Vila-condense Niquinha e benfiquista Simão Sabrosa |
Após três épocas de ausência, o Rio Ave
regressou à I Liga em 2003/04, a época em que tive a primeira
oportunidade de ver o emblema vila-condenses no patamar maior do
futebol português. A equipa então orientada por Carlos Brito fez
uma grande temporada, lutando pelos lugares europeus até final do
campeonato, mas o início de temporada foi tudo menos brilhante:
somou a primeira vitória apenas à 7.ª jornada e andou sempre na
segunda metade da tabela classificativa durante a primeira volta,
embora
tenha alcançado um empate em Alvalade.
Salvo as devidas proporções, o Benfica também não
teve um arranque feliz, com duas derrotas e três empates nas
primeiras 11 jornadas. As águias de José Antonio Camacho seguiam em
3.º lugar em igualdade pontual com o Sp. Braga (quarto
classificado), a um ponto do Sporting e a oito do líder FC Porto
quando receberam os rioavistas a 1 de dezembro de 2003, na 12.ª
ronda.
Não me lembro muito do jogo nem me recordava dos
autores dos golos, mas tinha presente na minha memória que os
encarnados tinham vencido por 2-0. A Internet confirma-o e
acrescenta: Simão inaugurou o marcador de grande penalidade aos 40
minutos, o defesa Cristiano reforçou a vantagem aos 68', através de
um golpe de cabeça na sequência de um livre apontado por... Simão.
Naquela altura, o extremo natural de Constantim estava em todas.
“Camacho pregou no deserto na véspera do jogo
quando apontou a necessidade de o Benfica ter de alterar uma
tendência que se regista desde o início da época, a de que a actua
melhor fora de casa do que no seu próprio recinto. Tendo pedido uma
espécie de 'vá para fora cá dentro', ou seja, que cada um dos seus
pupilos perdesse a inibição revelada como visitado, o técnico
esperava maior tranquilidade e pressão mais apertada, o que não
aconteceu. Além disso, alertou para os perigos do contra-ataque
vila-condense, mas os ouvidos de mercador dos encarnados deverão ter
levado o técnico ao desespero. Porém, um lance de inspiração de
João Pereira, a matreirice de Tiago e a ajuda do árbitro afastaram
os piores cenários e tudo voltou à normalidade”, podia ler-se no
primeiro parágrafo da crónica do jornal O Jogo. Foi a primeira vitória do Benfica no novo Estádio da Luz para o campeonato.
Do jogo da segunda volta tenho mais memórias.
Recordo-me que assisti a parte do encontro num restaurante que já
não existe, a Casinha da Lasanha, no meu Barreiro. A 4 de abril de
2004, a cinco jornadas do fim, o Benfica estava já a 12 pontos do
líder FC Porto, que nessa ronda sofreu a primeira derrota nesse
campeonato, e a quatro do Sporting, pelo que procurava
desesperadamente não perder mais terreno. Porém, só saiu de Vila
do Conde com um ponto na algibeira, numa fase em que o Rio Ave estava
já em sexto lugar.
Evandro, que já tinha sido duplamente carrasco do
Sporting nessa época, inaugurou o marcador para o emblema dos Arcos,
num lance em que a bola ainda desviou em Miguel antes de entrar na
baliza de Moreira (49'). Cinco minutos depois, Tiago empatou através
de um belíssimo remate a partir de fora da área (54').
"DesLigados da realidade. O Benfica foi
castigado pela atitude expectante demonstrada durante a primeira
parte. Esperou tranquilamente que o golo aparecesse e acabou
encostado às cordas, rendido à versatilidade e dinâmica do
conjunto de Carlos Brito, que privilegia o contra-ataque. A Liga dos
Campeões está mais longe...", escreveu O Jogo no dia a
seguir.
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