Comecei a acompanhar futebol em
meados de 2000, já não a tempo de assistir a um jogo entre FC Porto e Vitória
de Setúbal em 1999-00. Porém, também não tenho qualquer memória dos confrontos
entre ambas as equipas em 2001-02 e 2002-03. Já vi e revi os resumos, mas não
me recordo de nada. Assim sendo, a minha primeira memória de um duelo entre
dragões e sadinos
remonta a 29 de novembro de 2004, numa partida a contar para a 12.ª jornada do
campeonato de 2004-04, uma temporada que deverá motivar saudades em cada vitoriano.
À entrada para essa ronda, o FC
Porto de Victor Fernández era líder com os mesmos 22 pontos do que o Benfica de
Giovanni Trapattoni. Mas logo a seguir vinha o Vitória
de José
Couceiro – e o Boavista de Jaime Pacheco -, com 20. No primeiro jogo da
jornada, na sexta-feira, os axadrezados receberam e venceram o Beira-Mar por
3-0, ascendendo provisoriamente à liderança. No domingo, o Benfica sai
derrotado de Leiria e perde terreno. Na segunda-feira, o primeiro lugar estava
em jogo no Bonfim
num encontro muito interessante de se seguir: se os dragões vencessem,
isolavam-se no comando; se os sadinos
triunfassem, tornar-se-iam líderes à passagem do primeiro terço do campeonato.
Mesmo privado de unidades
importantes como Vítor Baía, Derlei e McCarthy, os portistas, então campeões
nacionais e europeus em título, inauguraram o marcador aos 24 minutos, através de
um cabeceamento certeiro de Jorge Costa na resposta a um canto executado no
lado esquerdo pelo brasileiro Diego. Lembrava-me bem do golo, apontado na
baliza sul do Bonfim.
O mesmo Jorge Costa foi expulso
ainda antes do intervalo por acumulação de amarelos, algo de que já não me
recordava bem. Ainda assim, de nada valeu aos setubalenses
uma parte inteira a jogar contra dez. O resultado terminou 0-1 e o Vitória
não conseguiu quebrar um jejum que ainda hoje se mantém: desde 1989
que não vence o FC Porto, sendo que o último triunfo em Setúbal remonta a
1983.
“Dragão sem chama lidera. FC
Porto manteve tradição de 22 anos e venceu em Setúbal, liderando isolado. Sem
arte, nem engenho. O Vitória
de Setúbal dispôs de uma excelente oportunidade para regressar à liderança
da Superliga, mas o FC Porto puxou dos galões de campeão e mesmo a jogar com
dez, segurou um golo de vantagem durante mais de 45 minutos, garantindo três
pontos que o recolocaram isolado no topo da classificação”, escreveu o Diário de Notícias no dia seguinte.
Apesar da derrota, José
Couceiro conquistou a admiração de Pinto da Costa e, soube-se depois, o
presidente portista ofereceu uma gravata ao então treinador do Vitória.
A revelação foi feita cerca de dois meses depois, 1 de fevereiro do ano
seguinte, quando Couceiro
foi apresentado como técnico do FC Porto. “Curiosamente, ele hoje enverga uma
gravata que lhe ofereci aquando do último Vitória
de Setúbal-FC Porto. Dei-lhe a gravata e disse-lhe que queria que a
guardasse para a estrear no dia em que fosse apresentado pelo FC Porto. Só não
esperava que fosse tão cedo”, confessou o líder dos azuis e brancos.
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