segunda-feira, 27 de maio de 2024

O primeiro português a jogar pelo Chelsea. Quem se lembra de Filipe Oliveira?

Filipe Oliveira esteve no Chelsea entre 2002 e 2005
Ricardo Carvalho? Paulo Ferreira? Tiago? Não. O primeiro português a jogar pelo Chelsea foi o extremo Filipe Oliveira, que chegou a Stamford Bridge ainda antes do início da era Roman Abramovich. Depois de uma formação feita no Sp. Braga e no FC Porto, surgiu na equipa principal dos londrinos em 2002-03, quando tinha apenas 18 anos.
 
“Com 18 anos tive a oportunidade de já poder-me estrear-me na equipa principal. O Chelsea, na altura da minha quarta época, estava num período de transição no próprio clube. Na altura havia um proprietário que era o Ken Bates que estava a estruturar o clube e estava com uma filosofia de poder proporcionar oportunidade aos jogadores da formação, porque o próprio clube precisava disso, precisava de rentabilizar, e eu tinha sido contratado muito nessa linha de pensamento. Entretanto chega o Abramovich, contratou o José Mourinho, e tudo mudou dentro do clube, houve uma mudança radical, não digo nos objetivos, porque o Chelsea já era uma equipa que lutava para ganhar títulos. Só para relembrar que no último ano do Ranieri o Chelsea ficou em segundo lugar no campeonato. Mas na primeira temporada de Mourinho, com todo o investimento, e com toda a qualidade do plantel, conseguiu-se chegar ao objetivo de ganhar o campeonato. Mas para nós jovens que estávamos numa fase de formação e afirmar-se na primeira equipa, tudo se tornou muito mais complicado”, recordou ao Bola na Rede, em entrevista concedida em fevereiro de 2021.
 
“É muito curioso porque eu vinha de uma realidade portuguesa, onde nessa altura a distância da equipa de formação para a primeira equipa era muito grande. Havia a equipa B que era o meio termo, mas de juniores para a primeira equipa era uma diferença e distância muito grande. Quando chego a Inglaterra levo com esse embate. Isto porque, o edifício onde tanto a equipa de juniores, a equipa B e a equipa de seniores treinavam era o mesmo. Nós partilhávamos o mesmo edifício, ou seja, o que para um português causava alguma estranheza de poder conviver com a equipa principal, para os ingleses era algo muito natural, e isso foi muito enriquecedor a nível de crescimento. Eu chegava ao ponto de estar a trabalhar no ginásio junto dos atletas da primeira equipa. Chegava ao ponto de estar no pequeno-almoço e no almoço junto dos atletas da primeira equipa. Inclusive, nós tínhamos a tradição, comigo não aconteceu, possivelmente porque também cheguei alguns meses mais tarde a Inglaterra, mas os miúdos da equipa B e juniores tinham por tradição cuidar das botas de um dos atletas da equipa principal. Isto são tudo estratégias que os ingleses têm, muito bem na minha opinião, de encurtar distâncias e dar a visão de que é possível atingir e alcançar grandes patamares. Foi muito interessante, porque tínhamos jogadores de classe mundial, só para relembrar, o Desailly tinha acabado de ser campeão do Mundo pela França, era o capitão da seleção, mas com uma simplicidade e de uma naturalidade enorme, de convivência, diálogo, abertura, extraordinário, adorei”, prosseguiu Filipe Oliveira, que amealhou oito jogos pela equipa principal dos blues entre 2002 e 2005, sete dos quais às ordens de Claudio Ranieri.
 
Filipe Oliveira com Ranieri
Em 2004-05, a primeira época de Mourinho no Chelsea, começou por ser emprestado ao Preston North End, mas em janeiro foi resgatado e acabou por atuar um jogo na Premier League numa temporada em que os londrinos venceram o título inglês. Contudo, como em Inglaterra era necessário disputar um mínimo de cinco partidas no campeonato para se ser considerado campeão, Filipe Oliveira não recebeu a medalha de vencedor da liga inglesa. “O mister Mourinho concedeu-me a oportunidade de no último jogo jogar contra o Newcastle, e poder ser campeão se assim posso dizer, porque fazia parte do lote de atletas que jogaram. Fui o primeiro português a conseguir esse feito, no sentido em que eu já tinha estado no clube antes, mas acabo por ter um sentimento muito misto como é lógica. A grande obra não foi feita por mim, foi feita por outros atletas, mas também é lógico que eu tendo a idade que tinha, e estar presente nas festas comemorativas, de poder desfilar no autocarro, de poder sentir o carinho de todos os adeptos, foi um episódio único e marcante da minha carreira”, lembrou.
 
Entretanto, Filipe Oliveira regressou a Portugal para representar Marítimo, Leixões e Sp. Braga, tendo posteriormente vestido as camisolas dos italianos do Parma e do Torino, dos húngaros do Videoton, dos cipriotas do Anorthosis e dos romenos do Sepsi.
 
Paralelamente, somou 56 internacionalizações e 13 golos pelas seleções jovens portuguesas, desde os sub-15 aos bês.









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