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Filipe Oliveira esteve no Chelsea entre 2002 e 2005 |
Ricardo Carvalho? Paulo Ferreira?
Tiago? Não. O primeiro português a jogar pelo
Chelsea
foi o extremo Filipe Oliveira, que chegou a
Stamford
Bridge ainda antes do início da era Roman Abramovich. Depois de uma
formação feita no
Sp.
Braga e no
FC
Porto, surgiu na equipa principal dos
londrinos
em 2002-03, quando tinha apenas 18 anos.
“Com 18 anos tive a oportunidade
de já poder-me estrear-me na equipa principal. O
Chelsea,
na altura da minha quarta época, estava num período de transição no próprio
clube. Na altura havia um proprietário que era o Ken Bates que estava a
estruturar o clube e estava com uma filosofia de poder proporcionar
oportunidade aos jogadores da formação, porque o próprio clube precisava disso,
precisava de rentabilizar, e eu tinha sido contratado muito nessa linha de
pensamento. Entretanto chega o Abramovich, contratou o
José
Mourinho, e tudo mudou dentro do clube, houve uma mudança radical, não digo
nos objetivos, porque o
Chelsea
já era uma equipa que lutava para ganhar títulos. Só para relembrar que no
último ano do Ranieri o
Chelsea
ficou em segundo lugar no campeonato. Mas na primeira temporada de
Mourinho,
com todo o investimento, e com toda a qualidade do plantel, conseguiu-se chegar
ao objetivo de ganhar o campeonato. Mas para nós jovens que estávamos numa fase
de formação e afirmar-se na primeira equipa, tudo se tornou muito mais
complicado”, recordou ao
Bola
na Rede, em entrevista concedida em fevereiro de 2021.
“É muito curioso porque eu vinha
de uma realidade portuguesa, onde nessa altura a distância da equipa de
formação para a primeira equipa era muito grande. Havia a equipa B que era o
meio termo, mas de juniores para a primeira equipa era uma diferença e
distância muito grande. Quando chego a Inglaterra levo com esse embate. Isto
porque, o edifício onde tanto a equipa de juniores, a equipa B e a equipa de
seniores treinavam era o mesmo. Nós partilhávamos o mesmo edifício, ou seja, o
que para um português causava alguma estranheza de poder conviver com a equipa
principal, para os ingleses era algo muito natural, e isso foi muito
enriquecedor a nível de crescimento. Eu chegava ao ponto de estar a trabalhar
no ginásio junto dos atletas da primeira equipa. Chegava ao ponto de estar no
pequeno-almoço e no almoço junto dos atletas da primeira equipa. Inclusive, nós
tínhamos a tradição, comigo não aconteceu, possivelmente porque também cheguei
alguns meses mais tarde a Inglaterra, mas os miúdos da equipa B e juniores
tinham por tradição cuidar das botas de um dos atletas da equipa principal.
Isto são tudo estratégias que os ingleses têm, muito bem na minha opinião, de
encurtar distâncias e dar a visão de que é possível atingir e alcançar grandes
patamares. Foi muito interessante, porque tínhamos jogadores de classe mundial,
só para relembrar, o Desailly tinha acabado de ser campeão do Mundo pela
França, era o capitão da seleção, mas com uma simplicidade e de uma
naturalidade enorme, de convivência, diálogo, abertura, extraordinário, adorei”,
prosseguiu Filipe Oliveira, que amealhou oito jogos pela equipa principal dos
blues
entre 2002 e 2005, sete dos quais às ordens de Claudio Ranieri.
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Filipe Oliveira com Ranieri |
Em 2004-05, a primeira época de
Mourinho
no
Chelsea,
começou por ser emprestado ao
Preston
North End, mas em janeiro foi resgatado e acabou por atuar um jogo na
Premier
League numa temporada em que os
londrinos
venceram o título inglês. Contudo, como em Inglaterra era necessário disputar
um mínimo de cinco partidas no campeonato para se ser considerado campeão,
Filipe Oliveira não recebeu a medalha de vencedor da
liga
inglesa. “O mister
Mourinho
concedeu-me a oportunidade de no último jogo jogar contra o
Newcastle,
e poder ser campeão se assim posso dizer, porque fazia parte do lote de atletas
que jogaram. Fui o primeiro português a conseguir esse feito, no sentido em que
eu já tinha estado no clube antes, mas acabo por ter um sentimento muito misto
como é lógica. A grande obra não foi feita por mim, foi feita por outros
atletas, mas também é lógico que eu tendo a idade que tinha, e estar presente
nas festas comemorativas, de poder desfilar no autocarro, de poder sentir o
carinho de todos os adeptos, foi um episódio único e marcante da minha carreira”,
lembrou.
Entretanto, Filipe Oliveira
regressou a Portugal para representar
Marítimo,
Leixões
e
Sp.
Braga, tendo posteriormente vestido as camisolas dos italianos do
Parma
e do
Torino,
dos húngaros do Videoton, dos cipriotas do Anorthosis e dos romenos do Sepsi.
Paralelamente, somou 56
internacionalizações e 13 golos pelas seleções jovens portuguesas, desde os
sub-15 aos bês.
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