Sportinguista Carlos Martins entre Cory Gibbs e Shinji Ono |
A equipa de Roterdão
tinha vencido a competição três anos antes e era (e ainda é) um
nome importante no futebol europeu, uma vez que no palmarés tem uma
Taça dos Campeões Europeus e mais de uma dezena de campeonatos da
Holanda. Em quarto lugar na liga holandesa à data da primeira
mão, o Feyenoord era orientado por Ruud Gullit, um ícone do
futebol do país das tulipas. Na equipa figuravam nomes como Dirk
Kuyt e Salomon Kalou, que haveriam de se tornar nomes importantes no
mundo do futebol.
Já o Sporting
mostrava-se capaz do melhor e do pior. Basta dizer que, três dias
antes, tinha goleado o Rio Ave em casa por 5-0. Mas na semana
anterior tinha perdido nos Barreiros diante do Marítimo por 0-3.
Como o campeonato dessa época estava transformado numa caixinha de
surpresas, o Sporting estava igualado com FC Porto, Benfica e
Boavista na liderança, todos com 38 pontos. E o Sp. Braga aparecia
logo a seguir, com menos um.
No
primeiro jogo da eliminatória, em Alvalade, as coisas começaram a
correr mal ao Sporting. Já
depois de Hugo Viana ter acertado na trave, o belga Bart Goor
aproveitou uma bola perdida na área leonina para inaugurar o
marcador para a equipa holandesa (11 minutos), que contava com o
lateral esquerdo português Bruno Basto no onze inicial.
Os
verde e brancos não demoraram muito a responder e chegaram ao empate
aos 22 minutos, por Custódio, a introduzir a bola no fundo das redes
na sequência de um lance confuso na área do Feyenoord (22’).
Ainda
na primeira parte, Sá
Pinto colocou
a bola na cabeça de Liedson através de um cruzamento milimétrico e
o levezinho cabeceou para o interior da baliza da formação de
Roterdão (36’).
Na
segunda parte, nem um golo para amostra. O facto mais relevante foi a
expulsão de Custódio, por acumulação de amarelos (65’). E
assim, a vantagem leonina parecia curta, conforme deu conta o Diário
de Notícias no dia seguinte: “Vantagem curta. Resultado é
escasso para um Sporting que foi sempre melhor, mesmo com dez.”
Uma
semana depois, no De Kuip, estádio conhecido como a banheira de
Roterdão, quem levou um valente banho foi a equipa da casa.
Pouco
depois de se concluir uma hora de jogo, Liedson surgiu desmarcado na
cara de Lodewijks e, com um chapéu sensacional, deu vantagem à
equipa portuguesa (62’).
A
seguir ao golo, os adeptos holandeses sentiram-se provocados, alguns
invadiram o campo e o jogo esteve interrompido durante vários
minutos. Essa
é uma das principais memórias que retenho desta eliminatória, logo
a seguir aos resultados.
Outra
memória inesquecível foi um fantástico golo de Rochemback depois
de o jogo ter sido reatado. Na
execução de um livre direto, o médio brasileiro disparou uma bomba
que só parou na baliza adversária, aos 83 minutos.
Nicky
Hofs ainda reduziu para os holandeses (89’), mas seriam necessários
mais dois golos para o Feyenoord seguir em frente. Mas,
já se previa, não havia tempo para isso. “Às
portas do céu… Comedido, autoritário e sem se esquecer de que
iniciava o jogo a ganhar (pelo 2-1 em Alvalade), o leão esteve no
Paraíso… no Inferno de Roterdão. João
Moutinho foi
enorme, Liedson resolveu, Rochemback confirmou: a final da Taça UEFA
não é uma miragem”, escreveu o jornal O Jogo no dia
seguinte.
Nessa
mesma campanha na Taça UEFA, o Sporting teve mais um duplo confronto
memorável com uma equipa holandesa, o AZ Alkmaar. Após
uma vitória por 2-1 em Alvalade, os leões perderam por 3-2, mas
conseguiram marcar o segundo e decisivo golo já no tempo de
compensação, por Miguel
Garcia, que
ficará para sempre conhecido como o herói de Alkmaar.
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