Fundado a 27 de abril de 1912 por
um grupo de jovens apaixonados por futebol, o Olhanense
viveu o maior momento da sua história em 1923-24, quando venceu o Campeonato de
Portugal, conquistando o título mais importante do país na altura ainda antes
do Benfica.
No palmarés constam ainda 20
presenças na I Divisão, tendo obtido a sua melhor classificação de sempre em
1945-46, o quarto lugar, à frente do FC Porto. Um ano antes esteve na final da Taça
de Portugal, tendo perdido para o Sporting com um golo ao cair do pano, da
autoria de Jesus Correia.
Ao longo da história o Olhanense
tem revelado uma capacidade incrível para renascer das cinzas. Depois de uma
década completa entre a elite, entre 1941-42 e 1950-51, voltou ao patamar maior
do futebol português nas décadas de 1960 e 1970 e também no século XXI.
Nessas duas dezenas de participações,
276 futebolistas representaram o clube
na I Divisão. Vale por isso a pena recordar os dez com mais jogos pelos algarvios
no primeiro escalão.
10. Eminêncio (111 jogos)
Eminêncio |
Jogador polivalente e natural do
Redondo, capaz de atuar a avançado centro ou a extremo esquerdo ou até na
defesa, começou a jogar futebol nos juniores do Lusitano de Évora e foi de lá
que saltou diretamente para o Olhanense
em 1943.
Com a camisola rubro
negra foi parte ativa da era dourada do clube, tendo ajudado os leões
de Olhão a alcançar a final da Taça
de Portugal em 1944-45 e o quarto lugar no campeonato na época seguinte.
Ainda assim, a época mais
produtiva em termos de golos foi a de 1949-50, quando apontou 16 golos na I
Divisão, entre os quais um ao Sporting, um ao Benfica
e três ao FC Porto. Porém, na temporada anterior também esteve e grande, ao
faturar por 14 vezes, e brilhou ao apontar cinco golos numa goleada por 10-3
sobre o Boavista.
Após sete anos no Olhanense
mudou-se para o Sp. Covilhã, clube pelo qual continua a jogar na I Divisão
durante três épocas. Voltaria aos algarvios
em 1954-55, mas desta vez para atuar no segundo escalão, depois de uma passagem
pelo União de Montemor. Ainda haveria de jogar pelo Sambrasense em 1957-58,
naquela que foi a última temporada da carreira.
9. João dos Santos (116 jogos)
João dos Santos |
João da Encarnação de seu nome,
mas conhecido como João dos Santos no mundo do futebol, nasceu em Silves, mas
instalou-se ainda muito jovem em Faro, onde casou e começou a jogar futebol, no
Sport Lisboa e Faro.
No verão de 1941 este médio
ofensivo transferiu-se para o Olhanense,
então estreante na I Divisão, e por lá permaneceu durante sete anos, até 1948,
tendo feito parte das equipas que em 1944-45 chegou à final da Taça
de Portugal e que na época seguinte alcançou o quarto lugar no campeonato.
Comerciante fora das quatro
linhas, viria a falecer em 1974, quando teria 57 ou 58 anos.
8. Joaquim Paulo (124 jogos)
Joaquim Paulo |
Avançado/interior natural de Olhão,
começou a jogar no principal clube da terra desde tenra idade, tendo
contribuído parte da primeira subida à I Divisão, em 1941, e para os momentos
áureos dos rubro
negros.
Em 14 temporadas seguidas ao
serviço do emblema
algarvio esteve também na caminhada até à final da Taça
de Portugal e na obtenção do quarto lugar na temporada seguinte. Por outro
lado, também esteve na descida à II Divisão em 1951.
Em 1953 mudou-se para os
alentejanos do Mineiro
Aljustrelense, onde foi jogador-treinador, antes de voltar ao Olhanense
para em 1955-56 para a derradeira época da carreira.
Depois tornou-se treinador, tendo
orientado os leões
de Olhão no final da década de 1950, em 1962-63 e em 1974-75.
7. Moreira (132 jogos)
Moreira |
Se Joaquim Paulo nasceu em Olhão
e jogou em Aljustrel, Moreira nasceu em Aljustrel, começou a jogar na terra
natal ao serviço do Vitória Aljustrel, um clube de efémera existência, e, já
depois de ter passado também no União de Beja, foi no Olhanense
que brilhou ao longo da década de 1940.
Joaquim Larguinho, como era
conhecido na vila mineira, era um médio cento com vocação para marcar golos.
Chegou a Olhão
em 1941, a tempo da estreia dos rubro
negros na I Divisão, e esteve nos momentos áureos do clube, como a
caminhada até à final da Taça
de Portugal em 1944-45 e o quarto lugar obtido na temporada seguinte. Ainda
assim, foi em 1946-47 que viveu a época mais produtiva, tendo apontado 15 golos
no campeonato.
Viria a falecer em 1989, ano em
que completaria 82 anos, no Canadá, país onde se radicou após pendurar as
botas.
6. Loulé (137 jogos)
Loulé |
Natural de Silves tal como João
dos Santos, passou largos anos na II Divisão e nos campeonatos regionais ao
serviço do Silves e também no Luso do Barreiro antes de chegar ao primeiro
escalão pela porta do Olhanense,
já aos 29 anos.
Apesar da idade, este defesa não
só foi a tempo de passar nove temporadas na I Divisão como também de contribuiu
para a caminhada até à final da Taça
de Portugal em 1944-45 e para a obtenção do quarto lugar na época seguinte.
Após a descida de divisão, em
1951, rumou a norte para fazer uma última época como futebolista, com a
camisola do Académico de Viseu.
Viria a falecer em 1983, num ano
em que completaria 69 anos.
5. Salvador (142 jogos)
Salvador |
Interior esquerdo nascido em
Portimão, começou a jogar futebol em pequeno clube da sua cidade, o Juventude
Portimonense e o Boa Esperança, na altura o maior rival do Portimonense
Sporting Clube.
Em 1940 rumou a Lisboa para jogar
durante dois anos no Chelas, futuro Oriental, ao lado de Rogério “Pipi”, que no
final dessa década haveria de brilhar pelo Benfica.
Depois da aventura da capital
regressou ao Algarve
no verão de 1942 para ingressar no Olhanense
e fazer parte da era dourada dos rubro
negros, que em 1944-45 chegaram à final da Taça
de Portugal. Na época seguinte contribuiu com 18 golos para o quarto lugar
no campeonato – só o sportinguista Peyroteo (39) e o portista Correia Dias (25)
marcaram mais nessa temporada.
Mais ou menos por altura destas
façanhas, mostrou-se rendido à cidade e ao clube que o acolheram. “Não poderia
estar melhor. Olhão
é para mim como se tivesse sido a terra do meu berço. Nela tenho já grandes
amizades e nela acabei por casar. Hoje tenho o meu futuro assegurado. Tenho um
estabelecimento comercial devidamente constituído com o Cabrita, de forma a que
amanhã quando não jogarmos futebol não estejamos à mercê do tempo… como tem
acontecido com vários jogadores. O Olhanense
interessa-se por nós e, desta forma, só tenho razão para estar satisfeito”,
afirmou em entrevista ao jornal A Bola, num recorte difundido pelo blogue Antigas Glórias do Futebol Algarvio e
Alentejano.
Paralelamente, chegou a ser
convocado aos trabalhos da seleção nacional “AA”, mas só chegou a jogar pela
seleção militar.
Penduraria as botas em 1950 e
viria a falecer em novembro de 2007, aos 87 anos.
4. Fernando Cabrita (169 jogos)
Fernando Cabrita |
Mais conhecido pelo seu percurso
como treinador, nomeadamente por ter levado o Benfica
ao título nacional em 1967-68 e a seleção nacional às meias-finais do Euro
1984, Fernando Cabrita foi também um jogador de eleição. Tantos anos volvidos,
é ainda o melhor marcador de sempre do Olhanense
na I Divisão, com 82 golos.
Nascido em Lagos, cresceu a jogar
à bola e aos 16 anos ingressou no Esperança de Lagos, principal clube da terra.
Reza a história que, quando surgiu o convite do Olhanense
em 1942, ficou reticente, mas foi aliciado e acabou por rumar a Olhão,
tendo o emblema lacobrigense recebido mil e quinhentos escudos pela carta de
desobrigação.
Com a camisola rubro
negra viveu momentos de grande brilho. Em 1943-44 apontou 20 golos em 18
jogos no campeonato, o que lhe valeu o terceiro lugar na lista de melhores
marcadores do campeonato, apenas atrás do sadino Francisco Rodrigues (28) e do
sportinguista Peyroteo (23). E nas épocas que se seguiram foi finalista da Taça
de Portugal e quarto classificado na I Divisão.
As boas exibições e o avultado
número de golos não passaram despercebidos aos responsáveis pela seleção
nacional, tendo feito a estreia ainda enquanto jogador do Olhanense,
em março de 1945, num empate a dois golos com Espanha no Jamor. “Deram-lhe umas
botas novas para jogar um desafio daqueles – e o resultado foi terminar o
desafio com os pés a sangrar! Salvador do Carmo, o selecionador, aborrecido,
chamou-lhe ingénuo. Mas houve pior do que isso. Houve um imbecil – saber,
agora, quem foi! – que não permitiu a entrada, nas cabinas, do treinador do Olhanense,
José Mendes. Esse modesto treinador da província tinha previsto o que os
espertalhões da capital não tinham sequer suspeitado. José Mendes trouxera de Olhão
as botas velhas de Fernando Cabrita, moldadas ao pé, e com elas na mão,
pretendera ir, antes do jogo, às cabinas dos portugueses, entrega-las ao seu
pupilo”, recordou a revista Ídolos do Desporto, num recorte retirado pelo
blogue Antigas Glórias do Futebol Algarvio e
Alentejano. Fernando Cabrita viria a disputar mais seis jogos de quinas
ao peito.
Após a descida de divisão, em
1951, emigrou para o futebol francês, onde representou o Angers. Dois anos
depois regressou a Portugal para jogar pelo Sp. Covilhã durante seis anos,
cinco dos quais na I Divisão. Em 1959-60 pendurou as botas ao serviço do Portimonense,
clube pelo qual desempenhou a função de jogador-treinador.
Viria a falecer em setembro de
2014, aos 91 anos.
3. Rodrigues (190 jogos)
Rodrigues |
Natural de Faro e conhecido pela
alcunha de “Submarino”, começou por jogar no Sport Lisboa e Faro, tal como João
dos Santos, integrando uma equipa que participou na II Divisão no final da
década de 1930 e no início na de 1940.
Transferiu-se no verão de 1941
para o Olhanense
e foi um dos pilares da defesa rubro
negra durante o período glorioso do clube, cujos pontos altos foram a
caminhada até à final da Taça
de Portugal em 1944-45 e a obtenção do quarto lugar na época seguinte.
Haveria de permanecer na formação
de Olhão
até 1952, não conseguindo evitar a descida à II Divisão um ano antes.
2. Abraão (194 jogos)
Abraão |
Considerado um dos melhores
guarda-redes algarvios
de todos os tempos, se não mesmo o melhor, nasceu em Olhão
e começou por jogar juniores e nas reservas do principal clube da terra antes
de se fixar na equipa principal em 1938-39, iniciando aí um bonito trajeto de
17 anos na baliza dos rubro
negros.
Foi um dos pilares da equipa que
subiu à I Divisão em 1941, que chegou à final da Taça
de Portugal em 1944-45 e que obteve o quarto lugar em 1945-46.
Após a descida de divisão em 1951
manteve-se no clube por mais quatro épocas, sempre no segundo escalão. Depois,
aos 38 anos, surpreendeu tudo e todos ao mudar-se para o Lusitano
VRSA, então na III Divisão, tendo defendido a baliza do conjunto
de Vila Real de Santo António durante quatro anos.
1. Grazina (212 jogos)
Grazina |
É o jogador com mais jogos pelo Olhanense
na I Divisão, mas chegou a pôr o futebol de parte. Nasceu em São Brás de
Alportel, mas foi viver bastante jovem para Olhão.
O primeiro clube este defesa/médio foi o Marítimo Olhanense, tendo jogado
depois pelo Estrela de Vendas Novas quando cumpriu serviço militar na vila
alentejana.
Quando voltou ao Algarve
alinhou mais um ano pelo Marítimo Olhanense, mas depois deixou a atividade
desportiva para e dedicar a outras atividades. Foi aprendiz de serralheiro e
pescador, tendo inclusivamente trabalhado em Lisboa, onde foi convidado a
treinar no Belenenses.
Um dia, enquanto se entretinha a
dar uns toques no Largo da Feira de Olhão,
o então jogador-treinador do Sporting
Clube Olhanense, Cassiano, viu-o jogador e levou-o a treinar no clube, quando
Grazina já tinha 27 anos.
A aposta revelou-se certeira. O
futebolista sambrasense fez esquecer Francisco Gomes, que se transferiu para o Belenenses,
e ficou 17 anos nos leões
de Olhão, até 1954, à beira de completar 44 anos. Foi um dos esteios da
equipa que em 1941 subiu à I Divisão e que por lá ficou durante dez temporadas,
contribuindo ativamente para a caminhada até à final da Taça
de Portugal (1944-45) e para a obtenção do quarto lugar no campeonato
(1945-46). Após a descida ao segundo escalão, em 1951, manteve-se no clube por
mais três anos.
Paralelamente, chegou a ser
chamado aos treinos da seleção principal, mas apenas jogou pela seleção B
frente a uma equipa de amadores britânicos.
Viria a falecer em dezembro de
1981, aos 71 anos.
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