Amora e Vitória FC num jogo da I Divisão em 1980-81 |
Dois clubes do mesmo distrito que
já andaram entre a elite do futebol português, embora com dimensões históricas
bem distintas, Vitória
de Setúbal e Amora coincidiram
na I
Divisão em três temporadas no início da década de 1980 e na II
Liga em 1992-93.
No saldo desses oito encontros, há supremacia sadina: seis vitórias e dois empates, com três triunfos setubalenses e uma igualdade tanto no Bonfim como na Medideira. Ainda assim, só por duas vezes os vitorianos não venceram pela margem mínima, o que comprova o equilíbrios destes dérbis regionais.
Vale por isso a pena recordar os seis jogos entre Vitória de Setúbal e Amora nas ligas profissionais.
23 de agosto de 1980 – I
Divisão (1.ª jornada)
Os amorenses, então orientados por Mourinho Félix, até estiveram em vantagem, graças a um golo de Jorge Silva aos 13 minutos. No entanto, os sadinos, comandados por Rodrigues Dias, empataram no início do segundo tempo (49’), por Chico Gordo, minutos antes das expulsões de Figueiredo e Rebelo.
“Se no primeiro tempo a equipa visitante tinha demonstrado versatilidade no miolo do terreno e certa acutilância atacante, a verdade é que, no período complementar os sadinos atacaram persistentemente sem, contudo, chegarem ao triunfo por não conseguirem ultrapassar a coesa defensiva dos visitantes”, escreveu o Diário de Notícias.
11 de janeiro de 1981 – I
Divisão (16.ª jornada)
No entanto, os sadinos igualaram pontualmente os amorenses ao vencer na Medideira, graças a um golo solitário de Chico Gordo aos 37 minutos.
“Os sadinos lograram um excelente resultado ante um adversário brioso e que muito valorizou a partida, demonstrando que apesar da crise que assola a coletividade, os seus futebolistas em jogo jogado em nada estão afetados”, podia ler-se no Diário de Notícias, que deu ênfase à exibição do vitoriano Octávio Machado.
23 de agosto de 1981 – I
Divisão (1.ª jornada)
O Vitória, ainda orientado por Rodrigues Dias, abriu o ativo aos 35 minutos, através de um golo do brasileiro Dário, construindo assim uma vantagem curta, mas que o Amora de José Moniz foi incapaz de anular.
“A equipa do Vitória de Setúbal, recém-chegada de Espanha, onde conseguiu um brilharete, com a vitória no Torneio de Zamora, obteve no Campo da Medideira um precioso triunfo que só pecou pela escassez dos números. Curiosamente, na temporada anterior, os sadinos conseguiram o mesmo resultado, mas então, foi o Amora a equipa que comandou sempre as operações e o Vitória quem, num dos raros contra-ataques logrou o triunfo. Desta vez, porém, as coisas passaram-se de modo bastante diferente, pois desde o início se pôde observar que a equipa de Rodrigues Dias se apresentava muito mais destra e acutilante, mercê do bom labor do seu meio-campo, onde o mestre Octávio surgiu, desta vez, muito bem acompanhado por dois jovens, Mota e Cerdeira, que muito contribuíram para o rendimento global do onze sadino, não obstante a primeira situação de perigo ter surgido num remate de Pereirinha [do Amora], aos nove minutos, que passou a rasar a trave”, escreveu o Diário de Notícias.
24 de janeiro de 1982 – I
Divisão (16.ª jornada)
No Bonfim, os sadinos então já orientados por Peres Bandeira venceram por 1-0, com um golo do recém-entrado Chico Gordo ao cair do pano (87 minutos), “no único deslize cometido pelo guardião Jorge”, segundo o Diário de Notícias.
31 de outubro de 1982 – I
Divisão (8.ª jornada)
Para a história ficou um empate a zero na Medideira. “Claro que ninguém vai discutir que os jogadores do Amora foram aqueles que ao longo dos 90 minutos tiveram mais tempo a bola em seu poder (…) mas os sadinos tiveram igualmente as suas oportunidades. Aconteceu apenas quem nos amorenses nem os setubalenses encontraram as melhores soluções ao longo de todo o encontro para desfeitearem uma vez que fosse tanto Botelho como Padrão”, escreveu o Diário de Notícias.
20 de março de 1983 – I
Divisão (23.ª jornada)
A jogar em casa, os sadinos marcaram dois golos na segunda parte, por Formosinho (58 minutos) e Rui Lopes (90’), construindo assim um triunfo que lhes permitiu distanciar-se da zona de despromoção.
“O Vitória
não dispôs de facilidades, embora a sua exibição se possa considerar positiva.
O ilusório domínio, pelo recuo sistemático do adversário, terá desnorteado a
manobra lenta do seu meio-campo, que se transformou quando Da Silva assumiu as
rédeas da estratégia da equipa, favorecendo o maior discernimento de Nascimento
e Formosinho. A defesa formou um bloco coeso, talvez com Brito mais destacado.
Na frente, Rui Lopes e Cruz batalharam, mas não estiveram felizes na
finalização, o que já não aconteceu com Reis, o mais acutilante”, podia ler-se
no Diário de Notícias.
20 de dezembro de 1992 – II
Liga (15.ª jornada)
Dez anos depois do último
confronto entre Amora
e Vitória,
as duas equipas coexistiram na II
Liga em 1992-93. Na Medideira, os sadinos
comandados por Raul Águas procuravam cimentar a liderança da prova, ao passo
que os amorenses
de Jorge Jesus tentavam distanciar-se da zona de despromoção.Ainda no primeiro tempo, o ex-médio dos azuis Gbassay Sessay deu vantagem aos setubalenses na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Raul Oliveira sobre Chiquinho Conde (18 minutos) e Nunes fez o 0-2 na sequência de um bom lance individual (28’).
Na segunda parte, o Amora reduziu a desvantagem, por intermédio de José Joaquim (51’), numa altura em que o Vitória já jogava com apenas dez devido à expulsão de Elísio por acumulação de cartões amarelos (47’).
“Jogo aguardado com enorme
expetativa. O Vitória
de Setúbal entrou a jogar com forte determinação e, logo aos 16 minutos,
Chiquinho atirou à trave. O mesmo jogador viria a estar no lance de grande penalidade,
que daria o primeiro golo à sua equipa, dois minutos depois, e que Sessay
converteu. Aos 28 minutos, como corolário do seu pressing, os setubalenses
aumentaram a vantagem, resultado que espelhava fielmente o trabalho produzido por
ambas as equipas ao longo da primeira parte. Na segunda metade, o cariz do jogo
alterou-se por completo. O Amora
tomou conta do jogo e empurrou ostensivamente os setubalenses
para o seu meio-campo, e eles sentiram dificuldades acrescidas aquando da
expulsão de Elísio, aos 47 minutos. O golo do Amora
surgiria aos 53 minutos, por intermédio de José Joaquim, que dava o mote da
atuação da sua equipa, que tentou a igualdade, mas em vão”, resumiu o Jornal
de Notícias.
23 de maio de 1993 – II
Liga (32.ª jornada)
No encontro do Bonfim, os sadinos contaram com o bom momento de uma dupla de ataque infernal, Rashidi Yekini e Chiquinho Conde. O nigeriano marcou os três primeiros golos dos setubalenses (4, 53 e 72 minutos), ao passo que o moçambicano apontou os dois últimos (82’ e 88’).
No entanto, o Amora conseguiu anular por duas vezes a vantagem vitoriana: Fernando Macaé fez o 1-1 aos 21 minutos e um autogolo de Gbassay Sessay deu o 2-2 aos 62’.
“A marcação cerrada imposta pela formação
da Medideira dificultou o trabalho da turma
de Raul Águas que após o empate a dois tentos assumiu-se como a melhor
equipa em campo, marcou mais três golos e desperdiçou alguns lances de perigo”,
escreveu o Jornal de Notícias.
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