“Antes de equivocar-me eu não cometo esse erro”. As melhores tiradas de Cruyff, que faria anos hoje
Johan Cruyff teve sucesso como jogador e como treinador
Johan
Cruyff foi um génio do futebol, um dos poucos que foi brilhante como
jogador e como treinador, conseguindo em ambas as vertentes simbolizar o “futebol
total”, um modelo de jogo assente numa grande mobilidade de todos os jogadores.
A par da sua genialidade, foi também um homem bastante arrogante, controverso e
polémico.
Foquemo-nos primeiro na sua
genialidade. Em 1978, depois de recusar jogar no Campeonato do Mundo na
Argentina, colocou em causa a continuidade da própria carreira, numa altura em
que tinha 31 anos. Pelo sim pelo não, dada a dimensão da sua figura, o Ajax
organizou-lhe um jogo de despedida, mas o mago
neerlandês haveria de jogar mais seis anos, despedindo-se em 1983-84 após ajudar
o Feyenoord
a sagrar-se campeão. “O meu jogo de homenagem foi um parto”, gracejou. A arrogância, essa, era-lhe
reconhecida desde tenra idade. Em novembro de 1966, quando tinha 19 anos,
tornou-se no primeiro jogador da seleção
neerlandesa a ser expulso, por dar um murro no árbitro num jogo diante da Checoslováquia.
Reza a lenda que fumava nos
intervalos dos jogos, no balneário, e que o primeiro treinador que se atreveu a
questioná-lo sobre essa rotina foi despedido do Ajax
pouco depois. Numa altura em que era
conselheiro do Ajax
e a equipa perdia por 3-1 em casa diante do Twente, em novembro de 1980, Cruyff
desceu da tribuna para se sentar no banco e dar indicações à equipa, acabando
por vencer por 5-3. Leo Beenhakker, que era o treinador, ficou furioso, e
confessou que se arrepende de não lhe ter dado um murro logo ali em frente às câmaras
de televisão.
Depois tornou-se treinador.
Formou o Dream
Team do Barcelona que haveria de conquistar o
primeiro título europeu para o clube, em 1992, mas não era
propriamente um amigo dos jogadores. Laudrup dizia que não o suportava, Stoichkov
acusou-o de insultos, Julio Salinas jurou que era hipócrita e Zubizarreta
defendia que não tinha escrúpulos. O compatriota Louis van Gaal, que foi
treinador de Ajax
e Barça,
garantiu que Cruyff
lhe fez a vida negra e assegurou que nunca o perdoará. Esta faceta de Cruyff,
que se considerava mais inteligente do que todos e não tolerava menos que a
excelência nem aceitava desculpas, ficou visível em algumas das frases que proferiu.
“De certo modo sou provavelmente imortal”, afirmou numa ocasião. “Antes de equivocar-me
eu não cometo esse erro”, disse noutra altura. “Em terra de cegos quem tem um
olho é rei, mas continua a ter só um olho”, rematou noutra situação.
Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974,
ganhou 18 títulos pelos Ajax,
entre os quais três Taça
dos Campeões Europeus (1970-71, 1971-72 e 1973-74). Em 1973 transferiu-se
para o Barcelona
e ajudou os catalães
a conquistar o título nacional que lhes escapava há 14 anos. Pela seleção
neerlandesa foi vice-campeão mundial em 1974 e terceiro classificado do
Euro 1976.
Haveria de falecer a 24 de março de 2016, aos 68 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário