Quando Loco Abreu repetiu o penálti à Panenka: “Ainda bem que a Internet ainda não chegou ao Gana”
Loco Abreu apurou o Uruguai para as meias-finais do Mundial 2010
Um dos “locos” do futebol
sul-americano. Sebastián Abreu é mais conhecido por ser o detentor do recorde
do Guinness referente ao jogador que mais clubes representou enquanto profissional:
32, de 11 países. Na Europa ficou-se pelos espanhóis do Deportivo
da Corunha e da Real
Sociedad, pelos israelitas do Beitar Jerusalém e pelos gregos do Aris. Na
América Latina vestiu a camisola de emblemas de topo como San Lorenzo, Grêmio,
River
Plate, Botafogo,
Nacional
de Montevideu e América.
Não era homem de frases feitas. Era
inteligente, brincalhão e impertinente. Nos grandes torneios – disputou os
Mundiais de 2002
e 2010 e as Copas América de 1997, 2007 e 2011 –, surgia nas conversas com a
imprensa sempre com uma câmara apontada aos jornalistas, pois gosta de filmar
tudo o que vive. É um dos melhores marcadores de
sempre da seleção
do Uruguai, com 26 golos em 70 jogos (entre 1996 e 2012), mas se não fosse
futebolista talvez tivesse sido jornalista. Quando era miúdo começou a escrever
para um jornal local de Minas, a cidade onde nascera, e chegou a entrevistar-se
a si próprio depois de um jogo de basquetebol no qual havia participado. Apesar de ser multifacetado,
decidiu-se pelo futebol. E no futebol decidiu muitos jogos e até títulos, como
o Campeonato Carioca de 2010. Na final frente ao Flamengo,
deu a vitória ao Botafogo
com um penálti à Panenka – ou cavadinha, como dizem os brasileiros – que ainda
fez a bola roçar a trave. “Quando se toma uma decisão destas é preciso morrer
com ela. Quando caminhava para a bola só pensava: ‘Meu Deus! Se não entrar
continuo a correr até ao balneário’”, comentou.
Dois meses e meio depois, no
Mundial 2010, foi chamado a marcar o penálti decisivo no desempate por grandes
penalidades frente ao Gana,
nos quartos de final. Mandava o bom senso não repetir a gracinha da final do
Campeonato Carioca, que ainda estava bem fresca na memória e tinha corrido o
mundo pelo Youtube. Mas Loco Abreu justificou a alcunha e repetiu o penálti à
Panenka, apurando o Uruguai
para as meias-finais, etapa em que a seleção celeste já não marcava presença há
40 anos. “Ainda bem que a Internet ainda não chegou ao Gana”, brincou.
A loucura não era apenas expressa
apenas nos penáltis. Também nos cantos. Palavra do próprio. “Às vezes vou a
correr para cabecear num canto e grito: ‘Vem aí o tsunami da área.’ Mijam-se a
rir, até os adversários”, contou o antigo avançado, que se retirou em 2021.
Sem comentários:
Enviar um comentário