sexta-feira, 23 de julho de 2021

Os 10 jogadores portugueses com mais jogos na Liga Russa

Dez jogadores que atuaram no campeonato russo
Prestes a iniciar a sua 30.ª edição, a Liga Russa foi fundada em 1992, após a dissolução da União Soviética, disputada por 50 clubes e coroou seis como campeões: Spartak Moscovo (10), Zenit (sete), CSKA Moscovo (seis), Lokomotiv Moscovo (três), Rubin Kazan (dois) e Alania (um).
 
Para encontrar pela primeira vez a presença de um jogador português no campeonato russo é preciso recuar até 2000, quando o ponta de lança Filipe Azevedo reforçou o Lokomotiv.
 
No total, 25 futebolistas portugueses atuaram na Primeira Liga Russa e seis venceram a prova: Danny (três pelo Zenit), Neto, Fernando Meira e Bruno Alves (todos dois pelo Zenit) e Éder e Manuel Fernandes (ambos um pelo Lokomotiv Moscovo).
 
Vale por isso a pena recordar os 10 jogadores portugueses com mais jogos na Liga Russa.
 
 

10. Ricardo Silva (25 jogos)

Ricardo Silva
Defesa central com larga experiência na I Liga portuguesa, ao serviço de clubes como Marítimo, União de Leiria, FC Porto, Vitória de Guimarães, Boavista e Beira-Mar, ingressou no Shinnik no início de 2008, tendo sido orientado por Sergei Iuran, antigo jogador de Benfica e FC Porto.
Na primeira época no emblema da cidade de Iaroslavl disputou 25 jogos na Liga Russa (todos como titular) e apontou três golos, diante de Tom Tomsk, Spartak Moscovo e Zenit. No entanto, mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão permaneceu mais um ano no clube, no segundo escalão, e depois voltou ao futebol português para vestir a camisola do Vitória de Setúbal.
 
 


9. Jorge Ribeiro (27 jogos)

Jorge Ribeiro
Lateral esquerdo que estava no Gil Vicente por empréstimo do Varzim e que tinha sido chamado à seleção nacional meses antes, foi contratado pelo Dínamo Moscovo no início de 2005, tal como, entre outros, o irmão mais velho Maniche.
“Estava em Braga em casa de um casal amigo e toca o telefone. Tinha de estar às 7h30 em Lisboa [do dia seguinte] para ir para a Turquia [onde o Dínamo estava em estágio]. Fiz a viagem [para Lisboa] a pensar na família e comecei a chorar. Não sabia para o que ia. No aeroporto, vi o Cícero e o Frechaut. Fiquei contente, tinha com quem falar”, recordou ao Maisfutebol em fevereiro de 2017.
Titularíssimo no emblema moscovita, foi titular nos 27 jogos que disputou no campeonato nessa época e apontou quatro golos, diante de Spartak Moscovo, Saturn, FC Moscovo e Spartak Vladikavkaz.
O bom desempenho na Liga Russa permitiu-lhe regressar à equipa das quinas em novembro de 2005 e dar o salto para o Málaga, ainda que por empréstimo, no início do ano seguinte.
Entretanto também esteve cedido ao Desp. Aves, tendo saído a título definitivo para o Boavista no verão de 2007.
 
 

8. Ricardo Alves (31 jogos)

Ricardo Alves
Médio de características defensivas internacional jovem português e formado no FC Porto ao lado de jogadores como Kadú, João Novais, Tozé, Fábio Martins, Christian Atsu e Mikel Agu, passou por Belenenses, Portimonense, pelos romenos do Rapid Bucareste e pelos eslovenos do Olimpija Ljubljana antes de ingressar nos russos do Oremburgo, propriedade da Gazprom e situado perto da fronteira com o Cazaquistão, no verão de 2018.
“Não conhecia o clube nem a cidade, mas um colega meu da Eslovénia tinha chegado cá no mês anterior e informei-me com ele quando recebi a proposta. Fiz-lhe algumas perguntas, ele disse-me que o projeto era bom e eu acabei por aceitar. Mas quando aqui aterrei, pensei: ‘Onde é que eu vim meter-me?’”, confessou ao Maisfutebol em outubro de 2019.
Na primeira época no clube contribuiu para a obtenção do histórico 7º lugar ao participar em dez jogos no campeonato (três a titular) e apontar três golos, diante de Arsenal Tula, Ufa e Spartak Moscovo.
Já em 2019-20 foi utilizado em 21 encontros (todos a titular) e faturou por três vezes, frente a Rubin Kazan, Ural e Krylya Sovetov, mas mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
“[O campeonato russo] é muito competitivo, há muitos dérbis, muitos clubes candidatos ao título e as equipas de baixo podem surpreender a qualquer momento”, contou, não tão elogioso para com a simpatia do povo russo: “É um povo um pouco frio. Eu chego aqui e cumprimento toda a gente. Eles não: podem chegar e sentar-se sem dizer nada. Eu sou uma pessoa que gosta de comunicar e essa barreira foi um bocado complicada de ultrapassar nos primeiros meses. Os russos não percebem muitas brincadeiras. Às vezes lanças uma piada e eles ficam a olhar para ti [risos]. Estou aqui há um ano e tal e ainda não fui tomar um café com nenhum russo. É um povo diferente, mais resguardado e que não dá muita abertura a quem vem de fora.”
Após a descida de divisão permaneceu mais alguns meses no clube, rumando depois ao Krylya Sovetov, clube que ajudou a chegar à final da Taça da Rússia e a subir à I Liga Russa em 2021.
 
 
 

7. Fernando Meira (33 jogos)

Fernando Meira
Defesa central/médio defensivo internacional português, reforçou o Zenit no início de 2009, aos 30 anos, numa altura em que já tinha deixado de fazer parte das contas da seleção nacional, após ter marcado presença no Mundial 2006 e no Euro 2008, e em que já contava no currículo com um campeonato da Alemanha.
“O treinador do Zenit [Dick Advocaat] ligou-me em janeiro a dizer que queria contratar-me. Foi uma decisão muito difícil. Ainda cheguei a ir a São Petersburgo com a minha mulher para ver o estilo de vida, a cidade. O contrato era de facto incrível e quase irrecusável. Foi o caso. Mas infelizmente os meus filhos não puderam ir comigo, porque a escola internacional era vergonhosa”, contou à Tribuna Expresso em julho de 2017.
Na primeira época em São Petersburgo atuou em 22 encontros e marcou um golo ao Tom Tomsk, mas deixou de ser utilizado a partir da 24.ª jornada.
Nas temporadas seguintes confirmou-se a perda da titularidade, não tendo ido além de onze partidas (seis a titular) no ano e meio que se seguiu. Ainda assim, contribuiu para a conquista de dois campeonatos (2010 e 2011-12), uma Taça da Rússia (2009-10) e uma Supertaça (2011) antes de rescindir em janeiro de 2011.
 
 

6. Bruno Alves (67 jogos)

Bruno Alves
Defesa central internacional português, titularíssimo no eixo defensivo da seleção nacional, colocou um ponto final a um longo trajeto no FC Porto quando assinou pelo Zenit no verão de 2010.
Nesse ano só foi a tempo de jogar a segunda metade da época na Rússia, mas ainda assim foi titular nos 13 encontros que disputou, contribuindo para a conquista de um título que fugia desde 2007.
Em 2011-12 venceu a Supertaça da Rússia e sagrou-se bicampeão, tendo atuado em 34 partidas (30 a titular) no campeonato.
Na temporada que se seguiu perdeu algum espaço, sobretudo após a chegada do compatriota Luís Neto, não indo além de 20 jogos (19 a titular) e um golo ao Akhmat Grozny na liga.
No verão de 2013 transferiu-se para os turcos do Fenerbahçe.
 
 
 

5. Eder (83 jogos)

Eder
Herói nacional no Euro 2016, não teve vida fácil em França após o Campeonato da Europa e no verão de 2017 acabou por ser emprestado pelos gauleses do Lille ao Lokomotiv Moscovo. “Tinha algumas equipas interessadas, mas foi o Marko Basa, antigo colega no Lille e que já tinha passado pelo Lokomotiv Moscovo, que me falou bem do clube”, contou ao portal da UEFA.
Na primeira época não foi além de quatro golos em 18 partidas (nove a titular), mas festejou a conquista do campeonato russo, que fugia aos moscovitas desde 2004. Rostov, Dínamo Moscovo, Tosno e Zenit, este último no jogo que garantiu o título, foram as vítimas de Eder.
Entretanto assinou a título definitivo pelo Lokomotiv, mas nunca se afirmou como um goleador nas três temporadas que se seguiram na capital da Rússia. Entre 2018-19 e 2020-21 amealhou mais 65 encontros (42 a titular) e apenas sete golos, mas conquistou a Taça da Rússia em 2018-19 e 2020-21 e a Supertaça em 2019.
A 30 de junho de 2021 terminou contrato e deixou Moscovo.
 
 
 

4. Márcio Abreu (89 jogos)

Márcio Abreu
Talvez o jogador menos mediático desta lista, até porque nunca foi internacional português nas camadas jovens e passou discreto na equipa principal do Marítimo, único clube que representou na I Liga lusa, entre 2000 e 2004.
No início de 2011, após ter passado pela Camacha nos campeonatos não profissionais e pelos búlgaros do Chernomorets, assinou pelo Krasnodar, então recém-promovido à I Liga russa. “No início do ano fiz uns testes no Krasnodar, quando eles estagiavam na Turquia, e gostaram de mim. Assinei por 18 meses”, contou ao Maisfutebol.
Ao longo de três temporadas no clube amealhou um total de 89 encontros (78 a titular) e nove golos no campeonato, despedindo-se em 2014 com o primeiro apuramento da história do clube para as competições europeias.
Entretanto fez uma pausa na carreira, apesar de ter chegado a assinar pelo Torpedo Moscovo em julho de 2014, tendo regressado aos relvados em 2016-17 com a camisola da Camacha.
 
 
 

3. Neto (117 jogos)

Luís Neto
Defesa central que no futebol português tinha representado Varzim e Nacional, chegou ao Zenit no início de 2013, proveniente dos italianos do Siena, clube que representou durante apenas meio ano.
“O Zenit surge na altura em que abre o mercado. Falava-se na oportunidade de eu ir para um clube maior em Itália, só que o Siena estava a passar por alguns problemas financeiros, na altura pagavam de três em três meses e em janeiro necessitavam de pagar muitos salários e não me queriam emprestar. Os clubes davam 1 milhão, não davam mais, e o Siena tentou fazer a melhor venda possível. Na altura era o Zenit de São Petersburgo e o Dínamo de Kiev que estavam interessados. Entretanto, fechou o mercado, mas como ainda ficava aberto para o leste, eu pensava que já não saía ou que ficava até maio, a minha intenção era ficar até maio e depois continuar no futebol italiano. Mas um pouco à semelhança do que aconteceu com o Nacional, o Siena tinha chegado a acordo com o Zenit e um dia estava a sair para o treino e ligaram-me. ‘Estás dispensado do treino, vem ter a Milão que vamos negociar o teu contrato. Chegámos a acordo com um clube e queremos que estejas a par de tudo’. E foi assim”, contou à Tribuna Expresso em julho de 2018.
“Penso que tinha a ideia que toda a gente tinha, que era a de um país não só frio a nível de temperatura, mas também a nível cultural. Falei com o Bruno e com o Danny e as primeiras coisas que me disseram foi: ‘Pega nas malas e vem-te embora. Não tens problema nenhum, estás connosco’. A realidade é que tinha muitos russos na equipa que faziam parte da seleção e o ambiente não era o mais saudável. Mas era uma grande equipa e ia dar um salto quer a nível financeiro, quer a nível de jogar competições europeias”, prosseguiu o defesa, que foi para a Rússia ganhar “três, quatro vezes mais”.
Com impacto imediato na equipa de São Petersburgo, destronou o habitual titular Bruno Alves e assumiu muito rapidamente um lugar no eixo defensivo da equipa, tendo mantido a presença assídua no onze inicial durante quatro temporadas e meia, até 2017, quando Roberto Mancini assumiu o comando técnico. Em 2017-18 esteve emprestado aos turcos do Fenerbahçe, mas na época seguinte regressou à Rússia para se despedir do clube.
Feitas as contas, entre 2013 e 2019 amealhou 117 partidas (105 a titular) e um golo na liga russa, tendo conquistado dois campeonatos (2014-15 e 2018-19), uma taça (2015-16) e duas supertaças (2015 e 2016). Foi neste período que somou as 19 internacionalizações que contabiliza pela seleção principal.
No verão de 2019 terminou contrato e rumou ao Sporting.
 
 
 

2. Manuel Fernandes (119 jogos)

Manuel Fernandes
Médio que despontou no Benfica e que passou por alguns clubes importantes no futebol europeu como Everton, Valencia e Besiktas, reforçou o Lokomotiv no verão de 2014, aos 28 anos, numa altura em que aparentava já ser carta fora do baralho para a seleção nacional.
No entanto, este centrocampista viveu na capital russa algumas das melhores temporadas da carreira, tendo amealhado um total de 103 encontros (86 a titular) e 25 golos pelos moscovitas entre 2014 e 2019, período em que conquistou um campeonato (2017-18) e três taças (2014-15, 2016-17 e 2018-19).
Na época em que ajudou o Lokomotiv a vencer o título que fugia ao clube desde 2004, convenceu Fernando Santos a convoca-lo para o Mundial 2018, realizado na… Rússia.
No verão de 2019 terminou contrato, mas permaneceu no campeonato russo, uma vez que se vinculou ao Krasnodar, clube pelo qual atuou em 16 partidas (10 a titular) e apontou dois golos na liga ao longo de uma temporada.
Em 2020 terminou contrato e regressou ao futebol turco.
 
 
 

1. Danny (265 jogos)

Danny
Quem mais poderia ser? Um dos oito jogadores pescados pelo Dínamo Moscovo no futebol português no início de 2005, foi contratado ao Sporting e rapidamente se tornou no futebolista luso com mais sucesso na Rússia.
Entre 2005 e 2008 disputou um total de 97 jogos (96 a titular) e apontou 17 golos no campeonato ao serviço do histórico emblema da capital.
Após três anos e meio de grande nível no Dínamo, transferiu-se para o Zenit em agosto de 2008 por 30 milhões de euros, naquela que é, ainda hoje, a maior transação de sempre entre emblemas russos.
Em São Petersburgo tornou-se rapidamente num ídolo. Pouco tempo após ter chegado ao clube marcou um dos golos que deu a vitória sobre o Manchester United na Supertaça Europeia. Nas temporadas que se seguiram conquistou ainda três campeonatos (2010, 2011-12 e 2014-15), duas taças (2009-10 e 2015-16) e uma supertaça (2011), tendo ainda totalizado 168 partidas (155 a titular) e 52 golos na liga russa entre 2008 e 2017.
Após 12 anos e meio na Rússia, mudou-se para o Slávia de Praga no verão de 2017. “Passei nove anos incríveis neste clube. Joguei sempre com garra, amor e paixão. Vesti sempre esta camisola com orgulho e, por isso, respeito a decisão de não renovarem comigo”, escreveu na altura Danny na sua conta oficial no Instagram.
Enquanto jogou no campeonato russo, Danny somou 38 internacionalizações e quatro golos pela seleção nacional, tendo marcado presença no Mundial 2010.
 












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