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Médio defensivo luso-angolano Latón tem apenas 22 anos |
Poucas semanas antes de morrer, o
saudoso treinador Vítor Oliveira disse que “uma equipa de futebol é como uma
orquestra em que uns tocam violino, violoncelo e outros tambor” e que “é
preciso sapato de verniz, tamancos e jogadores que se possam complementar”.
No novo
Estrela
da Amadora, talvez seja o
artista
Luís Mota e os outros homens de ataque os que mais aparecem nos resumos,
assim como o
gigante
central Yuran quando são focadas as ações ofensivas da equipa adversária,
mas nas
highlights não aparece quem
trava (sem falta) os contra-ataques à nascença, recupera bolas a meio-campo, surge
sucessivamente a dar cobertura à linha defensiva e cria superioridade numérica
na zona da bola.
Na orquestra que é o novo
Estrela
da Amadora, uns tocam violino e violoncelo, mas a sinfonia dificilmente soaria
tão bem sem
Latón
no tambor. Embora jogue quase de igual forma com os dois pés e seja criterioso
e assertivo no passe, o
jovem
médio defensivo de 22 anos sente dificuldades em verticalizar o jogo,
preferindo quase sempre jogar pela certa, lateralizando, colocando a bola num companheiro
pouco pressionado.
No conjunto orientado por Rui
Santos, essa menor aptidão do
futebolista
luso-angolano em construir é colmada pelo recuo do organizador Chapi
Romano, que se vê obrigado a baixar mais no terreno do que é habitual para um
n.º 10 para começar a desenhar os ataques a partir de zonas mais recuadas.
Pelo que vale ofensivamente,
talvez fosse difícil encaixá-lo numa equipa com uma filosofia demasiado
romântica, que estimula e é estimulada pela relação de cada jogador com a bola.
Porém, é pelo que oferece à equipa no plano defensivo que
Latón
se destaca.
Um autêntico polvo à frente da
defesa, onde costuma atuar em cunha com Horácio Jau, oferece uma excelente
cobertura à linha mais recuada durante o processo defensivo, basculando a toda
a largura do campo à procura de criar superioridade numérica e cortar linhas de
passe. E no momento da perda da bola assume um papel fundamental para funcionar
como tampão às transições ofensivas da equipa adversária.
Além de um posicionamento bastante
assertivo, o
possante
futebolista de 1,85 m também mostra o que vale nos duelos, quase que
aparentando ter uma terceira perna, tal a forma como soma desarmes atrás de
desarmes e ganha bolas divididas ao longo de cada jogo.
Embora nas temporadas anteriores
tivesse passado entre os pingos na chuva, uma vez que representou o
Chaves
Satélite nos distritais da AF Vila Real, a equipa B do espanhóis do Alcorcón e um
Sintra
Football que parecia destinado ao último lugar da sua série no
Campeonato
de Portugal, pegou de estaca no onze do novo e pujante
Estrela
da Amadora. E nem a chegada do brasileiro Miranda, com experiência de
II
Liga adquirida ao serviço do
Sp.
Covilhã e blindado com cláusula de rescisão de 1,5 milhões de euros, o
perturbou minimamente.
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