O ministro português em Bérgamo. Quem se lembra de Costinha na Atalanta?
Costinha só disputou um jogo pela Atalanta entre 2007 e 2010
Costinha assinou pela Atalanta
no verão de 2007 e esteve vinculado ao clube
de Bérgamo até fevereiro de 2010, mas, entre lesões, acusações, desmentidos
e pressões, só jogou uns míseros 64 minutos.
Numa altura em que já tinha 32
anos e não era convocado por Luiz Felipe Scolari para a seleção
nacional há cerca de um ano, o trinco português trocou o Atlético
Madrid, pelo qual tinha atuado em mais de 30 encontros em 2006-07, pelo
emblema italiano, por insistência do treinador Luigi Delneri, que o havia
orientado durante algumas semanas no FC
Porto. Com o estatuto de campeão europeu
pelos dragões
e vice-campeão europeu e semifinalista do Mundial por Portugal,
Costinha até começou a aventura na Atalanta
como titular, tendo atuado 64 minutos numa vitória caseira sobre o Parma
em setembro de 2007, cumprindo assim o sonho de jogar na Série
A. Porém, contraiu uma lesão grave e nunca mais jogou até formalizar a rescisão. Mas desengane-se quem pensar que
o médio esteve lesionado durante dois anos e meio. O facto de ser o jogador com
o salário mais alto do plantel (750 mil euros por ano) e estar parado intrigou
a dupla que geria o futebol da Atalanta,
o CEO Cesare Giacobazzi e o diretor desportivo Carlo Osti.
“Reduzi para metade o meu salário
para jogar pela Atalanta.
Giacobazzi não me quis contratar porque eu era caro, mas a escolha foi do
presidente [Ivan Ruggeri], que resolveu o problema com as próprias mãos e me
fez assinar. No entanto, uma terrível lesão mudou as cartas na mesa. A direção
só me permitiria voltar a jogar se eu baixasse ainda mais o salário. Eu não
aceitei e sofri as consequências. Os adeptos da Atalanta
sempre foram empolgantes, mas Giacobazzi e Osti são pessoas que eu nunca mais
gostaria de encontrar na vida”, afirmou ao Corriere
di Bergamo em março de 2012.
Para a situação muito contribuiu
a saúde debilitada do presidente Ruggeri, “uma figura extraordinária” com “carisma
incrível”, que em janeiro de 2008 sofreu uma hemorragia cerebral e desde então
até ao dia da sua morte, 6 de abril de 2013, esteve em estado vegetativo. Costinha diz que houve pressão sobre
Delneri e mais tarde sobre Angelo Gregucci e Antonio Conte para não o colocar a
jogar. “Cada vez que faltava um médio, outro era comprado”, afirmou, dando o
exemplo das contratações de Diego De Ascentis em outubro de 2009 e de Paolo
Zanetti em janeiro de 2010. Durante o tempo que passou em Itália
foi também acusado de faltar aos treinos e de preferir ir ver jogos em San
Siro, onde atuava no Inter
de José
Mourinho, do que no próprio estádio da Atalanta,
duas alegações que o centrocampista internacional português negou. Costinha
chegou mesmo a ter a possibilidade de ir para Milão jogar às ordens do compatriota,
mas o emblema
de Bérgamo rejeitou uma troca com Olivier Dacourt. A poucos meses de terminar
contrato, recebeu um convite precisamente do adversário da Atalanta
nos oitavos de final da Liga
Europa desta época, o Sporting,
não para jogar, mas para assumir a função de diretor desportivo. E assim
pendurou as botas.
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