Dez jogadores que atuaram no campeonato russo |
Prestes a iniciar a sua 30.ª
edição, a Liga Russa foi fundada em 1992, após a dissolução da União Soviética,
disputada por 50 clubes e coroou seis como campeões: Spartak Moscovo (10), Zenit
(sete), CSKA
Moscovo (seis), Lokomotiv Moscovo (três), Rubin Kazan (dois) e Alania (um).
Para encontrar pela primeira vez
a presença de um jogador português no campeonato russo é preciso recuar até 2000,
quando o ponta de lança Filipe Azevedo reforçou o Lokomotiv.
No total, 25 futebolistas
portugueses atuaram na Primeira Liga Russa e seis venceram a prova: Danny (três
pelo Zenit),
Neto, Fernando Meira e Bruno Alves (todos dois pelo Zenit)
e Éder e Manuel Fernandes (ambos um pelo Lokomotiv Moscovo).
10. Ricardo Silva (25 jogos)
Ricardo Silva |
Defesa central com larga experiência na I
Liga portuguesa, ao serviço de clubes como Marítimo, União
de Leiria, FC
Porto, Vitória
de Guimarães, Boavista
e Beira-Mar, ingressou no Shinnik no início de 2008, tendo sido orientado por Sergei
Iuran, antigo jogador de Benfica
e FC
Porto.
Na primeira época no emblema da cidade de Iaroslavl disputou 25 jogos na
Liga Russa (todos como titular) e apontou três golos, diante de Tom Tomsk,
Spartak Moscovo e Zenit.
No entanto, mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão permaneceu mais um ano no clube, no segundo
escalão, e depois voltou ao futebol português para vestir a camisola do Vitória
de Setúbal.
9. Jorge Ribeiro (27 jogos)
Jorge Ribeiro |
Lateral esquerdo que estava no Gil
Vicente por empréstimo do Varzim e que tinha sido chamado à seleção
nacional meses antes, foi contratado pelo Dínamo Moscovo no início de 2005, tal
como, entre outros, o irmão mais velho Maniche.
“Estava em Braga em casa de um
casal amigo e toca o telefone. Tinha de estar às 7h30 em Lisboa [do dia
seguinte] para ir para a Turquia [onde o Dínamo estava em estágio]. Fiz a
viagem [para Lisboa] a pensar na família e comecei a chorar. Não sabia para o
que ia. No aeroporto, vi o Cícero e o Frechaut. Fiquei contente, tinha com quem
falar”, recordou ao Maisfutebol em fevereiro de 2017.
Titularíssimo no emblema
moscovita, foi titular nos 27 jogos que disputou no campeonato nessa época e
apontou quatro golos, diante de Spartak Moscovo, Saturn, FC Moscovo e Spartak
Vladikavkaz.
O bom desempenho na Liga Russa
permitiu-lhe regressar à equipa das quinas em novembro de 2005 e dar o salto
para o Málaga,
ainda que por empréstimo, no início do ano seguinte.
Entretanto também esteve cedido
ao Desp.
Aves, tendo saído a título definitivo para o Boavista
no verão de 2007.
8. Ricardo Alves (31 jogos)
Ricardo Alves |
Médio de características
defensivas internacional jovem português e formado no FC
Porto ao lado de jogadores como Kadú,
João Novais, Tozé, Fábio Martins, Christian Atsu e Mikel
Agu, passou por Belenenses,
Portimonense,
pelos romenos do Rapid Bucareste e pelos eslovenos do Olimpija Ljubljana antes
de ingressar nos russos do Oremburgo, propriedade da Gazprom e situado perto da
fronteira com o Cazaquistão, no verão de 2018.
“Não conhecia o clube nem a
cidade, mas um colega meu da Eslovénia tinha chegado cá no mês anterior e
informei-me com ele quando recebi a proposta. Fiz-lhe algumas perguntas, ele
disse-me que o projeto era bom e eu acabei por aceitar. Mas quando aqui
aterrei, pensei: ‘Onde é que eu vim meter-me?’”, confessou ao Maisfutebol em outubro de 2019.
Na primeira época no clube
contribuiu para a obtenção do histórico 7º lugar ao participar em dez jogos no
campeonato (três a titular) e apontar três golos, diante de Arsenal Tula, Ufa e
Spartak Moscovo.
Já em 2019-20 foi utilizado em 21
encontros (todos a titular) e faturou por três vezes, frente a Rubin Kazan,
Ural e Krylya Sovetov, mas mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
“[O campeonato russo] é muito
competitivo, há muitos dérbis, muitos clubes candidatos ao título e as equipas
de baixo podem surpreender a qualquer momento”, contou, não tão elogioso para
com a simpatia do povo russo: “É um povo um pouco frio. Eu chego aqui e
cumprimento toda a gente. Eles não: podem chegar e sentar-se sem dizer nada. Eu
sou uma pessoa que gosta de comunicar e essa barreira foi um bocado complicada
de ultrapassar nos primeiros meses. Os russos não percebem muitas brincadeiras.
Às vezes lanças uma piada e eles ficam a olhar para ti [risos]. Estou aqui há
um ano e tal e ainda não fui tomar um café com nenhum russo. É um povo
diferente, mais resguardado e que não dá muita abertura a quem vem de fora.”
Após a descida de divisão
permaneceu mais alguns meses no clube, rumando depois ao Krylya Sovetov, clube
que ajudou a chegar à final da Taça da Rússia e a subir à I Liga Russa em 2021.
7. Fernando Meira (33 jogos)
Fernando Meira |
Defesa central/médio defensivo
internacional português, reforçou o Zenit
no início de 2009, aos 30 anos, numa altura em que já tinha deixado de fazer
parte das contas da seleção nacional, após ter marcado presença no Mundial 2006
e no Euro 2008, e em que já contava no currículo com um campeonato
da Alemanha.
“O treinador do Zenit
[Dick Advocaat] ligou-me em janeiro a dizer que queria contratar-me. Foi uma
decisão muito difícil. Ainda cheguei a ir a São
Petersburgo com a minha mulher para ver o estilo de vida, a cidade. O
contrato era de facto incrível e quase irrecusável. Foi o caso. Mas
infelizmente os meus filhos não puderam ir comigo, porque a escola
internacional era vergonhosa”, contou à Tribuna Expresso em julho de 2017.
Na primeira época em São
Petersburgo atuou em 22 encontros e marcou um golo ao Tom Tomsk, mas deixou
de ser utilizado a partir da 24.ª jornada.
Nas temporadas seguintes
confirmou-se a perda da titularidade, não tendo ido além de onze partidas (seis
a titular) no ano e meio que se seguiu. Ainda assim, contribuiu para a
conquista de dois campeonatos (2010 e 2011-12), uma Taça da Rússia (2009-10) e
uma Supertaça (2011) antes de rescindir em janeiro de 2011.
6. Bruno Alves (67 jogos)
Nesse ano só foi a tempo de
jogar a segunda metade da época na Rússia, mas ainda assim foi titular nos 13
encontros que disputou, contribuindo para a conquista de um título que fugia
desde 2007.
Em 2011-12 venceu a Supertaça
da Rússia e sagrou-se bicampeão, tendo atuado em 34 partidas (30 a titular) no
campeonato.
Na temporada que se seguiu
perdeu algum espaço, sobretudo após a chegada do compatriota Luís Neto, não
indo além de 20 jogos (19 a titular) e um golo ao Akhmat Grozny na liga.
No verão de 2013 transferiu-se
para os turcos do Fenerbahçe.
5. Eder (83 jogos)
Eder |
Herói nacional no Euro 2016, não
teve vida fácil em França após o Campeonato da Europa e no verão de 2017 acabou
por ser emprestado pelos gauleses do Lille ao Lokomotiv Moscovo. “Tinha algumas
equipas interessadas, mas foi o Marko Basa, antigo colega no Lille e que já
tinha passado pelo Lokomotiv Moscovo, que me falou bem do clube”, contou ao portal
da UEFA.
Na primeira época não foi além de
quatro golos em 18 partidas (nove a titular), mas festejou a conquista do
campeonato russo, que fugia aos moscovitas desde 2004. Rostov, Dínamo Moscovo,
Tosno e Zenit,
este último no jogo que garantiu o título, foram as vítimas de Eder.
Entretanto assinou a título
definitivo pelo Lokomotiv, mas nunca se afirmou como um goleador nas três
temporadas que se seguiram na capital da Rússia. Entre 2018-19 e 2020-21
amealhou mais 65 encontros (42 a titular) e apenas sete golos, mas conquistou a
Taça da Rússia em 2018-19 e 2020-21 e a Supertaça em 2019.
A 30 de junho de 2021 terminou
contrato e deixou Moscovo.
4. Márcio Abreu (89 jogos)
Márcio Abreu |
Talvez o jogador menos mediático
desta lista, até porque nunca foi internacional português nas camadas jovens e
passou discreto na equipa principal do Marítimo, único clube que representou na
I
Liga lusa, entre 2000 e 2004.
No início de 2011, após ter
passado pela Camacha
nos campeonatos não profissionais e pelos búlgaros do Chernomorets, assinou
pelo Krasnodar, então recém-promovido à I Liga russa. “No início do ano fiz uns
testes no Krasnodar, quando eles estagiavam na Turquia, e gostaram de mim.
Assinei por 18 meses”, contou ao Maisfutebol.
Ao longo de três temporadas no
clube amealhou um total de 89 encontros (78 a titular) e nove golos no
campeonato, despedindo-se em 2014 com o primeiro apuramento da história do
clube para as competições europeias.
Entretanto fez uma pausa na carreira,
apesar de ter chegado a assinar pelo Torpedo Moscovo em julho de 2014, tendo
regressado aos relvados em 2016-17 com a camisola da Camacha.
3. Neto (117 jogos)
“O Zenit
surge na altura em que abre o mercado. Falava-se na oportunidade de eu ir para
um clube maior em Itália, só que o Siena estava a passar por alguns problemas
financeiros, na altura pagavam de três em três meses e em janeiro necessitavam
de pagar muitos salários e não me queriam emprestar. Os clubes davam 1 milhão,
não davam mais, e o Siena tentou fazer a melhor venda possível. Na altura era o
Zenit
de São Petersburgo e o Dínamo de Kiev que estavam interessados. Entretanto,
fechou o mercado, mas como ainda ficava aberto para o leste, eu pensava que já
não saía ou que ficava até maio, a minha intenção era ficar até maio e depois
continuar no futebol italiano. Mas um pouco à semelhança do que aconteceu com o
Nacional, o Siena tinha chegado a acordo com o Zenit
e um dia estava a sair para o treino e ligaram-me. ‘Estás dispensado do treino,
vem ter a Milão que vamos negociar o teu contrato. Chegámos a acordo com um
clube e queremos que estejas a par de tudo’. E foi assim”, contou à Tribuna Expresso em julho de 2018.
“Penso que tinha a ideia que toda
a gente tinha, que era a de um país não só frio a nível de temperatura, mas
também a nível cultural. Falei com o Bruno e com o Danny e as primeiras coisas
que me disseram foi: ‘Pega nas malas e vem-te embora. Não tens problema nenhum,
estás connosco’. A realidade é que tinha muitos russos na equipa que faziam
parte da seleção e o ambiente não era o mais saudável. Mas era uma grande
equipa e ia dar um salto quer a nível financeiro, quer a nível de jogar
competições europeias”, prosseguiu o defesa, que foi para a Rússia ganhar
“três, quatro vezes mais”.
Com impacto imediato na equipa de
São
Petersburgo, destronou o habitual titular Bruno Alves e assumiu muito
rapidamente um lugar no eixo defensivo da equipa, tendo mantido a presença
assídua no onze inicial durante quatro temporadas e meia, até 2017, quando
Roberto Mancini assumiu o comando técnico. Em 2017-18 esteve emprestado aos
turcos do Fenerbahçe, mas na época seguinte regressou à Rússia para se despedir
do clube.
Feitas as contas, entre 2013 e
2019 amealhou 117 partidas (105 a titular) e um golo na liga russa, tendo
conquistado dois campeonatos (2014-15 e 2018-19), uma taça (2015-16) e duas supertaças
(2015 e 2016). Foi neste período que somou as 19 internacionalizações que
contabiliza pela seleção principal.
No verão de 2019 terminou
contrato e rumou ao Sporting.
2. Manuel Fernandes (119 jogos)
Manuel Fernandes |
Médio que despontou no Benfica
e que passou por alguns clubes importantes no futebol europeu como Everton,
Valencia e Besiktas, reforçou o Lokomotiv no verão de 2014, aos 28 anos, numa
altura em que aparentava já ser carta fora do baralho para a seleção nacional.
No entanto, este centrocampista
viveu na capital russa algumas das melhores temporadas da carreira, tendo
amealhado um total de 103 encontros (86 a titular) e 25 golos pelos moscovitas
entre 2014 e 2019, período em que conquistou um campeonato (2017-18) e três
taças (2014-15, 2016-17 e 2018-19).
Na época em que ajudou o Lokomotiv
a vencer o título que fugia ao clube desde 2004, convenceu Fernando Santos a convoca-lo
para o Mundial 2018, realizado na… Rússia.
No verão de 2019 terminou
contrato, mas permaneceu no campeonato russo, uma vez que se vinculou ao
Krasnodar, clube pelo qual atuou em 16 partidas (10 a titular) e apontou dois
golos na liga ao longo de uma temporada.
Em 2020 terminou contrato e regressou
ao futebol turco.
1. Danny (265 jogos)
Danny |
Quem mais poderia ser? Um dos oito
jogadores pescados pelo Dínamo Moscovo no futebol português no início de 2005, foi
contratado ao Sporting
e rapidamente se tornou no futebolista luso com mais sucesso na Rússia.
Entre 2005 e 2008 disputou um
total de 97 jogos (96 a titular) e apontou 17 golos no campeonato ao serviço do
histórico emblema da capital.
Após três anos e meio de grande
nível no Dínamo, transferiu-se para o Zenit
em agosto de 2008 por 30 milhões de euros, naquela que é, ainda hoje, a maior
transação de sempre entre emblemas russos.
Em São
Petersburgo tornou-se rapidamente num ídolo. Pouco tempo após ter chegado
ao clube marcou um dos golos que deu a vitória sobre o Manchester
United na Supertaça Europeia. Nas temporadas que se seguiram conquistou
ainda três campeonatos (2010, 2011-12 e 2014-15), duas taças (2009-10 e
2015-16) e uma supertaça (2011), tendo ainda totalizado 168 partidas (155 a
titular) e 52 golos na liga russa entre 2008 e 2017.
Após 12 anos e meio na Rússia,
mudou-se para o Slávia de Praga no verão de 2017. “Passei nove anos incríveis
neste clube. Joguei sempre com garra, amor e paixão. Vesti sempre esta camisola
com orgulho e, por isso, respeito a decisão de não renovarem comigo”, escreveu
na altura Danny na sua conta oficial no Instagram.
Enquanto jogou no campeonato
russo, Danny somou 38 internacionalizações e quatro golos pela seleção nacional,
tendo marcado presença no Mundial 2010.
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