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Francisco dos Santos foi escultor, pintor e futebolista |
Foi como escultor que se
celebrizou, mas o seu currículo desportivo também é invejável. Nascido a 22 de
outubro de 1878 em Paiões, que hoje faz parte da freguesia de Rio de Mouro,
concelho de Sintra, não só jogou no
Sport
Lisboa e no
Sporting
como foi o primeiro futebolista português a atuar no estrangeiro.
Começou a jogar futebol aos 14
anos, na Real Casa Pia de Lisboa. Em 22 de janeiro de 1898 fez parte da equipa
que venceu por 2-0 o Carcavelos Clube, então considerado o conjunto mais forte
de Lisboa e até então invicto.
Em 1901 ingressou na Escola de
Belas-Artes de Lisboa e continuou a jogar ocasionalmente, tendo estado na
origem do
Grupo
Sport Lisboa – futuro
Sport
Lisboa e Benfica – em 1904, quando fazia parte da Associação do Bem, formada
por antigos alunos da Casa Pia.
Entretanto, já casado e pai, mas com
dificuldades financeiras, foi estudar para Roma em 1906 graças a um subsídio
concedido pelo Visconde de Valmor. Na capital italiana lecionou francês e
ofereceu-se para jogar na
Lazio,
tornando-se assim no primeiro futebolista português a atuar no estrangeiro.
Com apenas 1,60 m e um bigode
farfalhudo, ficou famoso no
Calcio pelo talento e liderança que exibia,
mas também pela valentia. Num jogo em Pisa em 1907, numa altura em que já era
capitão de equipa, continuou em campo com duas costelas partidas na sequência de
um choque com um adversário que fraturou seis.
Em 1908 regressou a Portugal e
ingressou no
Sporting,
depois de se ter tornado sócio do clube, tendo atuado de
leão
ao peito até 1911. Paralelamente, foi um dos fundadores da Associação de
Futebol de Lisboa e desempenhou as funções de árbitro.
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Francisco dos Santos com a camisola da Lazio |
Como escultor, foi o principal
autor da estátua do Marquês de Pombal, na praça com o mesmo nome em Lisboa, depois
de vencer um concurso aberto em 1915, tendo contado com a colaboração dos arquitetos
Adães Bermudes e António do Couto, este último seu antigo companheiro de equipa
no
Sporting.
Talvez daí a ideia do leão no monumento…
Também foi Francisco dos Santos
que esculpiu em 1911 o busto oficial da República, que figura na Câmara
Municipal de Lisboa.
Esculpiu ainda
Crepúsculo,
Salomé,
Beijo e
Nina, obras que pertencem ao Museu do
Chiado;
Prometeu, atualmente no Jardim Constantino, em Lisboa; e a escultura
mortuária
Poeta para o túmulo de Gomes Leal, no Cemitério do Alto de São
João, também na capital.
Também pintor, destacava-se pela
sensualidade dos seus nus femininos.
Viria a falecer inesperadamente
durante a madrugada de 29 de abril de 1930, em Rio de Moura, vítima de uma
congestão.
Tem um Agrupamento de Escolas com o seu nome em Rio de Mouro, assim como várias ruas espalhadas pelo país.
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