quarta-feira, 31 de julho de 2024

Quando Loco Abreu repetiu o penálti à Panenka: “Ainda bem que a Internet ainda não chegou ao Gana”

Loco Abreu apurou o Uruguai para as meias-finais do Mundial 2010
Um dos “locos” do futebol sul-americano. Sebastián Abreu é mais conhecido por ser o detentor do recorde do Guinness referente ao jogador que mais clubes representou enquanto profissional: 32, de 11 países. Na Europa ficou-se pelos espanhóis do Deportivo da Corunha e da Real Sociedad, pelos israelitas do Beitar Jerusalém e pelos gregos do Aris. Na América Latina vestiu a camisola de emblemas de topo como San Lorenzo, Grêmio, River Plate, Botafogo, Nacional de Montevideu e América.
 
Não era homem de frases feitas. Era inteligente, brincalhão e impertinente. Nos grandes torneios – disputou os Mundiais de 2002 e 2010 e as Copas América de 1997, 2007 e 2011 –, surgia nas conversas com a imprensa sempre com uma câmara apontada aos jornalistas, pois gosta de filmar tudo o que vive.
 
É um dos melhores marcadores de sempre da seleção do Uruguai, com 26 golos em 70 jogos (entre 1996 e 2012), mas se não fosse futebolista talvez tivesse sido jornalista. Quando era miúdo começou a escrever para um jornal local de Minas, a cidade onde nascera, e chegou a entrevistar-se a si próprio depois de um jogo de basquetebol no qual havia participado.
 
Apesar de ser multifacetado, decidiu-se pelo futebol. E no futebol decidiu muitos jogos e até títulos, como o Campeonato Carioca de 2010. Na final frente ao Flamengo, deu a vitória ao Botafogo com um penálti à Panenka – ou cavadinha, como dizem os brasileiros – que ainda fez a bola roçar a trave. “Quando se toma uma decisão destas é preciso morrer com ela. Quando caminhava para a bola só pensava: ‘Meu Deus! Se não entrar continuo a correr até ao balneário’”, comentou.
 
 
 
Dois meses e meio depois, no Mundial 2010, foi chamado a marcar o penálti decisivo no desempate por grandes penalidades frente ao Gana, nos quartos de final. Mandava o bom senso não repetir a gracinha da final do Campeonato Carioca, que ainda estava bem fresca na memória e tinha corrido o mundo pelo Youtube. Mas Loco Abreu justificou a alcunha e repetiu o penálti à Panenka, apurando o Uruguai para as meias-finais, etapa em que a seleção celeste já não marcava presença há 40 anos. “Ainda bem que a Internet ainda não chegou ao Gana”, brincou.
 
 
 
A loucura não era apenas expressa apenas nos penáltis. Também nos cantos. Palavra do próprio. “Às vezes vou a correr para cabecear num canto e grito: ‘Vem aí o tsunami da área.’ Mijam-se a rir, até os adversários”, contou o antigo avançado, que se retirou em 2021. 



       

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