A minha primeira memória de… um jogo entre Sporting e União de Leiria
Pedro Barbosa apontou dois golaços frente à União em 2000
Falar da minha primeira memória
entre Sporting
e União
de Leiria leva-me de volta à infância e aos braços de quem já não está
entre nós. Recordo-me perfeitamente de não ter assistido ao jogo em causa, mas
de ter acompanhado o resumo alargado na RTP, na casa dos meus avós (entretanto
já falecidos) numa aldeia do Baixo Alentejo. Estávamos a 3 de novembro de 2000,
uma sexta-feira fria de outono.
Na altura era adepto de futebol
há pouco tempo, mas devorava tudo o que podia relacionado com o desporto-rei, sobretudo
com o Sporting,
até porque aquele fim de jejum de 18 anos sem títulos nacionais foi o clique
que eu e os meus colegas de turma precisavam para que o futebol se tornasse no
tempo dominante na sala e no recreio. Aquele resumo alargado, visto
numa daquelas televisões pesadas embora não muito grandes, deixou-me rendido a
um jogador que, até então, me estava a passar entre os pingos da chuva: Pedro
Barbosa. Marcou dois golaços, aos 22 e 43 minutos, já depois de um autogolo de
Bilro ter adiantado os leões
em Alvalade.
O primeiro na sequência de um lance individual no qual juntou a classe com que
tirou o defesa do caminho à força com que fuzilou o guarda-redes leiriense
Baptista; o segundo através de um remate de primeira, a meio do ar e à meia
volta, um gesto que, sempre que podia, tentava imitar quando jogava à bola. O narrador
do resumo da RTP, Carlos Albuquerque, referiu-se mesmo a esta como “uma
das melhores noites da carreira” de Barbosa.
Com o resultado feito, a segunda
parte serviu apenas para cumprir calendário, tendo André Cruz apontado o 4-0 na
execução de um livre direto, com um desvio na barreira pelo meio.
“Pedro Barbosa regressou em
grande ao onze inicial do Sporting,
colorindo com dois golos de génio a vitória perante a União
de Leiria. Primeiro, aos 23 minutos, levantou as bancadas quando driblou um
defesa na área e rematou com violência para o ângulo direito da baliza de
Baptista. Depois, aos 45 minutos, Alvalade
quase foi abaixo, quando o regressado capitão voltou a colocar nas redes uma
bola aliviada. E se é verdade que o Leiria
se apresentou neste jogo muito desfalcado devido a lesões, não é menos certo
que o Sporting
teve uma entrada de leão, marcando o primeiro golo logo no minuto inicial”,
resumiu o Diário de Notícias.
No entanto, a imagem pálida dada em
Alvalade
não corresponde, de todo, ao que era a
União de Leiria, então orientada por Manuel José, naquele período de
viragem de milénio. Era uma equipa de primeira metade da tabela, que haveria de
concluir o campeonato em quinto lugar, e que tinha no plantel jogadores como
Costinha, Bilro, Renato, Paulo Duarte, Éder Gaúcho, Nuno Valente, Luís Vouzela,
Tiago, Leão, João Manuel, Derlei, Duah, Krpan e Paulo Alves. A verdadeira União
de Leiria, assim como a versão mais pálida do Sporting,
apareceram no jogo da segunda volta, a 7 de abril de 2001, numa altura em que
os leões
já eram orientados por Manuel Fernandes. Desta feita, foram os leirienses
a conseguir um golo madrugador, da autoria de Tiago logo aos dois minutos. No
segundo tempo, Bilro redimiu-se do autogolo da primeira volta e apontou o 2-0
na execução de um canto direto (65’). No final dessa jornada os verde
e brancos ficaram a sete pontos do líder do Boavista
e disseram aí o adeus definitivo à revalidação do título. “E agora, Sporting?,
apetece perguntar após um jogo tido como decisivo, que acabou por deixar a nu
as fragilidades de um candidato que aqui e ali tem disfarçado várias
limitações. Desta vez, contudo, o leão
caiu redondamente no chão, completamente desamparado, a revelar chagas que se
suspeitava existir, por sinais velados, mas que se tornaram agora evidentes. (…)
Leiria poderá ficar na história deste campeonato como o marco que assinala o
antes e o depois da vontade do Sporting
em revalidar o título. Aliás, quem faz um jogo tão mau, com uma segunda parte a
roçar o absurdo, não merece ganhar coisa alguma”, sintetizou o jornal O Jogo.
Cartão vermelho Rúben Amorim sair daqui rua
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