Oliver Kahn e Roland Linz protagonizaram momento quente na Pedreira |
Ainda não acompanhava futebol
quando o Sp.
Braga defrontou o Schalke
04 nos oitavos de final da Taça
UEFA em 1997-98, naquele que foi o primeiro duelo entre os bracarenses
e equipas alemãs, mas recordo-me do segundo, que opôs os arsenalistas
e o Bayern
Munique.
Hoje em dia há a ideia de que os bávaros
têm dominado o futebol germânico, apenas com exceções pontuais, mas a verdade é
que o Bayern
só venceu pela primeira vez um tetracampeonato em 2016, tendo enfrentado uma
feroz concorrência na luta pelo título nos primeiros doze anos do século XXI,
período no qual Borussia
Dortmund (2001-02, 2010-11 e 2011-12), Werder Bremen (2003-04), Estugarda (2006-07)
e Wolfsburgo (2008-09) venceram a Bundesliga.
Em 2006-07, na época em que o
Estugarda foi campeão, o Bayern
concluiu o campeonato em quarto lugar, a sua pior classificação desde 1994-95,
o que lhe valeu a ausência da Liga
dos Campeões e a presença na Taça
UEFA. Nessa participação na segunda prova europeia, os bávaros
começaram por eliminar o Belenenses
(1-0 em Munique e 2-0 no Restelo), tendo apanhado o Sp.
Braga na fase de grupos, que era composta por cinco equipas em cada grupo,
com cada formação a defrontar-se apenas uma vez.
No plantel do colosso
germânico estavam nomes como Oliver Kahn, Lúcio, Martín Demichelis, Daniel
Van Buyten, Philipp Lahm, Willy Sagnol, Zé Roberto, Mark van Bommel, Franck
Ribéry, Luca Toni e Miroslav Klose, assim com um jovem médio de 17 anos a
iniciar-se na equipa principal chamado Toni Kroos. O treinador era Ottmar
Hitzfeld.
No entanto, os minhotos,
orientados por Manuel Machado e com jogadores como Paulo Santos, Frechaut,
Rodríguez, João Pereira, Jorginho, Wender, Roland Linz e um João Vieira Pinto
em final de carreira, ofereceram resistência e arrancaram um empate a um golo
da Pedreira, a 29 de novembro de 2007.
Os alemães
até foram os primeiros a marcar, por intermédio de Klose, após cruzamento
rasteiro de Luca Toni, aos 47 minutos. Contudo, os bracarenses
responderam aos 66’, por Linz, que bateu Kahn após fugir a Lúcio e Demichelis.
“Como se já não bastasse ser
austríaco, ter feito a formação no rival 1860 Munique e jogar no Sp.
Braga, o avançado Linz esmerou-se ontem não só em torrar a paciência à
defesa do Bayern,
como também em fazer o golo que conferiu justiça ao resultado final, numa noite
em que os minhotos
souberam sofrer e mostraram ter almofada para continuar nas competições
europeias. Não obstante a satisfação final pelo ponto conquistado ao colosso
alemão, foi com o credo na boca que a equipa portuguesa começou o jogo,
acusando ansiedade e falta de reação para as transições e mudanças de
velocidade dos alemães quando em posse de bola. O perigo rondava, e de que
maneira, a baliza minhota,
muito por culpa do desacerto das marcações na zona intermédia, corrigidas com o
andar do tempo, anulando a metamorfose tática dos alemães,
que passavam, à velocidade da luz, do 4x4x2 para um 4x2x4 pujante. Foi então
possível ver o melhor Sp.
Braga do jogo, mandão e seguro nas suas ações – e que até marcou um golo
mal anulado –, empurrando os alemães para o seu meio-campo, num ensaio em que
apenas destoava a marcação a Ribéry, um rato em campo, sempre em movimento. O
intervalo chegou com um nulo no marcador e com Linz e Kahn envolvidos num
sururu, uma ação que pareceu toldar a concentração dos minhotos
no reatamento, já que, numa desatenção incrível, permitiram a Klose liberdade
para marcar. Do banco saltaram João Pinto e Jaílson, e passou a haver mais
gente na frente, o que provocou uma reação segura e personalizada dos minhotos.
Que, por intermédio de Linz, chegaram a um empate merecido”, resumiu o jornal O
Jogo.
Bayern
e Sp.
Braga foram precisamente os dois primeiros classificados desse grupo, que
também incluía Bolton, Aris e Estrela Vermelha de Belgrado.
Na fase seguinte, os 16 avos de
final, os minhotos
apanharam pela frente mais uma equipa alemã, o Werder Bremen, tendo saído
derrotados tanto na Alemanha (0-3) como na Pedreira (0-1).
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