21 de março de 2001. Uma quarta-feira,
ao final da tarde. Meias-finais da Taça
de Portugal. Estádio do Bessa em obras. Transmissão televisiva a cargo da SIC. O Boavista, líder da I
Liga com seis pontos de vantagem sobre FC
Porto e Sporting
quando estavam decorridas 25 das 34 jornadas, era claro favorito na receção ao
Marítimo.
Prestes a conquistarem o primeiro
título nacional da sua história, os axadrezados, orientados por Jaime Pacheco,
sonhavam também com a presença no Jamor depois de terem eliminado Freamunde,
Desp. Aves, Penafiel
e Moreirense nas rondas anteriores.
Do outro lado, o outsider Marítimo, comandado por Nelo
Vingada, a meio da tabela no campeonato
e que nas eliminatórias anteriores tinham afastado Casa
Pia, União
de Leiria, Farense
e Paços
de Ferreira, os três últimos após prolongamento.
Porém, ganha quem marca mais
golos do que o adversário durante um período de 90 minutos. E a única equipa a
marcar viajou desde a Madeira. Com um golo solitário de livre direto do central
brasileiro Paulo Sérgio pouco depois da meia hora, os madeirenses alcançaram o
triunfo que os guiou para a segunda presença no Jamor, depois de já terem
participado na final da Taça
em 1994-95. Na baliza boavisteira estava o camaronês William, que já tinha
perdido a titularidade para Ricardo, mas que na Taça
foi aposta de Jaime Pacheco.
“Que grande desilusão. Com o
Jamor já no horizonte, o Boavista, o atual líder destacado da I
Liga, sofreu uma grande desilusão - o primeiro baque da época - diante da
sua plateia (reduzida, é verdade, dada as péssimas condições atmosféricas, mas
fiel) ao tombar perante o Marítimo e falhando, assim, a sua sétima final da Taça
de Portugal, uma porta aberta, para a Europa do futebol. Mas como jogam
duas equipas e os sentimentos são quase sempre antagónicos, o Marítimo acabou o
jogo em festa e poderá ainda conquistar um lugar na Taça
UEFA... se vencer, claro, a Taça
de Portugal. E que leitura da meia-final do Bessa? Um golo de bola parada,
muita luta e estoicismo por banda dos forasteiros - jogaram 20 minutos com dez
homens -, ainda que com alguma sorte à mistura, diga-se. O estado do terreno
não permitiu que o Boavista explanasse o futebol que lhe é habitual e isso foi
evidente na segunda etapa, onde raramente os boavisteiros conseguiram tirar um
cruzamento da linha de fundo. Usufruíram de algumas situações para empatar, mas
já com o coração a sobrepor–se à cabeça e com o relógio a jogar a favor dos...
verde–rubros! A desforra, essa, terá lugar nos Barreiros, quando a I
Liga retomar a sua caminhada...”, escreveu O Jogo, já antecipando a jornada seguinte do campeonato,
na qual os dois clubes empatariam a um golo no Funchal.
Voltando ao jogo da Taça
no Bessa, Jaime Pacheco mostrou-se bastante crítico para com o trabalho da
equipa de arbitragem liderada pelo setubalense João Ferreira. “Pode ser que vá
passar umas férias à Madeira”, atirou, revoltado. “Árbitros destes dispenso
bem. É pena precisar do futebol, senão teria algo a dizer”, concluiu.
Na outra meia-final, o FC
Porto venceu o Sporting
nas Antas e avançou para o Jamor, onde
haveria de bater o Marítimo por 2-0.
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