Parisiense Ronaldinho tenta ultrapassar boavisteiro Rui Óscar |
Embora os jogos particulares
entre Paris
Saint-Germain e equipas portugueses já fosse de certa forma um hábito em
pré-épocas ou digressões a meio da temporada, o primeiro encontro oficial entre
os parisienses
e formações lusas aconteceu no final de 2002, quando o emblema gaulês mediu
forças com o Boavista
na terceira eliminatória da Taça
UEFA. Na altura, o Boavistão
estava a dar os últimos sinais de vida, enquanto o PSG
continuava a ser um projeto de colosso europeu que tardava em cumprir-se.
Do Boavistão
campeão restavam Ricardo, Rui Óscar, Erivan, Pedro Santos, Elpídio
Silva, Martelinho, Jorge Couto e Erwin Sánchez em final de carreira e o
treinador Jaime Pacheco. Já o PSG
apresentava como principal estrela Ronaldinho Gaúcho, que meses antes tinha
brilhado no Mundial
2002, mas tinha também alguns jogadores internacionais por seleções de topo
como o guarda-redes francês Lionel Letizi, o central argentino Mauricio
Pochettino, o central/médio defensivo francês Frédéric Déhu e o médio ofensivo
brasileiro André Luiz. Havia ainda o central Gabriel Heinze, que ainda não se
tinha tornado internacional A pela Argentina, e os portugueses Hugo Leal e
Filipe Teixeira enquanto o treinador era a antiga glória gaulesa Luis Fernández.
No encontro da primeira-mão, disputado
no Parc des Princes a 26 de novembro de 2002, o PSG
foi para intervalo a vencer por 2-0, mas com menos um homem, devido aos golos
de Alex Nyarko (16 minutos, na sequência de um livre) e Fabrice Fiorèse (45’, a
passe de Nyarko) e à expulsão de Déhu (32’). No entanto, no segundo tempo os axadrezados
responderam e conseguiram reduzir a desvantagem por intermédio de Luiz Cláudio,
após cruzamento de Sánchez (75’).
“O Boavista
voltou a perder para a Taça, mas entre o desastre dos Açores e a derrota pela
margem mínima no Parque dos Príncipes há uma diferença tão grande que, apesar
da desvantagem na eliminatória europeia, os axadrezados
até se podem permitir um pequeno sorriso – escancarado no caso de Ricardo, que
fez um jogo absolutamente fantástico – e assumir a legítima esperança de
derrotar o Paris
Saint-Germain no Bessa. Mas (há sempre pelo menos um "mas" na
história recente da equipa de Jaime Pacheco), foi preciso ir ao limite da
resistência física e psicológica para garantir este intervalo animador no
confronto com os parisienses.
A equipa cometeu erros, perdeu Mário Loja por lesão, só que soube ser
coletivamente mais forte do que todas as adversidades – até as que impôs a ela
própria, como o segundo golo, oferecido por Erivan quando o PSGhttp://sistema-tactico.blogspot.com/2019/03/onze-ideal-da-formacao-do-paris-saint.html
estava reduzido a 10 unidades – e permanecer lúcida até ao fim, até Luiz
Cláudio reduzir a desvantagem a um golo. Haja coração para aguentar os
sobressaltos deste Boavista
que, apesar de tudo, regressa a casa com um pouco de paz... de espírito, porque
fez um bom jogo”, escreveu o jornal O Jogo.
Contudo, tal como já tinha
acontecido na primeira eliminatória diante do Maccabi Telavive e como viria a
acontecer nas seguintes, frente a Hertha Berlim e Málaga,
o Boavista
tirou partido do fator casa para carimbar a passagem para a ronda seguinte.
No início da segunda parte, no
Bessa, Letizi não se apercebeu da presença de Pedro Santos e perdeu a bola, que
sobrou para Silva,
que por sua vez foi abalroado pelo guarda-redes francês, levando o árbitro a
assinalar uma grande penalidade que o próprio Silva
converteu em golo (56’). E na altura, segundo a regra dos golos fora que
beneficiava quem marcava mais golos fora de casa em caso de empate numa
eliminatória, esse golo solitário bastou aos axadrezados
para seguir em frente.
“O Boavista
conseguiu, na noite de ontem, apurar-se para os oitavos-de-final da Taça
UEFA ao vencer por 1-0 o Paris
Saint-Germain, golo obtido por Silva
na transformação de uma grande penalidade a qual, desde já, fica com grandes
possibilidades de figurar nos vídeos anuais dos momentos mais hilariantes do
desporto. (...) O golo do Boavista
(e só um bastava, como bastou, para seguir em frente) surgiu depois de um
minuto alucinante em que Ricardo salva o Boavista
aos pés de Aloísio (...) Um minuto de emoção depois de uma primeira parte
verdadeiramente triste e calculista, onde os
do Bessa pouco perigo criaram e onde os parisienses
mal se aproximaram da área contrária”, escreveu o Record.
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