Final da Champions foi disputada em Istambul |
Está concluída a edição de
2022-23 da Liga
dos Campeões, que pela coroou o Manchester
City como campeão inédito, depois da final perdida há dois anos no Estádio
do Dragão. O Inter
de Milão, de regresso às grandes decisões 13 anos depois, foi o finalista
vencido.
Nas meias-finais ficaram pelo
caminho o recordista de títulos e vencedor da época anterior, o Real
Madrid, assim como a segunda equipa mais titulada, o AC
Milan, que já não atingia essa fase da prova desde 2006-07.
Vale por isso a pena conferir a
nosso onze ideal da Liga
dos Campeões em 2022-23.
André Onana (guarda-redes)
Onana |
Guarda-redes muito dotado a jogar
com os pés, disputou na época que agora terminou a segunda final europeia da
carreira, depois de ter estado na baliza do Ajax
no jogo decisivo da Liga
Europa de 2016-17. Foi também ao serviço da equipa
de Amesterdão que voltou a dar nas vistas duas temporadas depois, numa
surpreendente caminhada até às meias-finais da Liga
dos Campeões.
Entretanto, esteve quase um ano
afastado dos relvados devido a doping. O princípio do fim de uma carreira
promissora? Nada disso. No verão do ano passado transferiu-se para o Inter
de Milão e tem estado melhor do que nunca, aos 27 anos, tendo terminado a Champions
como o guarda-redes com mais defesas (47) e jogos sem sofrer golos (oito),
assim como o jogador (incluindo os de campo) com mais passes longos eficazes
(116).
John Stones (defesa central)
Stones |
Uma das grandes invenções de Pep
Guardiola foi a inclusão de John Stones numa posição híbrida entre defesa
central e médio mais defensivo a partir da segunda metade da época. Nuns jogos
o internacional inglês de 29 anos foi mais central, noutros – como na final –
foi mais centrocampista, fazendo a equipa oscilar entre um 4x3x3 e um 3x2x4x1.
Interventivo na construção de
jogo, foi procurando criar superioridade numérica na zona da bola, atrair
adversários para uma pressão não conseguida e libertar Rodri para zonas
ligeiramente mais adiantadas, ao mesmo tempo que garantia mais consistência
defensiva.
Forte no jogo aéreo, também
deixou marca na área adversária: marcou na receção ao Borussia
Dortmund na fase de grupos; e fez uma assistência na vitória folgada sobre
o Bayern
Munique no Etihad, na primeira-mão dos quartos de final.
Alessandro Bastoni (defesa central)
Bastoni |
Um habitual titular no Inter
de Milão pela quarta temporada consecutiva, ainda não tinha tido um grande
palco para mostrar toda a sua qualidade, uma vez que os nerazzurri
estavam afastados das grandes decisões, Itália
não disputou o Mundial 2022 e foi suplente de Bonucci e Chiellini
no Euro 2020. Na época que agora terminou, aos 24 anos, mostrou ser um defesa
central canhoto que roça a perfeição: forte nos duelos, sempre bem posicionado
e com grande qualidade a sair a jogar e no passe longo.
Além das competências defensivas,
assinou três assistências: duas na fase de grupos, na visita a Barcelona
e na receção ao Plzen; e uma nos quartos de final, frente ao Benfica,
com um fantástico passe longo que descobriu Barella no interior da área.
Giovanni Di Lorenzo (lateral direito)
Di Lorenzo |
A escolha mais difícil e arrojada
deste onze. O Manchester
City não jogou propriamente com um lateral direito, embora Kyle Walker
tivesse rendido Nathan Aké nas meias-finais e atuado em muito bom plano.
Dumfries esteve bem pelo Inter,
mas nem de perto nem de longe com a mesma acutilância de Dimarco. Carvajal
esteve discreto e Calabria evidenciou-se sobretudo em tarefas defensivas.
Tive de olhar para as equipas
eliminadas nos quartos de final e entre essas quatro não hesitei em escolher Di
Lorenzo, lateral direito de 29 anos do Nápoles
muito participativo na dinâmica ofensiva da equipa, que arrasou na fase de
grupos, ultrapassou o Eintracht Frankfurt sem grandes dificuldades nos oitavos
e ficou a dever à ineficácia a eliminação às mãos do AC
Milan nos quartos.
Para este percurso foi
fundamental este defesa, que marcou nas visitas ao Ajax
e ao Eintracht e fez assistências nas receções ao Rangers e aos alemães.
Já tinha sido titular na
conquista do Euro 2020 por parte de Itália,
mas era outro futebolista transalpino de qualidade que estava a passar por entre
os pingos da chuva numa grande montra de futebol de clubes.
Federico Dimarco (lateral esquerdo)
Dimarco |
Até há bem pouco tempo, se
perguntassem a alguém menos atento ao futebol italiano quem era o habitual dono
da ala esquerda do Inter
de Milão, muitos responderiam que seria o internacional alemão Robin
Gosens.
Contudo, Dimarco não só roubou o
lugar ao germânico
como tem sido uma das grandes revelações do futebol europeu na temporada que
agora findou, afirmando-se já, aos 25 anos, como um dos melhores laterais
esquerdos a nível mundial.
Sempre muito acutilante, objetivo
e preciso nas suas ações pelo flanco canhoto, foi o segundo jogador com mais
assistências na Liga
dos Campeões, a par de Vinícius
Júnior, tendo somado cinco passes para golo: uma diante do Barcelona
e outra frente ao Plzen na fase de grupos, duas diante do Benfica
no jogo de San Siro e uma na primeira-mão das meias-finais diante do AC
Milan.
Rodri (médio defensivo)
Rodri |
Quando olhamos para o físico de
Rodri, parece que estamos a ver o estereótipo de médio defensivo: alto (1,91
m), forte nos duelos e um exímio recuperador de bolas. O internacional espanhol
de 26 anos é tudo isso, sim, mas muito mais.
Este centrocampista é normalmente
um dos primeiros pensadores dos ataques dos citizens,
um porto seguro a quem se pode entregar a bola e esperar critério, qualidade de
passe, de condução de bola e até de remate de meia distância, como se viu no
golo que deu o título europeu à equipa
inglesa.
Ao mesmo tempo que foi o jogador
com mais recuperações de bola (72) nesta edição da Liga
dos Campeões, Rodri também foi o futebolista com mais passes eficazes
(910), mais passes eficazes no meio-campo ofensivo (564) e mais passes eficazes
no último terço (222). Impressionante para um ‘6’, ainda que encarne muitas
vezes o papel de um ‘8’.
Além do remate certeiro diante do
Inter,
já tinha deixado a sua marca com o golaço que desbloqueou a eliminatória frente
ao Bayern,
nos quartos de final.
Nicolò Barella (médio centro)
Barella |
Um cavalo de trabalho, que à
semelhança de Bastoni estava a passar um pouco por entre os pingos da chuva
para quem gosta de futebol, apesar de ter sido titular na seleção
italiana que conquistou o Euro 2020.
Titular no Inter
de Milão há quatro anos, está cada vez mais a afirmar-se como um dos médios
de eleição do futebol mundial, numa altura em que tem 26 anos. Bastante
completo, revela combatividade na forma como luta para recuperar a bola e
ganhar os duelos, tem uma qualidade de passe acima da média e chegada à área,
tendo esta última característica ficado bem patente para os adeptos
benfiquistas, uma vez que marcou às águias
em ambos os jogos dos quartos de final – antes, havia faturado também ao Barcelona
em Camp Nou, na fase de grupos. Paralelamente, o jogador que mais quilómetros
percorreu em toda a competição (135,1).
Kevin De Bruyne (médio ofensivo)
De Bruyne |
Kevin De Bruyne é um jogador que
nos tem habituado a altos e baixos durante cada época. Mas quando aparece ao
mais alto nível, é indiscutivelmente um dos melhores e mais geniais
futebolistas à face da Terra. E a verdade é que o internacional belga de 31 anos apareceu em grande plano nesta Liga
dos Campeões, sobretudo na fase a eliminar.
Dotado de uma visão de jogo e de
uma colocação de bola incríveis, descobre as linhas de passe que parecem
ocultas e cruza e remata milimetricamente, tendo sido a principal muleta de
Haaland.
Terminou a prova como jogador com
mais assistências (seis) e como segundo futebolista com mais grandes ocasiões
de golo criadas (oito), tendo ainda assinado dois golos: uma na receção ao Leipzig,
na segunda-mão dos oitavos de final; e outro na visita ao Santiago Bernabéu, na
primeira-mão das meias-finais.
Não merecia ter saído lesionado
ainda no decorrer da primeira parte da final.
Bernardo Silva (extremo direito)
Bernardo Silva |
No início de cada temporada Bernardo
Silva aparenta ser mais um entre vários jogadores de meio-campo e ataque
que vão alternando a titularidade, mas a verdade é que, quando a fase a
eliminar da Champions
começa, o onze do Manchester
City é normalmente composto pelo internacional português e mais dez. Guardiola
rodou, rodou, mas definiu o seu onze de gala e nele lá estava o maestro
luso de 28 anos.
Encostado à ala direita, mas com
bastante mais liberdade para aparecer em zonas interiores do que Jack Grealish
no flanco oposto, foi um dos principais desequilibradores dos citizens,
de quem se podia esperar um drible eficaz, um cruzamento preciso ou um remate
com a direção certa.
Na fase de grupos esteve apagado,
mas apareceu em grande nas eliminatórias: marcou e assistiu na vitória em casa
sobre o Bayern
Munique e bisou diante do Real
Madrid nas meias-finais.
Vinícius Júnior (extremo esquerdo)
Vinícius Júnior |
A par de Mbappé e Haaland, Vinícius
Júnior é um dos líderes desta geração pós-Ronaldo
e Messi. Talvez o melhor driblador a nível mundial, foi o jogador com mais
dribles bem-sucedidos (47) nesta edição da Liga
dos Campeões.
Fundamentalíssimo para o Real
Madrid nos últimos 30 metros no terreno de jogo, devido aos recursos
ilimitados que tem com a bola nos pés, o internacional brasileiro de 22 anos assinou sete golos e cinco assistências
nos 12 jogos que disputou na competição. Depois de ajudar os merengues
a carimbar o apuramento para a fase a eliminar, brilhou na vitória por 5-2
sobre o Liverpool
em Anfield com um bis e uma assistência nos oitavos de final, contribuiu com
uma assistência em cada jogo frente ao Chelsea
nos quartos e chegou a colocar a sua equipa em vantagem na eliminatória diante
do Manchester
City.
Apesar das inúmeras competências
ofensivas, comprovadas estatisticamente também por ter sido apenas superado por
Haaland em matéria de mais remates (38) e remates à baliza (31) e por De Bruyne
em mais assistências (cinco), foi surpreendentemente o futebolista com mais
duelos ganhos ao longo da prova (87).
Erling Haaland (ponta de lança)
Haaland |
Quem mais poderia ser? O melhor
marcador desta Liga
dos Campeões, com 12 golos em 11 jogos, e também o que efetuou mais remates
(41) e mais remates na direção da baliza (26).
Avançado monstruoso (1,95 m),
muito forte em quase tudo o que se exige a um ponta de lança, deixou a sua
marca logo na fase de grupos, ao encaminhar o apuramento para os oitavos de
final com cinco golos nas primeiras três jornadas. Depois ficou em branco na
primeira-mão dos oitavos, em Leipzig,
mas vingou-se no Etihad, juntando-se a Lionel Messi e Luiz Adriano no restrito
grupo de jogadores que marcaram cinco golos num jogo na competição. O Bayern
Munique também provou do veneno do norueguês de 22 anos, tanto em Manchester como na
Baviera. Curiosamente, acabou por estar apagado tanto nas meias-finais como na
final, mas nada que belisque o que fez até então.
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