quinta-feira, 25 de abril de 2024

“Antes de equivocar-me eu não cometo esse erro”. As melhores tiradas de Cruyff, que faria anos hoje

Johan Cruyff teve sucesso como jogador e como treinador
Johan Cruyff foi um génio do futebol, um dos poucos que foi brilhante como jogador e como treinador, conseguindo em ambas as vertentes simbolizar o “futebol total”, um modelo de jogo assente numa grande mobilidade de todos os jogadores. A par da sua genialidade, foi também um homem bastante arrogante, controverso e polémico.
 
Foquemo-nos primeiro na sua genialidade. Em 1978, depois de recusar jogar no Campeonato do Mundo na Argentina, colocou em causa a continuidade da própria carreira, numa altura em que tinha 31 anos. Pelo sim pelo não, dada a dimensão da sua figura, o Ajax organizou-lhe um jogo de despedida, mas o mago neerlandês haveria de jogar mais seis anos, despedindo-se em 1983-84 após ajudar o Feyenoord a sagrar-se campeão. “O meu jogo de homenagem foi um parto”, gracejou.
 
A arrogância, essa, era-lhe reconhecida desde tenra idade. Em novembro de 1966, quando tinha 19 anos, tornou-se no primeiro jogador da seleção neerlandesa a ser expulso, por dar um murro no árbitro num jogo diante da Checoslováquia.
 
 
Reza a lenda que fumava nos intervalos dos jogos, no balneário, e que o primeiro treinador que se atreveu a questioná-lo sobre essa rotina foi despedido do Ajax pouco depois.
 
Numa altura em que era conselheiro do Ajax e a equipa perdia por 3-1 em casa diante do Twente, em novembro de 1980, Cruyff desceu da tribuna para se sentar no banco e dar indicações à equipa, acabando por vencer por 5-3. Leo Beenhakker, que era o treinador, ficou furioso, e confessou que se arrepende de não lhe ter dado um murro logo ali em frente às câmaras de televisão.
 
 
Depois tornou-se treinador. Formou o Dream Team do Barcelona que haveria de conquistar o primeiro título europeu para o clube, em 1992, mas não era propriamente um amigo dos jogadores. Laudrup dizia que não o suportava, Stoichkov acusou-o de insultos, Julio Salinas jurou que era hipócrita e Zubizarreta defendia que não tinha escrúpulos. O compatriota Louis van Gaal, que foi treinador de Ajax e Barça, garantiu que Cruyff lhe fez a vida negra e assegurou que nunca o perdoará.
 
Esta faceta de Cruyff, que se considerava mais inteligente do que todos e não tolerava menos que a excelência nem aceitava desculpas, ficou visível em algumas das frases que proferiu. “De certo modo sou provavelmente imortal”, afirmou numa ocasião. “Antes de equivocar-me eu não cometo esse erro”, disse noutra altura. “Em terra de cegos quem tem um olho é rei, mas continua a ter só um olho”, rematou noutra situação.
 
 
Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974, ganhou 18 títulos pelos Ajax, entre os quais três Taça dos Campeões Europeus (1970-71, 1971-72 e 1973-74). Em 1973 transferiu-se para o Barcelona e ajudou os catalães a conquistar o título nacional que lhes escapava há 14 anos. Pela seleção neerlandesa foi vice-campeão mundial em 1974 e terceiro classificado do Euro 1976. 

Haveria de falecer a 24 de março de 2016, aos 68 anos.


  
 




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