Geovanni numa disputa de bola em El Madrigal |
Nos últimos anos tenho ouvido muitas
vezes que o Benfica
não tem dimensão europeia, pela forma como tem saído precocemente da Liga
dos Campeões, mas quando comecei a ver futebol os encarnados
raramente iam à Champions
e chegaram a estar duas épocas consecutivas sem competir internacionalmente
(2001-02 e 2002-03).
Embora tivesse ouvido falar muito
naquela altura dos 7-0 que o Celta
de Vigo espetou às águias
nos Balaídos, a minha primeira memória de um jogo oficial entre Benfica
e equipas espanholas remonta à fase de grupos da Liga
dos Campeões de 2005-06, quando a formação
lisboeta, então orientada por Ronald Koeman, defrontou por duas vezes o Villarreal.
Lembro-me que na altura o Benfica
vivia uma crise de guarda-redes, uma vez que Quim e Moreira estavam a contas
com problemas físicos. Quim ainda chegou a começar o jogo do El Madrigal, de 18
de outubro de 2005, mas foi substituído ao intervalo por um jovem que acabou
por fazer afastada da ribalta: Rui Nereu.
Do outro lado estava um Villarreal
com um plantel composto por muitos jogadores quase anónimos, que nunca chegaram
a uma seleção nacional, mas também por enormes talentos como o lateral direito
holandês Jan Kromkamp, o lateral esquerdo argentino Juan Pablo Sorín, o médio
defensivo italiano Alessio Tacchinardi, o médio brasileiro naturalizado
espanhol Marcos Senna, o médio ofensivo argentino Juan Román Riquelme, o
avançado uruguaio Diego Forlán e o avançado espanhol José Mari. O homem do leme
era o chileno Manuel Pellegrini, então a dar os primeiros passos no futebol europeu.
No jogo em Villarreal,
só houve golos nos últimos 20 minutos. Riquelme deu vantagem ao submarino
amarelo, na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Ricardo
Rocha sobre Sorín (72’). Pouco depois, Manuel Fernandes empatou para os encarnados
através de um fantástico remate de fora da área (76’).
“O Benfica
empatou em Villarreal
e aquilo que podia ser considerado como um bom resultado acabou por ser
escasso, face à produtividade dos encarnados
ao longo de todo o jogo. No conjunto, a equipa de Koeman foi claramente
superior à formação espanhola e a estatística, neste capítulo, é como o algodão
e também não engana: 15 remates e 10 pontapés de canto frente a um adversário
recheado de estrelas, num jogo fora e na competitiva Liga
dos Campeões, diz tudo quanto à performance de uma equipa”, escreveu o Record.
Duas semanas depois, no Estádio
da Luz, Rui Nereu foi mesmo o dono da baliza benfiquista – no banco estava
outro jovem, Bruno Costa. Nereu até vinha a dar boa conta do recado, mas nesse
jogo borrou a pintura, ao ficar mal na fotografia no lance do único golo do
encontro, apontado pelo médio hispano-brasileiro Marcos Senna, através de um
remate do meio da rua (81’).
“Um desconsolo. O Benfica,
ao perder de forma inglória com o Villarreal
– no primeiro desaire caseiro para as competições da UEFA frente a um
adversário espanhol –, caiu para o último lugar do Grupo D. Se vencesse, como
chegou a prometer, seria hoje líder isolado, já a um pequeno passo da
qualificação. O que aconteceu aos 81’ chegou mesmo a ser macabro. Rui Nereu,
que patenteara tranquilidade e segurança, lançou-se tarde a um remate de Marcos
Senna, desferido a 35 metros, consentindo um golo incrível. Tristemente
incrível. O Villarreal
chegou à vantagem numa fase do jogo em que já estava encostado às cordas. Foi,
de facto, uma noite inglória para o Benfica,
sabendo-se do muito tempo do árduo trabalho que teve pela frente para se
superiorizar ao opositor”, resumiu o Record.
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