo, a poucos pontos de assegurar a permanência quando faltavam ainda dez jornadas para disputar.

Ainda assim, era um dérbi e o nome mais forte continuava a ser o do Vitória de Guimarães. O jogo já prometia ser imprevisível, mas quem iria prever que o primeiro golo do encontro seria apontado por um guarda-redes, de baliza a baliza?

Foi isso que aconteceu aos 25 minutos, quando o guardião vitoriano Palatsi tentou colocar a bola na frente e acabou por introduzi-la na baliza contrária. “O lance tem o seu quê de insólito, pois o golo vitoriano foi obtido por Palatsi na recolocação de uma bola em jogo, que bateu à entrada da área, perante a passividade dos centrais e posteriormente do guarda-redes contrário, mal colocado, permitindo que ela lhe passasse por cima. Sérgio Lomba, que surgiu nas suas costas com possibilidades de anular o lance, tentou atirar a bola pela linha de fundo, mas apenas confirmou o tento”, descreveu o jornal O Jogo.


“Posso tentar mais cem mil vezes, que não vou conseguir marcar. Há muita sorte para mim e azar para o guarda-redes do Moreirense. Quem precisa de sorte é o Vitória e por isso foi pena que não tenha dado para ganhar. Estou contente, mas nada de excecional”, confessou o guarda-redes francês, solidário para com o homólogo João Ricardo.

“Demos um benefício de uma dádiva, um golo caricato, próximo do ridículo. Um golo destes vê-se de dez em dez anos”, comentou o treinador do Moreirense, Manuel Machado.

Se não fosse este golo, provavelmente não me lembraria de qual foi o primeiro dérbi de Guimarães de que tenho memória. Recordo-me de ter visto a síntese do jogo no Jornal da Tarde da RTP 1 no dia seguinte e de ter ficado estupefacto. Era a primeira vez – e uma das poucas, ainda hoje – que vi algo assim.

Porém, o golpe de sorte de Palatsi só valeu mesmo um golo, tal como o cabeceamento de Armando, que aos 70 minutos deu o empate aos homens da casa.


“Golão de Palatsi não chegou. Casa cheia e excelente ambiente a rodear um confronto no qual o Guimarães chegou à vantagem sem nada fazer por isso, para depois não a conseguir segurar frente a um Moreirense que nunca deixou de acreditar, justificando a igualdade”, resumiu O Jogo no dia seguinte.

Com um ponto para cada lado, as duas equipas vimaranenses acabaram por assegurar a permanência no final da temporada.










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