sábado, 4 de junho de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre Itália e Alemanha

Andrea Pirlo procura fugir a Miroslav Klose
Naqueles programas de histórias dos Mundiais que canais como a Eurosport ou o próprio Canal História transmitem na antecâmara de um Campeonato do Mundo, recordo-me de ter ficado impressionado por Franz Beckenbauer ter terminado o Itália-Alemanha das meias-finais do torneio de 1970 com o braço ao peito numa vitória transalpina por 4-3 (após prolongamento) e de assistir ao festejo efusivo Marco Tardelli após o segundo golo italiano no triunfo na final de 1982 (por 3-1), mas esses encontros realizaram-se ainda antes de eu nascer (a 26 de janeiro de 1992).
 
A minha primeira memória de um jogo entre as duas seleções remonta, por isso, às meias-finais do Mundial 2006, que teve precisamente a Alemanha como país anfitrião. Por jogarem em casa, a seleção germânica, comandada por Jurgen Klinsmann, reforçavam o seu estatuto de candidata à vitória final. Michael Ballack era talvez a grande estrela de uma equipa que, nestas fases finais, contava sempre com os golos de Miroslav Klose, na altura no Werder Bremen. Jens Lehmann tinha acabado de destronar Oliver Kahn na luta pela titularidade na baliza, enquanto jovens como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger e Lukas Podolski se começavam a afirmar.
 
Mas Itália era sempre Itália. Já não havia Maldini, mas estavam entre os 23 convocados jogadores que eu já tinha visto em finais da Liga dos Campeões, como Gianluigi Buffon, Alessandro Nesta, Gennaro Gattuso, Andrea Pirlo, Gianluca Zambrotta, Mauro Camoranesi, Alessandro Del Piero e Filippo Inzaghi. Fabio Cannavaro e Francesco Totti eram outras das estrelas da squadra azzurra de Marcello Lippi.
 
As caminhadas de ambas as seleções até essa semifinal foram quase irrepreensíveis. A Alemanha venceu todos os jogos de um grupo que continha Equador, Polónia e Costa Rica e eliminou Suécia e Argentina, tendo o afastamento dos albicelestes sido alcançado no desempate por grandes penalidades. Itália terminou o seu grupo em primeiro lugar, com sete pontos, fruto de vitórias sobre Gana e República Checa e um empate diante dos Estados Unidos, antes de afastar Austrália e Ucrânia.
 
Talvez por serem duas das seleções mais poderosas do futebol mundial, germânicos e transalpinos mostraram de tal forma respeito mútuo que o jogo teve uma escassez de oportunidades de golo.
 
Após 119 minutos sem golos em Dortmund, e numa altura em que já se começava a pensar em desempate por penáltis, Pirlo colocou a bola no buraco da agulha e fê-la chegar a Fabio Grosso, que inaugurou o marcador através de um belo remate de pé esquerdo. No minuto seguinte, Alberto Gilardino foi lançado em profundidade pela esquerda, contemporizou perante a oposição de Christoph Metzelder e desmarcou Alessandro Del Piero, que bateu Jens Lehmann e confirmou a passagem de Itália para a final de Berlim.
 
“Ao 26.ª dia do Mundial acabou o sonho da anfitriã Alemanha. Jurgen Klinsmann devolveu aos alemães o sentido patriótico, mas não conseguiu levar a mannschaft à tão desejada final. Há 16 anos que os germânicos perseguem o quarto título mundial, mas será a Itália a ter esse privilégio, no próximo domingo, frente a Portugal ou França. Face a uma seleção italiana que até nem foi tão cínica e defensiva quanto costuma ser, os jovens alemães foram astutos e caíram apenas no prolongamento, ao minuto 118, por Grosso. A desilusão foi de tal ordem que na jogada seguinte Del Piero aumentou a vantagem. Não havia nada a fazer: a Alemanha estava fora do seu Mundial”, escreveu o Diário de Notícias.
 





 

 



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