sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Do hóquei no gelo a Robocop do futebol português. Quem se lembra de Fernando Aguiar?

Fernando Aguiar somou 45 jogos e três golos pelo Benfica
Nasceu em Chaves, emigrou para o Toronto com apenas dois anos e chegou a jogar hóquei no gelo, mas foi o futebol que fez dele um jogador internacional (canadiano) e que o fez regressar a Portugal.
 
Fernando Aguiar era um desconhecido que jogava no Toronto Wizard, na Canadian Soccer League e na American Professional Soccer League, quando, em 1994, teve a hipótese de ir à experiência para o Marítimo através de… Joe Berardo. “Não sei se tinha negócios também em Toronto. O meu pai tem um amigo que o conhece, esse amigo falou com ele, acho que ele tinha ligações ao Marítimo na altura, e disse: ‘Diz ao Carlos para levar o filho dele à Madeira à experiência, a ver se ele fica’. E foi assim que surgiu a minha primeira experiência em Portugal”, recordou à Tribuna Expresso em outubro de 2019, contando ainda que, antes de assinar contrato com os insulares, voltou para Toronto por não querer sair de lá e chegou a estar à experiência no Belenenses.
 
Seguiram-se passagens por Nacional e Maia antes de se começar a afirmar na I Liga com a camisola do Beira-Mar, dando nas vistas pela combatividade que dava ao meio-campo aveirense. Foi também ao serviço dos aurinegros que ganhou a alcunha de Robocop. “Estava no Beira-Mar, a treinar com um joelho ligado, e um jornalista que estava a assistir à sessão chamou-me isso e ficou”, contou ao Diário de Notícias em junho de 2017.
 
Em setembro de 2001, teve o jogo que lhe mudou a vida. “Jogava pelo Beira-Mar e empatámos 3-3 com o Benfica. No final do encontro, o Toni, que era o treinador do Benfica na altura, disse-me que eu tinha passado ao lado de uma grande carreira. Em janeiro fui contratado. Não estava à espera”, lembrou, realizando assim um sonho de criança, uma vez que era benfiquista.

 
De águia ao peito somou 45 jogos e três golos, tendo faturado no jogo em Guimarães marcado pela morte de Fehér e conquistado a Taça de Portugal em 2003-04. “Os meus pais eram benfiquistas e assistíamos aos jogos por satélite. Daí que ir para o Benfica com quase 30 anos e ganhar a Taça de Portugal tenha sido um sonho tornado realidade”, confessou.
 
Outro sonho poderia ter sido realizado na temporada seguinte, o de se sagrar campeão nacional, mas o Benfica demorou a avançar para a renovação, devido à troca de treinador – saiu Camacho, entrou Trapattoni – e Fernando Aguiar fartou-se de esperar. “Tinha sido o 12.º jogador mais utilizado, fiz muitos jogos e acho que fui importante no trajeto da equipa. Mas o Camacho saiu para o Real Madrid e disseram-me para esperar pela opinião do novo treinador. Só que não pude esperar e fui jogar para a Suécia. Depois fiquei a saber que o Trapattoni queria ter ficado comigo. Agora nada há a fazer”, rematou.

 
Paralelamente, somou 13 internacionalizações pelo Canadá, um número que poderia ter sido bem superior caso não se tivesse desentendido com o selecionador Holger Osieck, em 1999. “O selecionador era alemão e impunha regras muito rígidas. Não me dei muito bem com ele e acabei por não ser chamado a uns jogos particulares. Acabou por me voltar a convocar quando fui transferido para o Benfica, mas aí fui eu a dizer que não. Queria que fosse à Gold Cup, mas nunca mais fui à seleção. Acho que tomei a decisão certa, pois estando no Benfica era complicado, devido às longas viagens até à América do Norte, Central e Caraíbas", explicou o ex-futebolista, puxando a cassete atrás.








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