Cristiano Ronaldo marcou o segundo golo português |
Eu tinha apenas quatro anos e mal
sabia o que era uma bola quando Karel Poborsky brindou Vítor Baía com um chapéu
monumental que eliminou Portugal do Euro 1996, momento que só me lembro de ver a posteriori, provavelmente aquando de
um Inglaterra-Portugal em setembro de 2002 disputado no Villa Park, em
Birmingham, palco do mítico golo do craque checo que passou pelo Benfica.
Tive então de esperar até 2008,
já com 16 anos, para ver pela primeira vez a seleção portuguesa defrontar a
congénere checa, na fase de grupos do Campeonato da Europa desse ano.
Mas deixem-me antes falar não da
República Checa de 2008, mas da dos anos anteriores, até porque foi, a meu ver,
a seleção que praticou melhor futebol no Euro 2004, prova em que venceu os três
jogos de um grupo que também incluía Holanda, Alemanha e Letónia e em que
eliminou a Dinamarca nos quartos de final com um contendente 3-0 antes de ser
afastada pela Grécia (após prolongamento) nas meias-finais.
Se para os adolescentes de hoje a
República Checa é uma eterna seleção mediana do centro da Europa, para mim era,
naquela altura, uma das melhores seleções europeias, tendo chegado a ocupar a
vice-liderança do ranking FIFA em setembro de 1999, entre janeiro e maio de
2000, entre abril e maio de 2005 e entre janeiro e maio de 2006. A principal
estrela era Pavel Nedved, Bola de Ouro em 2003, ano em que ajudou a Juventus
a chegar à final
da Liga dos Campeões. Mas havia mais: Vladimir Smicer e Milan Baros
pertenciam ao Liverpool,
Tomas Rosicky (Borussia
Dortmund) espalhava magia no meio-campo, Jan Koller (Borussia
Dortmund) era um ponta de lança que impunha respeito no alto do seu 2,02 m
e estava constantemente entre os dez melhores goleadores da Bundesliga,
Poborsky (Sparta Praga) estava aí para as curvas, Petr Cech tinha acabado de
ser contratado pelo Chelsea
ao Rennes e havia outros jogadores a atuar num nível muito interessante, como Zdenek
Grygera e Tomas Galasek (ambos Ajax),
Marek Jankulovski (Udinese), David Rozehnal (Club Brugge), Jaroslav Plasil (Mónaco)
e Tomas Ujfalusi (Hamburgo).
Dessa geração de ouro, em 2008, o
único que estava verdadeiramente no topo do futebol europeu era Petr Cech,
considerado um dos melhores guarda-redes do mundo. Rosicky falhou esse
Campeonato da Europa, Jan Koller já tinha 35 anos, Jankulovski vinha de uma
época em que pouco tinha jogado no AC
Milan e Milan Baros iniciava de forma muito precoce a curva descendente da
carreira. Novas estrelas? Nem vê-las. Patrik Schick (Bayer Leverkusen) e Tomás
Soucek e Vladimir Coufal (ambos West
Ham) são os únicos que têm fugido à mediania em que o futebol checo se
tornou. E apareceram recentemente.
Embora a seleção checa de 2008
não metesse medo a ninguém, a verdade é que venceu a anfitriã Suíça no jogo
inaugural do Campeonato da Europa, pelo que merecia todo o respeito por parte
de Portugal, que tinha batido a Turquia na primeira jornada da fase de grupos.
Em Genebra, a equipa das quinas inaugurou
o marcador logo aos oito minutos, por Deco, numa jogada de insistência, após Cech
ter evitado um remate de Cristiano
Ronaldo. Contudo, os checos empataram aos 17’, por Sionko, que se antecipou
à defesa portuguesa e cabeceou para o fundo das redes na sequência de um canto
a partir do lado esquerdo.
A igualdade haveria de permanecer
até pouco depois da hora de jogo, quando Deco serviu Cristiano
Ronaldo para o 2-1. E já ao cair do pano, CR7
assistiu Quaresma
para o terceiro golo (90+1’), carimbando a passagem para os quartos de final.
“Portugal apurou-se para os
quartos de final como líder do Grupo A do Euro 2008, a uma jornada do fim da
fase de grupos, ao derrotar a República Checa por 3-1, em partida da segunda
jornada disputada no Stade de Genève, em Genebra, e fruto da vitória de 2-1 da
Turquia frente à Suíça no outro jogo do agrupamento. Fiel à máxima de que em equipa que ganha não
se mexe, Luiz Felipe Scolari apresentou os mesmos 11 titulares que iniciaram a
partida frente aos turcos, enquanto Karel Brückner preferiu a velocidade e
mobilidade de Milan Baros aos 2,02 metros de altura de Jan Koller”, pode ler-se
no site
da UEFA.
“Com mais problemas do que o
esperado, Portugal somou a sua segunda vitória. A equipa portuguesa foi
surpreendida por uma República Checa não foi ao Stade de Genève ver jogar. A
abordagem de Karel Bruckner, juntamente com a disponibilidade física dos seus
homens na primeira parte, impediu-nos por muito tempo de ver a seleção portuguesa
do primeiro jogo, mas liderada por um grande Deco e um Ronaldo
que cantou na reta final do jogo, os comandados de Scolari mostraram que têm
recursos para superar adversários desconfortáveis”, escreveu, por sua vez, o
jornal desportivo espanhol As.
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