sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Um jogador como Haaland não pode vencer a Bola de Ouro

Haaland leva 101 golos em 107 jogos pelo Manchester City
A crítica não é fácil de fazer. Afinal, estamos a falar de um jogador que esta época leva onze golos em nove jogos a competir na melhor liga do mundo e na Liga dos Campeões e que nas últimas temporadas tem apresentado uma média a roçar um golo por jogo. Mas cá vai disto.
 
Os golos de Erling Haaland teimam em aparecer nos resumos. É raro o jogo do Manchester City em que tal não acontece. Sejam uma finalização gélida, um golo de cabeça ou um gesto técnico que exige grande capacidade atlética. O problema é o que não aparece nos resumos.
 
Tenho tido a oportunidade de assistir a várias recentes partidas do norueguês ao serviço dos citizens, como as receções a Inter e Arsenal e a visita ao Slovan Bratislava, e aquilo que vou vendo é um Haaland cada vez mais estático e menos associativo, muitas vezes até a entregar-se à marcação dos centrais adversários.
 
Chega a parecer um corpo estranho no carrossel ofensivo da equipa de Pep Guardiola, recheada de jogadores móveis e tecnicamente refinados que constroem uma teia de passes na qual o viking vai participando pouco. Nem parece uma obra do treinador catalão esta dinâmica de organização ofensiva que contempla um ponta de lança que se parece alhear-se da mesma.
 
É verdade que marcou recentemente ao Arsenal, aproveitando uma brecha na defesa londrina causada por um erro individual de Calafiori, mas quem tem visto os encontros mais competitivos do Manchester City no último ano, ano e meio, nota que Haaland tem sido presa fácil para centrais de topo mundial como Rudiger (Real Madrid), Saliba (Arsenal) ou até mesmo Acerbi (Inter). Defrontou os merengues por quatro vezes desde maio do ano passado e nem um golo para amostra; diante dos gunners faturou apenas por uma vez nos últimos quatro jogos; e ficou em branco nas duas partidas que disputou frente aos nerazzurri de Simone Inzaghi.

 
Mesmo que venha a manter a cadência de golos e obtenha sucesso coletivo no Manchester City, seria uma afronta ao futebol se este gélido goleador que tantas e tantas vezes se alheia do jogo pudesse ganhar a Bola de Ouro. É provavelmente o melhor marcador de golos a nível mundial, mas para isso há a Bota de Ouro. A Bola de Ouro deve premiar o melhor futebolista, alguém a quem se possa confiar uma bola a 30 metros da baliza e esperar que saia dali um golo, alguém a quem se reconheça genialidade, versatilidade e criatividade e não alguém que se limite a fazer da área adversária a sua linha de montagem.








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