terça-feira, 2 de junho de 2020

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Sp. Covilhã na I Divisão

Dez jogadores que ficaram na história do Sporting Clube da Covilhã
Fundado a 2 de junho de 1923, Sporting Clube da Covilhã nasceu da fusão de vários grupos do concelho que se organizavam para jogar futebol desde o início da década de 1920, numa altura em que o Sporting Clube de Portugal vivia uma fase pujante de criação de filiais.

Os leões da serra, criado a partir da união de grupos como Montes Hermínios, Victoria Luso Sporting, União Desportiva da Covilhã, Estrela Football Club e Grupo Desportivo Escola Industrial, tornaram-se na oitava filial dos leões de Lisboa.


Com pouco mais de duas décadas de existência, os serranos ascenderam à I Divisão em 1948, iniciando aí o período áureo da sua história, tendo permanecido nove anos seguidos – e 13 em 14, até 1962 - no primeiro escalão. Nessa fase os verde e brancos também atingiram a final da Taça de Portugal em 1956-57, tendo perdido no jogo decisivo frente ao Benfica.

Depois de uma longa travessia no deserto, o Sp. Covilhã regressou à I Divisão no final da década de 1980, primeiro em 1985-86 e depois em 1987-88, mas foi rapidamente despromovido em ambas as épocas, carregando a lanterna-vermelha nas duas.

Em 15 presenças, 139 futebolistas representaram os leões da serra no patamar maior do futebol português. Vale por isso a pena recordar os 10 que o fizeram por mais vezes.


10. Livramento (122 jogos)

Livramento
Extremo esquerdo que representou o Sp. Covilhã durante as décadas de 1940 e 1950, foi decisivo para a conquista do título nacional da II Divisão em 1947-48 ao marcar um golo ao Barreirense na fase final.
Depois permaneceu no clube por mais cinco temporadas, todas no primeiro escalão, tendo disputado 122 jogos e marcou 47 golos nesse período. As melhores épocas foram as de 1948-49 e 1950-51, quando apontou 14 e 12 golos, respetivamente.
Paralelamente, participou na caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal em 1948-49. Na prova rainha também brilhou em 1952-53, ao apontar os cinco golos dos serranos ao Atlético (4-1) numa partida de desempate dos oitavos de final.


9. Fernando Cabrita (124 jogos)

Fernando Cabrita
Mais conhecido pelo seu percurso como treinador, nomeadamente por ter levado o Benfica ao título nacional em 1967-68 e a seleção nacional às meias-finais do Euro 1984, Fernando Cabrita foi também um jogador de eleição.
Depois de ter despontado no Esperança de Lagos, de ter brilhado no Olhanense, de se ter estreado pela seleção nacional e de ter experimentado o futebol francês, onde representou o Angers, chegou ao Sp. Covilhã em 1953 para meia dúzia de anos com a camisola dos serranos.
Avançado que na altura começava a jogar em terrenos mais recuados, inclusivamente a defesa central, disputou em 25 jogos e marcou um golo ao Atlético na época de estreia, tendo mesmo voltado às opções da seleção nacional em novembro de 1953, para participar num amigável frente à África do Sul e num encontro de qualificação para o Mundial 1954 diante da Áustria. Devido a essas duas internacionalizações, tornou-se no primeiro jogador dos leões da serra a vestir a camisola da seleção nacional.
Em 1954-55 esteve nas 26 partidas no campeonato e apontou dois golos, num empate em casa com o Sporting (2-2) e num triunfo no terreno no Vitória de Guimarães (3-2). Nessa época iniciou simultaneamente o seu trajeto de treinador, tendo comandado o Unhais da Serra nos campeonatos distritais da AF Castelo Branco.
 Na temporada seguinte foi uma peça importante para a obtenção da melhor classificação de sempre dos serranos na I Divisão, o quinto lugar, tendo atuado em 25 jogos, o que valeu a chamada à seleção nacional B, tendo defrontado Áustria em dezembro de 1955 e Sarre em junho de 1956.
Já 1956-57 foi uma época agridoce, uma vez que ajudou os serranos a chegar à final da Taça de Portugal e somou duas internacionalizações pela seleção nacional AA, frente a Irlanda do Norte e Brasil, e uma pela seleção B, diante de França, chegando a acumular as funções de jogador e de treinador, mas, por outro lado, desceu de divisão, tendo sido totalista no campeonato (26 jornadas) e apontado dois golos, ambos ao Sporting.
Manteve-se no clube na II Divisão, foi campeão nacional do segundo escalão e voltou à elite do futebol nacional em 1958-59, tendo disputado 22 jogos e apontado um golo, à CUF. Depois rumou ao Portimonense.
Viria a falecer em setembro de 2014, aos 91 anos.


8. João Tomé (128 jogos)

João Tomé
Atacante natural de Setúbal, começou a carreira no Sporting Barrosinha, de Alcácer do Sul. Seguiu-se União Argentino Setúbal, Lusitânia Coimbra e Académico do Porto, tendo chegado ao Sp. Covilhã no verão de 1948.
Na altura, protagonizou uma das transferências mais caras na altura, saindo do emblema portuense para os serrados por 130 contos. “Eu estava a jogar no Académico do Porto e o Sporting Clube da Covilhã interessou-se na minha contratação, pois estava a fazer uma época muito positiva. Conseguimos chegar a acordo e fui a transferência mais cara nessa época”, contou ao portal História do Sporting Clube da Covilhã em 2012.
Em sete anos com a camisola verde e branca na I Divisão disputou 128 jogos e apontou 44 golos, tendo formado uma grande dupla com o avançado francês André Simonyi. A época mais produtiva em termos individuais foi a de 1949-50, quando somou 13 remates certeiros, entre os quais um ao FC Porto, dois ao Benfica e um ao Sporting. Na temporada anterior ajudou os covilhanenses a atingir as meias-finais da Taça de Portugal.
Em 1955 voltou ao Sporting Barrosinha e depois passou pelo Moura antes de encerrar a carreira no Mineiro Aljustrelense em 1959, já como jogador-treinador.
“Ainda hoje tenho curiosidade em acompanhar o atual Sporting Clube da Covilhã. Vejo todos os fins-de-semana os resultados, a classificação, e sempre que são transmitidos jogos assisto na televisão”, afirmou em 2012.
O seu filho, Fernando Tomé, notabilizou-se ao serviço de Vitória de Setúbal e Sporting e jogou duas vezes pela seleção nacional.


7. Zé Rita (129 jogos)

Zé Rita
Guarda-redes algarvio, chegou ao Sp. Covilhã no verão de 1955 depois de ter iniciado a carreira no Olhanense e de três anos no Sporting em que praticamente não jogou, devido à feroz concorrência dos mais conceituados Carlos Gomes e Azevedo.
Porém, logo na primeira época nos leões da serra não só foi totalista no campeonato, cumprindo os 90 minutos em cada um dos 26 jogos, como contribuiu para a obtenção da melhor classificação de sempre da história do clube, o quinto lugar. Nessa campanha sofreu 44 golos.
Na temporada seguinte foi importante na caminhada até à final da Taça de Portugal, mas no campeonato as coisas não correram bem, uma vez que só atuou em oito partidas (sofrendo 20 golos) e os serranos foram despromovidos.
Mas Zé Rita iria manter-se no clube, ajudando-o a conquistar o título nacional da II Divisão e consequentemente a voltar à elite do futebol português. Em mais quatro épocas nos covilhanenses no primeiro escalão participou em 95 encontros e sofreu 189 golos.
Depois deu o salto para o Benfica, então campeão europeu.


6. Bento Couceiro (141 jogos)

Bento Couceiro
Natural de Tentúgal, concelho de Montemor-o-Velho, iniciou a carreira no Sporting, mas pouco jogou na equipa principal, tendo sido emprestado ao Luso do Barreiro antes de chegar ao Sp. Covilhã no verão de 1954, também por empréstimo dos lisboetas.
Defesa esquerdo de posição, impôs-se com naturalidade nos leões da serra, tendo disputado 23 jogos e marcado dois golos (ao Belenenses e ao FC Porto) na época de estreia. Na temporada seguinte foi totalista no campeonato, cumprindo os 26 jogos e os 2340 minutos, ajudando os covilhanenses a obterem a melhor classificação de sempre da sua história, o quinto lugar.
Em 1956-57 voltou ao Sporting, mas na época seguinte regressou aos serranos para conquistar o título nacional da II Divisão e contribuir para nova promoção à elite do futebol português.
Seguiram-se mais quatro anos no Sp. Covilhã no primeiro escalão, tendo disputado 93 jogos e marcado três golos nesse período: ao Lusitano Évora em março de 1959 e em fevereiro de 1961 e ao FC Porto em abril de 1960. Em 1961-62 não conseguiu evitar a despromoção, mas manteve-se no clube por mais dois anos, sem o conseguir recolocar na I Divisão.
Durante o tempo em que representou os serranos foi chamado aos treinos da seleção nacional, mas não chegou a estrear-se de quinas ao peito.
Haveria de se mudar em 1964 para o Gouveia, o último clube que conheceu na carreira. Depois estabeleceu-se em Gouveia, onde trabalhou nas áreas do comércio e da restauração.
Viria a falecer a 27 de outubro de 2013, aos 82 anos, vítima de doença prolongada.


5. António José (150 jogos)

António José
Guarda-redes proveniente dos Leões de Santarém e natura da capital ribatejana, reforçou o Sp. Covilhã em 1948-49, na temporada de estreia dos serranos na I Divisão.
Importante para a consolidação do clube no patamar maior do futebol português, disputou 150 jogos e sofreu 307 golos ao longo de sete temporadas, entre 1948 e 1955 – em 1955-56 integrou o plantel, mas não participou em qualquer encontro, por culpa da feroz concorrência de Zé Rita.
Esteve por isso na caminhada dos covilhanenses até às meias-finais da Taça de Portugal em 1948-49 e na obtenção de três honrosos sextos lugares em épocas consecutivas (1949-50, 1950-51 e 1951-52).
No verão de 1956 rumou ao Belenenses, onde viria a encerrar a carreira.


4. Amílcar Cavém (157 jogos)

Amílcar Cavém
Defesa/médio algarvio irmão mais velho da glória benfiquista Domiciano Cavém, jogou em clubes como O Celeiro, Serpa e Lusitano VRSA antes de chegar ao Sp. Covilhã no verão de 1952, marcando presença nos momentos mais altos da história do emblema serrano.
Ao longo de 11 anos nos covilhanense disputou 127 jogos e marcou sete golos: ao Lusitano Évora em fevereiro de 1953, à Académica em setembro de 1954, ao Benfica em outubro de 1954, em outubro de 1958 e em fevereiro de 1962, ao Sporting em dezembro de 1954 e ao FC Porto em abril de 1955.
Durante esse período esteve na obtenção do quinto lugar em 1955-56, na caminhada até à final da Taça de Portugal e na despromoção na época seguinte, na conquista do título nacional da II Divisão em 1957-58 e na descida de divisão em 1962.
Depois voltou ao Lusitano VRSA para finalizar a carreira em 1964.
“Se pelas fileiras do Sp. Covilhã têm passado atletas de categoria futebolística e que nas pugnas põem, acima de tudo, o amor que sentem pela camisola que envergam, um deles foi, sem dúvida, Cavém 1.º”, escreveu o Diário de Lisboa em junho de 1964 a propósito do jogo de homenagem e despedida entre os serranos e um misto do Benfica.


3. Hélder Toledo (171 jogos)

Hélder Toledo
Mais um algarvio nesta lista, tal como Fernando Cabrita, Zé Rita e Amílcar Cavém. Defesa direito que marcou o primeiro golo de sempre do Lusitano VRSA na I Divisão, em 1947, trocou a formação de Vila Real de Santo António pelo Sp. Covilhã quatro anos depois.
Em 11 anos nos leões da serra, esteve nos momentos mais marcantes da história do clube. Disputou 171 jogos de verde e branco no primeiro escalão, contribuindo para a obtenção do quinto lugar em 1955-56, para a caminhada até à final da Taça de Portugal na época seguinte e para a conquista do título nacional da II Divisão. Por outro lado, esteve nas despromoções de 1957 e 1962.
Após a segunda descida de divisão desentendeu-se com o clube e após algum tempo inativo optou por encerrar a carreira.
“Hélder tinha um magnífico poder de elevação, aliado a um bom poder de recuperação, proporcionando agarrar o seu lugar, chegando a ser um dos melhores defesas direitos do país”, podia ler-se numa pequena biografia no Livro da História do Sporting da Covilhã, num recorte recuperado pelo blogue Antigas Glórias do Futebol Algarvio e Alentejano.


2. Pedro Martín (189 jogos)

Pedro Martín
Médio espanhol nascido em Madrid, mas com praticamente toda a carreira feita em Portugal, chegou ao Sp. Covilhã no verão de 1949, proveniente do Viseu e Benfica, e ficou na serra da Estrela durante uma dúzia de anos.
Nesse período disputou 189 jogos e apontou 27 golos no campeonato, tendo feito para nos momentos mais gloriosos da história do clube como a obtenção do quinto lugar em 1955-56, a caminhada até à final da Taça de Portugal na época seguinte e a conquista do título nacional da II Divisão em 1957-58. Por outro lado, esteve na despromoção em 1957 e desde então que perdeu espaço na equipa.
“Martin jogou em varias posições, desde extremo direito a médio, e até jogou a guarda-redes, sendo considerado por muita gente como um dos melhores dez jogadores de sempre do Sp. Covilhã. Era um futebolista de classe, pequeno grande jogador de recorte fino e cerebral, merecendo saliência o facto de em toda a sua carreira não ter sofrido qualquer castigo”, pode ler-se no portal História do Sporting Clube da Covilhã.
Em 1961 deixou o clube e terá pendurado as botas.


1. Carlos Ferreira (194 jogos)

Carlos Ferreira
Extremo veloz e habilidoso, começou a praticar futebol no Belenenses, mas surgiu na equipa principal do Sp. Covilhã em 1947-48, época que culminou na primeira promoção dos serranos à I Divisão.
Seguiram-se nove anos consecutivos no primeiro escalão, período em que disputou 194 jogos e apontou 36 golos no campeonato, contribuindo para alguns dos momentos mais altos da história do clube, como a obtenção do quinto lugar em 1955-56 e a caminhada até à final da Taça de Portugal na temporada seguinte, despedindo-se dos leões da serra em 1958 após a conquista do título nacional da II Divisão. Por outro lado, também esteve na despromoção em 1957.
Mais de seis décadas após ter deixado o clube, o recorde de mais jogos pelo Sp. Covilhã está para durar.

















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