Um jogador como Haaland não pode vencer a Bola de Ouro
Haaland leva 101 golos em 107 jogos pelo Manchester City
A crítica não é fácil de fazer.
Afinal, estamos a falar de um jogador que esta época leva onze golos em nove
jogos a competir na melhor liga do mundo e na Liga
dos Campeões e que nas últimas temporadas tem apresentado uma média a roçar
um golo por jogo. Mas cá vai disto.
Os golos de Erling Haaland teimam
em aparecer nos resumos. É raro o jogo do Manchester
City em que tal não acontece. Sejam uma finalização gélida, um golo de
cabeça ou um gesto técnico que exige grande capacidade atlética. O problema é o
que não aparece nos resumos. Tenho tido a oportunidade de
assistir a várias recentes partidas do norueguês ao serviço dos citizens,
como as receções a Inter
e Arsenal
e a visita ao Slovan Bratislava, e aquilo que vou vendo é um Haaland cada vez
mais estático e menos associativo, muitas vezes até a entregar-se à marcação
dos centrais adversários. Chega a parecer um corpo estranho
no carrossel ofensivo da equipa de Pep Guardiola, recheada de jogadores móveis
e tecnicamente refinados que constroem uma teia de passes na qual o viking
vai participando pouco. Nem parece uma obra do treinador catalão esta dinâmica
de organização ofensiva que contempla um ponta de lança que se parece alhear-se
da mesma. É verdade que marcou recentemente
ao Arsenal,
aproveitando uma brecha na defesa londrina causada por um erro individual de
Calafiori, mas quem tem visto os encontros mais competitivos do Manchester
City no último ano, ano e meio, nota que Haaland tem sido presa fácil para
centrais de topo mundial como Rudiger (Real
Madrid), Saliba (Arsenal)
ou até mesmo Acerbi (Inter).
Defrontou os merengues
por quatro vezes desde maio do ano passado e nem um golo para amostra; diante
dos gunners
faturou apenas por uma vez nos últimos quatro jogos; e ficou em branco nas duas
partidas que disputou frente aos nerazzurri
de Simone Inzaghi.
Mesmo que venha a manter a
cadência de golos e obtenha sucesso coletivo no Manchester
City, seria uma afronta ao futebol se este gélido goleador que tantas e
tantas vezes se alheia do jogo pudesse ganhar a Bola de Ouro. É provavelmente o
melhor marcador de golos a nível mundial, mas para isso há a Bota de Ouro. A
Bola de Ouro deve premiar o melhor futebolista, alguém a quem se possa confiar
uma bola a 30 metros da baliza e esperar que saia dali um golo, alguém a quem
se reconheça genialidade, versatilidade e criatividade e não alguém que se
limite a fazer da área adversária a sua linha de montagem.
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