terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre Barcelona e Inter Milão

Eto'o, aqui em luta com Daniel Alves, no reencontro com o Barça

Falar da minha primeira memória de um jogo entre Barcelona e Inter de Milão é falar dos tempos áureos de José Mourinho. Tenho uma vaga ideia de as equipas se terem defrontado na segunda fase fase de grupos em 2002-03 e, olhando para os registos, de terem medido forças na fase de grupos de 2009-10, mas o que me recordo bem é de terem disputado uma vaga na final dessa época, marcada para Madrid.


O Barcelona era super favorito. Era orientado por Pep Guardiola, dominava quem lhe aparecesse pela frente através do tiki-taka e era o campeão em título de Liga dos Campeões, Supertaça Europeia, Mundial de Clubes, liga espanhola, Taça do Rei e Supertaça de Espanha, ou seja, era o vencedor do famoso e inédito sextete.

Porém, o Inter de Milão de José Mourinho queria juntar a hegemonia em Itália ao título europeu que lhe escapava desde 1964-65. Para tal, além de contar com um dos mais cotados treinadores de então, contratou jogadores experientes e de qualidade como o central internacional brasileiro Lúcio (ex-Bayern Munique), o médio defensivo ítalo-brasileiro Thiago Motta e o avançado internacional argentino Diego Milito (ambos ex-Génova), o médio ofensivo internacional holandês Wesley Sneijder (ex-Real Madrid), o avançado internacional camaronês Samuel Eto'o (ex-Barcelona) e o atacante internacional macedónio Goran Pandev (ex-Lazio).


A primeira mão foi no Estádio Giuseppe Meazza e, apesar de os nerazzurri terem adotado uma estratégia conservadora e de terem estado a perder, devido a um golo de Pedro Rodríguez aos 19 minutos, foram eficazes no ataque e venceram por 3-1, num jogo arbitrado pelo português Olegário Benquerença.

Após o extremo espanhol ter dado vantagem aos catalães a passe de Lionel Messi, Diego Milito serviu Sneijder para o golo do empate à passagem da meia hora. E logo no arranque da segunda parte, Diego Milito fugiu à marcação do irmão Gabriel Milito e serviu Maicon para o 2-1 (48'). Só que a noite de sonho do avançado argentino ainda não tinha terminada e, aos 61', apontou o terceiro golo da equipa da casa, ao cabecear para o fundo das redes na sequência de um passe de cabeça de Sneijder.

“A primeira parte da eliminatória entre o Inter de Milão e o Barcelona teve um vencedor expressivo e foi resolvida por um argentino. Mas nem ganhou o Barça nem brilhou Messi. Foi Diego Milito o homem do jogo, com um golo e duas assistências, contribuindo decisivamente para o triunfo dos nerazzurri. A equipa de José Mourinho, que mostrou ter a estratégia trabalhada ao pormenor, é agora favorita à presença na final. Daqui a oito dias, o Barcelona de Guardiola, que pela primeira vez (em 113 desafios) perdeu por mais do que um golo de diferença, terá de marcar duas vezes – e sem sofrer – para dar a volta e seguir em frente”, podia ler-se na crónica do jornal O Jogo.


“Perdemos em posse de bola, mas tivemos mais oportunidades de golo e ainda podíamos ter feito mais golos. A ganhar da maneira que ganhámos contra a melhor equipa do mundo, só posso dizer bem dos meus jogadores”, analisou José Mourinho, que nove anos depois revelou a estratégia para esse jogo ao The Coaches' Voice.


Ainda assim, ganhar por 2-0 em casa estava longe de ser uma missão impossível para o Barcelona, sobretudo depois de ter ficado a jogar com mais um homem, devido à expulsão do seu ex-jogador Thiago Motta antes da meia hora. No entanto, José Mourinho fechou as caminhos para a baliza da sua equipa e conseguiu saiu vivo de Camp Nou, apesar de um golo de Gerard Piqué aos 84 minutos ter animado os minutos finais. Messi chegou mesmo a marcar o segundo golo dos catalães, mas o remate certeiro do argentino foi anulado devido a mão na bola de Yaya Touré.

“Assobios à entrada no relvado e insultos à saída do Camp Nou. Por mais histórias que esta meia-final tenha para contar, nenhuma é tão aliciante como a de José Mourinho: foi ele que garantiu a final ao Inter. Ponto. Tal como na semana passada, os italianos – que jogaram sem nenhum italiano – conseguiram anular com relativa facilidade esta máquina de futebol chamada Barcelona. E houve de tudo; houve uma expulsão de Thiago Motta para aumentar o dramatismo e significado de mais um feito de Mourinho; houve sofrimento e emoção; e houve também uma enorme corrida do treinador português pelo relvado de Camp Nou já depois do apito final”, escreveu O Jogo.


O técnico setubalense, esse, estava radiante: “É o momento mais belo de toda a minha carreira. Fomos uma equipa de heróis. Deixámos o sangue em campo, quando os outros diziam que iam deixar a pele.” Na final levou o Inter à vitória sobre o Bayern Munique por 2-0, com bis de Diego Milito, e depois mudou-se para o Real Madrid.












E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Inter de Milão e Barcelona de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes partidas entre as duas equipas?


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