Eto'o, aqui em luta com Daniel Alves, no reencontro com o Barça |
Falar da minha primeira
memória de um jogo entre Barcelona e Inter de Milão é falar dos
tempos áureos de José
Mourinho. Tenho uma vaga ideia de as equipas se terem defrontado
na segunda fase fase de grupos em 2002-03 e, olhando para os
registos, de terem medido forças na fase de grupos de 2009-10, mas o
que me recordo bem é de terem disputado uma vaga na final dessa
época, marcada para Madrid.
O Barcelona era super
favorito. Era orientado por Pep
Guardiola, dominava quem lhe aparecesse pela frente através do
tiki-taka e era o campeão
em título de Liga dos Campeões, Supertaça Europeia, Mundial de
Clubes, liga espanhola, Taça do Rei e Supertaça de Espanha, ou
seja, era o vencedor do famoso e inédito sextete.
Porém, o Inter de Milão
de José
Mourinho queria juntar a hegemonia em Itália ao título europeu
que lhe escapava desde 1964-65. Para tal, além de contar com um dos
mais cotados treinadores de então, contratou jogadores experientes e
de qualidade como o central internacional brasileiro Lúcio
(ex-Bayern Munique), o médio defensivo ítalo-brasileiro Thiago
Motta e o avançado internacional argentino Diego Milito (ambos
ex-Génova), o médio ofensivo internacional holandês Wesley
Sneijder (ex-Real Madrid), o avançado internacional camaronês
Samuel Eto'o (ex-Barcelona) e o atacante internacional macedónio
Goran Pandev (ex-Lazio).
A primeira mão foi no
Estádio Giuseppe Meazza e, apesar de os nerazzurri
terem adotado uma estratégia conservadora e de terem estado a
perder, devido a um golo de Pedro Rodríguez aos 19 minutos, foram
eficazes no ataque e venceram por 3-1, num jogo arbitrado pelo
português Olegário Benquerença.
Após o extremo espanhol
ter dado vantagem aos catalães a passe de Lionel
Messi, Diego Milito serviu Sneijder para o golo do empate à
passagem da meia hora. E logo no arranque da segunda parte, Diego
Milito fugiu à marcação do irmão Gabriel Milito e serviu Maicon
para o 2-1 (48'). Só que a noite de sonho do avançado argentino
ainda não tinha terminada e, aos 61', apontou o terceiro golo da
equipa da casa, ao cabecear para o fundo das redes na sequência de
um passe de cabeça de Sneijder.
“A primeira parte da
eliminatória entre o Inter de Milão e o Barcelona teve um vencedor
expressivo e foi resolvida por um argentino. Mas nem ganhou o Barça
nem brilhou Messi.
Foi Diego Milito o homem do jogo, com um golo e duas assistências,
contribuindo decisivamente para o triunfo dos nerazzurri. A
equipa de José
Mourinho, que mostrou ter a estratégia trabalhada ao pormenor, é
agora favorita à presença na final. Daqui a oito dias, o Barcelona
de Guardiola,
que pela primeira vez (em 113 desafios) perdeu por mais do que um
golo de diferença, terá de marcar duas vezes – e sem sofrer –
para dar a volta e seguir em frente”, podia ler-se na crónica do
jornal O Jogo.
“Perdemos em posse de
bola, mas tivemos mais oportunidades de golo e ainda podíamos ter
feito mais golos. A ganhar da maneira que ganhámos contra a melhor
equipa do mundo, só posso dizer bem dos meus jogadores”, analisou
José
Mourinho, que nove anos depois revelou a estratégia para esse
jogo ao The Coaches' Voice.
Ainda assim, ganhar por
2-0 em casa estava longe de ser uma missão impossível para o
Barcelona, sobretudo depois de ter ficado a jogar com mais um homem,
devido à expulsão do seu ex-jogador Thiago Motta antes da meia
hora. No entanto, José
Mourinho fechou as caminhos para a baliza da sua equipa e
conseguiu saiu vivo de Camp Nou, apesar de um golo de Gerard Piqué
aos 84 minutos ter animado os minutos finais. Messi
chegou mesmo a marcar o segundo golo dos catalães, mas o remate
certeiro do argentino foi anulado devido a mão na bola de Yaya Touré.
“Assobios à entrada no
relvado e insultos à saída do Camp Nou. Por mais histórias que
esta meia-final tenha para contar, nenhuma é tão aliciante como a
de José
Mourinho: foi ele que garantiu a final ao Inter. Ponto. Tal como
na semana passada, os italianos – que jogaram sem nenhum italiano –
conseguiram anular com relativa facilidade esta máquina de futebol
chamada Barcelona. E houve de tudo; houve uma expulsão de Thiago
Motta para aumentar o dramatismo e significado de mais um feito de
Mourinho;
houve sofrimento e emoção; e houve também uma enorme corrida do
treinador português pelo relvado de Camp Nou já depois do apito
final”, escreveu O Jogo.
O técnico
setubalense, esse, estava radiante: “É o momento mais belo de
toda a minha carreira. Fomos uma equipa de heróis. Deixámos o
sangue em campo, quando os outros diziam que iam deixar a pele.” Na
final levou o Inter à vitória sobre o Bayern Munique por 2-0, com
bis de Diego Milito, e depois mudou-se para o Real Madrid.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Inter de Milão e Barcelona de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes partidas entre as duas equipas?
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