Major League Soccer arranca este sábado |
Começa este fim-de-semana mais
uma edição da Major League Soccer, pontuada pela inclusão de um novo
participante na contenda, o Austin FC. O duelo entre o Houston Dynamo e o San
Jose Earthquakes (na madrugada deste sábado, à 1.00 de Lisboa) abrirá as hostes da fase regular
da prova, onde 27 equipas agrupadas em duas conferências, digladiam-se ao longo
de 27 jornadas por um lugar nos playoffs.
Em território nacional, poderá
acompanhar a competição através dos canais Sport
TV, mas enquanto a bola não começa a rolar nos relvados
norte-americanos, o Soccer em Português
decide apontar os sete principais candidatos ao tão ambicionado título.
Los Angeles FC de Carlos Vela
Reduzir quase três dezenas de
clubes a apenas sete candidatos é uma tarefa árdua no contexto da Major League
Soccer, face aos princípios de equilíbrio financeiro colocados em prática, e
claro, à imprevisibilidade do sistema de playoffs.
Contudo, por mais equidade competitiva que possa existir, surge sempre um grupo
alargado de favoritos a levantar o troféu. Dentro desse grupo, emerge
claramente o Los Angeles FC. O
emblema californiano foi finalista vencido da última edição da Liga dos
Campeões, e esteve sempre entre os melhores do campeonato nos seus três anos de
vida, falhando repetidamente nos playoffs.
Obra de Bob Bradley, um dos técnicos mais experientes da liga, responsável por
montar uma equipa geneticamente ofensiva, que pratica um futebol positivo e prazeroso
de assistir. Deve bastante às estrelas ofensivas Carlos Vela (66 jogos/ 52 golos/ 29
assistências) e Diego Rossi (85 jogos/42 golos/ 20 assistências), por transformarem a sua visão e o seu
estilo de jogo preferencial em golos. No entanto, o clube pode vir a sofrer
pelo próprio sucesso. Uma das figuras do temível tridente atacante, Brian
Rodríguez, está emprestado ao Almería até ao Verão, e pode nem voltar, caso o
emblema espanhol assim o queira. Diego Rossi, na condição de jovem mais
promissor da MLS, corre o risco de receber uma proposta tentadora no Verão, e a
cobiça poderá muito bem estender-se ao médio colombiano Eduard Atuesta. O risco
de perder figuras essenciais do plantel durante o ano é real, embora seja justo
reconhecer que, se existe equipa capaz de sobreviver a um cenário destes, e
recompor-se a tempo de ser campeão, é o Los Angeles FC.
Atlanta United de Lisandro López e Gabriel Heinze
Logo atrás vem o Atlanta United. Depois de um 2020
sofrível, sem direito a playoffs, a direção
parece determinada em inverter completamente o rumo dos acontecimentos. Trouxe
Gabriel Heinze para o comando técnico, que por sua vez contratou um quarteto
argentino de qualidade, com potencial para ter um impacto imediato na equipa.
São eles Alan Franco (Independiente), Lisandro López (Racing Club), Marcelino
Moreno (Lanús) e Santiago Sosa (River Plate). As peças à disposição parecem ser
as certas para alcançar o êxito já em 2021, mas para isso acontecer, duas
figuras precisam de assumir um papel mais assertivo e confirmar o seu real
talento. Falamos de Ezequiel Barco, que caminha para o seu quarto ano em
Atlanta sem especial protagonismo, e do próprio Gabriel Heinze, que terá a
oportunidade de orientar uma equipa com claros objetivos de ganhar títulos, e
de mostrar o que vale. Para já, o Atlanta United acabou de garantir o acesso
aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, após eliminar os costa-riquenhos do
Alajuelense.
Inter Miami de Beckham, Phil Neville, Matuidi, Higuaín e Gibbs
Uma fria análise aos plantéis
presentes na Major League Soccer leva-nos obrigatoriamente a considerar o Inter Miami um forte candidato ao
título, pese embora a desilusão que foi a sua temporada inaugural. O clube de
David Beckham vai tentar virar a página com a troca do mexicano Diego Alonso
por Phil Neville no cargo de treinador, e ninguém sabe como será a primeira
grande aventura de Neville no futebol masculino, que como técnico principal,
apenas orientou a seleção feminina inglesa. Terá à sua disposição um plantel
recheado de talentos incontornáveis como Blaise Matuidi, Gonzalo Higuaín ou
Rodolfo Pizarro, bem como o internacional inglês Kieran Gibbs, que chegará no
Verão. Esperemos para ver se esta equipa tão promissora no papel consegue
demonstrar em campo todo o seu potencial teórico. A começar por Higuaín, que
conseguiu fechar 2020 com um registo inacreditável de apenas um golo marcado em
800 minutos.
Columbus Crew de Pedro Santos
Na qualidade de campeão em
título, o Columbus Crew também
integra justamente a lista dos favoritos ao troféu, sobretudo por não ter
registado mexidas substanciais no plantel vencedor. Esta estabilidade e
confiança acabam de ser asseguradas pela forma clarividente como acabaram de
dizimar o Real Esteli da Nicarágua, rumo aos quartos-de-final da Liga dos
Campeões. Face à temporada anterior, o conjunto onde milita o português Pedro
Santos conseguiu manter o seu onze base invejável intacto, e foi ao mercado
buscar segundas linhas de qualidade que colocam o plantel na rota do
bicampeonato. Lucas Zelarayán continua a ser a estrela mais brilhante de uma
equipa sem renomadas figuras internacionais, mas com um valor coletivo bem
acima da média, excelentemente orientada por Caleb Porter. Depois de outsiders
em 2020, o Columbus Crew conquistou de forma incontestável o estatuto de
favorito em 2021.
Seattle Sounders de Lodeiro, Ruidíaz, Gómez Andrade e Frei
Com melhores ou piores plantéis à
sua disposição, o Seattle
Sounders sempre conseguiu chegar aos playoffs, e muitas das vezes, às fases mais avançadas, resultado de
uma estrutura competente que sabe manter o clube no topo. Aliás, desde 2016 que
temos vindo a assistir no cenário futebolístico norte-americano a uma discreta
hegemonia do Sounders na Major League Soccer (previamente destacada pelo Soccer
em Português), e não é porque esta pré-época tem sido particularmente
desafiante para os vice-campeões que os devemos desconsiderar. A hegemonia só
termina quando o Sounders
permitir. É verdade que Jordan Morris, um dos seus melhores jogadores, lesionou-se
com extrema gravidade e irá perder provavelmente toda a temporada. Também é
verdade que o plantel parece menos robusto do que em anos anteriores, e o
treinador Brian Schmetzer será obrigado a mudar o habitual 4x3x3 para um 3x5x2,
tendo em consideração as unidades disponíveis. Contudo, figuras de talento
inquestionável como Nicolás Lodeiro, Raúl Ruidíaz, Yeimar Gómez Andrade ou
Stefan Frei permanecem, tal como o tradicional espírito competitivo. Antevê-se
um grupo em trajetória crescente ao longo do ano, capaz de se reforçar
cirurgicamente no verão, e chegar em grande forma à reta final da competição.
Portland Timbers de Diego Valeri, Blanco, Chará e Felipe Mora
O Portland Timbers dá o pontapé de saída na Major League Soccer
recheado de confiança, fruto da goleada por 5-0 imposta ao Marathón das
Honduras, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. De facto, o poderio
ofensivo da equipa é assinalável, ao olharmos para elementos como Diego Valeri,
Sebastián Blanco, Yimmi Chará ou Felipe Mora. Porém, as principais limitações
do Timbers residiam invariavelmente no sector mais recuado, e no sentido de as
corrigir adequadamente, surgiram as contratações dos laterais de valor
assegurado Claudio Bravo (Banfield) e Jose Van Rankin (Guadalajara). A
consistência do seu plantel coloca-o neste grupo de favoritos à conquista do
troféu, embora existam questões legítimas relativamente à condição física de
muitos dos jogadores no decorrer da temporada, que podem vir a ser fatais para
as aspirações do clube.
Minnesota United de Ábila e Reynoso
Por último, Minnesota United. A equipa que, o ano passado, viu esfumar-se nos
últimos minutos o acesso à final da MLS, procurará certamente melhor sorte em
2021. Extremamente sólida defensivamente, acabou de garantir a contratação do
argentino Ramon Ábila (Boca Juniors), o homem-golo que faltava para tornar este
conjunto numa ameaça ofensiva minimamente credível. O virtuoso compatriota
Emanuel Reynoso tem agora alguém à altura para se entreter no ataque. No espaço
de quatro anos o Minnesota United passou de pior equipa a uma das mais difíceis
de derrotar no campeonato, característica bastante útil nas fases a eliminar,
muito pelo trabalho desenvolvido pelo treinador Adrian Heath, que reconhece a
importância de processos defensivos consolidados e a necessidade de unidades
competentes nesse sector.
Trabalho realizado por António Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário