Idalécio e Silva em disputa de bola no jogo de Alvalade |
Os jogos entre Rio Ave e Sporting
ainda não atingiram o estatuto de clássico de futebol português, mas jamais me
esquecerei do primeiro duelo que vivenciei entre ambos os clubes. Porquê? Porque
assisti ao encontro ao vivo, naquela que foi a primeira vez que entrei num dos
estádios construídos para o Euro 2004, no caso o Estádio José Alvalade.
Os dez novos ou remodelados
recintos que Portugal ganhava por essa altura primavam quase todos pela modernidade,
nomeadamente pela maior proximidade entre relvado e bancadas e pela cobertura que
protege os adeptos da chuva ou do sol, entre outras funcionalidades. No caso do
então também conhecido como Alvalade XXI, destacavam-se igualmente as bancas
coloridas, com o propósito de dar sempre a ideia de grandes assistências, e o
não menos controverso fosso entre bancadas e o relvado.
Nessa noite de 1 de novembro de
2003, embora não tenha faltado emoção na partida, passei boa parte do tempo a
admirar o estádio, inaugurado cerca de três meses antes e bastante diferentes
de todos os que estavam operacionais no nosso país.
Quem também parecia admirar o
estádio, apesar de o relvado dar imensos problemas, era a equipa do Sporting,
então orientada por Fernando Santos, que na altura tinha somado vitórias nos
cinco jogos disputados no novo palco, diante de Belenenses (4-2), Nacional
(2-0), Gil Vicente (1-0) e Beira-Mar (3-1) para o campeonato e frente aos
suecos do Malmö (2-0) na primeira eliminatória da Taça UEFA. Ainda
houve um sexto encontro vitorioso, o da inauguração do recinto, com Cristiano
Ronaldo a brilhar no triunfo sobre o Manchester United (3-1).
Já o Rio Ave regressava nessa
época à I Liga, após três temporadas na II Liga. Orientados pelo emblemático Carlos
Brito, os vila-condenses entravam em campo a poucos pontos dos lugares de
despromoção. Ou seja, tudo indicava que com maior ou menor dificuldade a
vitória caísse para o lado dos leões, que aquando no apito inicial ocupavam o
segundo lugar, a oito pontos do líder FC Porto (de José Mourinho), que tinha
mais um jogo.
No entanto, e apesar de estar por
cima e de criar frequentemente situações de perigo, o Sporting não conseguia
chegar ao golo, e acabou por ficar em desvantagem no final da primeira parte,
quando ao segundo poste Evandro deu a melhor sequência a um cruzamento de Gama
a partir do flanco esquerdo, num lance de contra-ataque.
Na segunda parte, os leões
voltaram à carga, mas o tempo ia passando e o empate não surgia. Estava à vista
a primeira perda de pontos dos verde e brancos no novo Estádio José Alvalade. E
o espectro da derrota pairava sobre os adeptos. Porém, um golo tardio do Elpídio Silva, num cabeceamento certeiro no coração da área na resposta a um livre
lateral apontado por Fábio Rochemback (85 minutos), deu o empate ao Sporting,
naquele que foi o primeiro de cinco golos de leão ao peito do pistoleiro contratado ao Boavista meses
antes.
A divisão de pontos foi um mal menor para o
Sporting, que depois desse encontro iniciou uma série de nove vitórias
consecutivas para o campeonato, embora tenha sido eliminado da Taça UEFA (pelos
turcos do Gençlerbirligi) e da Taça de Portugal (em Alvalade, por um Vitória deSetúbal então na II Liga) pelo meio. E o empate também fez bem ao Rio Ave, que
fez um campeonato muito tranquilo e meritório, tendo terminado em 7.º lugar,
com os mesmos pontos do Marítimo, que foi 6.º. A título de curiosidade, na segunda volta os vila-condenses atropelaram os leões no Estádio dos Arcos, goleando por 4-0 um Sporting que já não perdia há 19 jogos na I Liga.
E para o caro leitor, qual foi o primeiro jogo entre Sporting e Rio Ave de que tem memória? E quais foram os melhores e mais marcantes jogos entre as duas equipas?
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