segunda-feira, 17 de junho de 2024

A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e República Checa

Cristiano Ronaldo marcou o segundo golo português
Eu tinha apenas quatro anos e mal sabia o que era uma bola quando Karel Poborsky brindou Vítor Baía com um chapéu monumental que eliminou Portugal do Euro 1996, momento que só me lembro de ver a posteriori, provavelmente aquando de um Inglaterra-Portugal em setembro de 2002 disputado no Villa Park, em Birmingham, palco do mítico golo do craque checo que passou pelo Benfica.
 
Tive então de esperar até 2008, já com 16 anos, para ver pela primeira vez a seleção portuguesa defrontar a congénere checa, na fase de grupos do Campeonato da Europa desse ano.
 
Mas deixem-me antes falar não da República Checa de 2008, mas da dos anos anteriores, até porque foi, a meu ver, a seleção que praticou melhor futebol no Euro 2004, prova em que venceu os três jogos de um grupo que também incluía Holanda, Alemanha e Letónia e em que eliminou a Dinamarca nos quartos de final com um contendente 3-0 antes de ser afastada pela Grécia (após prolongamento) nas meias-finais.
 
Se para os adolescentes de hoje a República Checa é uma eterna seleção mediana do centro da Europa, para mim era, naquela altura, uma das melhores seleções europeias, tendo chegado a ocupar a vice-liderança do ranking FIFA em setembro de 1999, entre janeiro e maio de 2000, entre abril e maio de 2005 e entre janeiro e maio de 2006. A principal estrela era Pavel Nedved, Bola de Ouro em 2003, ano em que ajudou a Juventus a chegar à final da Liga dos Campeões. Mas havia mais: Vladimir Smicer e Milan Baros pertenciam ao Liverpool, Tomas Rosicky (Borussia Dortmund) espalhava magia no meio-campo, Jan Koller (Borussia Dortmund) era um ponta de lança que impunha respeito no alto do seu 2,02 m e estava constantemente entre os dez melhores goleadores da Bundesliga, Poborsky (Sparta Praga) estava aí para as curvas, Petr Cech tinha acabado de ser contratado pelo Chelsea ao Rennes e havia outros jogadores a atuar num nível muito interessante, como Zdenek Grygera e Tomas Galasek (ambos Ajax), Marek Jankulovski (Udinese), David Rozehnal (Club Brugge), Jaroslav Plasil (Mónaco) e Tomas Ujfalusi (Hamburgo).
 
Dessa geração de ouro, em 2008, o único que estava verdadeiramente no topo do futebol europeu era Petr Cech, considerado um dos melhores guarda-redes do mundo. Rosicky falhou esse Campeonato da Europa, Jan Koller já tinha 35 anos, Jankulovski vinha de uma época em que pouco tinha jogado no AC Milan e Milan Baros iniciava de forma muito precoce a curva descendente da carreira. Novas estrelas? Nem vê-las. Patrik Schick (Bayer Leverkusen) e Tomás Soucek e Vladimir Coufal (ambos West Ham) são os únicos que têm fugido à mediania em que o futebol checo se tornou. E apareceram recentemente.
 
Embora a seleção checa de 2008 não metesse medo a ninguém, a verdade é que venceu a anfitriã Suíça no jogo inaugural do Campeonato da Europa, pelo que merecia todo o respeito por parte de Portugal, que tinha batido a Turquia na primeira jornada da fase de grupos.
 
Em Genebra, a equipa das quinas inaugurou o marcador logo aos oito minutos, por Deco, numa jogada de insistência, após Cech ter evitado um remate de Cristiano Ronaldo. Contudo, os checos empataram aos 17’, por Sionko, que se antecipou à defesa portuguesa e cabeceou para o fundo das redes na sequência de um canto a partir do lado esquerdo.
 
A igualdade haveria de permanecer até pouco depois da hora de jogo, quando Deco serviu Cristiano Ronaldo para o 2-1. E já ao cair do pano, CR7 assistiu Quaresma para o terceiro golo (90+1’), carimbando a passagem para os quartos de final.
 
 
“Portugal apurou-se para os quartos de final como líder do Grupo A do Euro 2008, a uma jornada do fim da fase de grupos, ao derrotar a República Checa por 3-1, em partida da segunda jornada disputada no Stade de Genève, em Genebra, e fruto da vitória de 2-1 da Turquia frente à Suíça no outro jogo do agrupamento.  Fiel à máxima de que em equipa que ganha não se mexe, Luiz Felipe Scolari apresentou os mesmos 11 titulares que iniciaram a partida frente aos turcos, enquanto Karel Brückner preferiu a velocidade e mobilidade de Milan Baros aos 2,02 metros de altura de Jan Koller”, pode ler-se no site da UEFA.
 
“Com mais problemas do que o esperado, Portugal somou a sua segunda vitória. A equipa portuguesa foi surpreendida por uma República Checa não foi ao Stade de Genève ver jogar. A abordagem de Karel Bruckner, juntamente com a disponibilidade física dos seus homens na primeira parte, impediu-nos por muito tempo de ver a seleção portuguesa do primeiro jogo, mas liderada por um grande Deco e um Ronaldo que cantou na reta final do jogo, os comandados de Scolari mostraram que têm recursos para superar adversários desconfortáveis”, escreveu, por sua vez, o jornal desportivo espanhol As.



 



 
 



  





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