Confesso que não assisti ao jogo,
até porque creio que não foi transmitido em nenhum canal e tampouco me
desloquei ao Funchal, mas recordo-me perfeitamente de ter acontecido, até pelo
resultado altamente desnivelado. Que me perdoem os adeptos sadinos, mas se
antes desse jogo de 22 de setembro de 2002 perguntassem a alguém que equipa é
que mais provavelmente venceria por 5-0, a esmagadora maioria diria Marítimo.
Afinal, na década anterior os
madeirenses tinham carimbado por quatro vezes o apuramento para a Taça UEFA, ao
passo que o Vitória de Setúbal tinha passado quatro épocas na II Liga.
Porém, o futebol é uma caixinha
de surpresas e os setubalenses aplicaram a manita nos Barreiros. Com os
experientes Pedro Espinha, Nélson e Hélio a suportarem o talento de Marco Ferreira, Jorginho e Meyong, a formação orientada por Luís Campos atropelou os
homens de Nelo Vingada.
Não tenho a certeza se na altura
cheguei a ver os golos, mas felizmente que a Internet permite recordá-los. O
primeiro foi de Rui Lima, aos 17 minutos, numa conversão clássica de uma grande
penalidade: bola para um lado, guarda-redes para o outro.
Pouco mais de dez minutos depois,
um cruzamento milimétrico do mesmo Rui Lima encontrou a cabeça de Sandro no
interior da área madeirense: 0-2.
Ainda antes do intervalo, começou
a cheirar a goleada, com Meyong a fazer um chapéu ao guarda-redes Nélson e
Marco Ferreira a confirmar, de cabeça, o terceiro golo dos sadinos (38’).
No segundo tempo, mais dois golos
para completar a mão cheia. Jorginho fez o quarto na sequência de uma bola
recuperada no lado esquerdo (64’).
E por fim, Meyong finalizou a
goleada, através de um bonito golo de cabeça, na resposta a um cruzamento de
Jorginho (85’).
“É preciso recuar seis anos e
seis meses (0-5 com o Sporting) para ver uma derrota do Marítimo nos Barreiros
por números tão expressivos. Mas o resultado só surpreende quem não assistiu ao
jogo. A equipa madeirense esteve mal em quase tudo e o Vitória recuperou da
última derrota em casa com uma exibição (e resultado) de luxo”, escreveu o Record.
“Quem poderia esperar que o
Marítimo fosse goleado pelo Vitória de Setúbal, em casa e por 5-0? Nem mesmo os
mais otimistas adeptos setubalenses, nem por certo os próprios jogadores e
treinador sadinos. Mas tal aconteceu. E com muito mérito da equipa de Luís
Campos, que deu uma verdadeira lição de bem jogar a um conjunto de Nelo Vingada
irreconhecível”, pode ler-se na crónica do Maisfutebol.
Depois desse jogo, a contar para
a quarta jornada do campeonato, os sadinos ascenderam ao quarto lugar, com sete
pontos, descolando dos madeirenses, que continuaram com quarto e ocupavam a
14.ª posição. Na segunda volta, o Vitória tornou a ganhar, dessa vez no Bonfim
e por 1-0, mas os três pontos foram insuficientes para retirar a equipa de Setúbal da zona de despromoção. E no final da época, apesar dos resultados dos
dois jogos, o Marítimo terminou no sétimo lugar e o Vitória na 18.ª e última
posição.
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