Raúl e companhia ficarem em branco diante da Grécia em 2003 |
Espanha sucedeu em 2008 à Grécia
como campeã europeia e as duas seleções até se defrontaram nos Campeonatos da
Europa de 2004 e 2008, mas a minha primeira memória de um jogo entre as equipas
nacionais dos dois países remonta a junho de 2003, quando se defrontaram no
Estádio La Romareda, em Saragoça, para a fase de qualificação para o Euro 2004.
A Grécia venceu em terreno
espanhol por 1-0, o que chamou à atenção. Afinal, la roja era uma seleção sempre muito competitiva e resiliente,
difícil de bater e que tinha jogadores que faziam parte de algumas das melhores
equipas do mundo naquela altura, como Casillas,
Míchel Salgado, Helguera, Raúl e Morientes no Real Madrid, Puyol no Barcelona
e, sim, também Valerón no Deportivo e Vicente no Valência.
Já os helénicos não tinham
marcado presença nas duas fases finais que tinha acompanhado, o Euro 2000 e o Mundial
2002, pelo que não eram, aos meus olhos, uma seleção forte. Ainda assim, a
nível de clubes a Grécia atravessava um bom momento, conseguindo levar por quatro
vezes (1998-99, 2000-01, 2001-02 e 2002-03) dois emblemas à fase de grupos da Liga
dos Campeões no espaço de cinco épocas – curiosamente, na temporada que se
seguiu até levou três. E nesse espaço temporal o Olympiacos
atingiu os quartos de final em 1998-99, feito imitado pelo Panathinaikos em 2001-02.
De certa forma, o golo solitário
de Stelios Giannakopoulos (42 minutos) através de um remate de fora da área em
Saragoça acabou por ser o clique elevou a seleção grega para um patamar mais
elevado, numa caminhada que haveria de culminar com a conquista do título
europeu em Lisboa. Curiosamente, para Espanha também foi um clique, uma vez que
só voltou a ser derrotada em casa 15 anos depois, numa receção a Inglaterra em
outubro de 2018 – pelo meio, somou 34 vitórias e quatro empates.
Contudo, para os olhos de
qualquer amante do futebol não tinha sido a Grécia que foi ganhar em solo
espanhola, mas sim Espanha que se deixou perder em casa nessa noite de 7 de
junho de 2003. Esse sentimento acabou por ficar refletido na forma como o
jornal O Jogo abordou o assunto no
dia seguinte: “A seleção espanhola, claramente favorita ao primeiro lugar do
Grupo 6, comprometeu o apuramento para a fase final do Campeonato da Europa de
2004. Os comandados de Iñaki Saéz, sucessor de José António Camacho e anterior selecionador
dos sub-21 espanhóis, foram surpreendidos em Saragoça.”
“A Espanha continua a liderar o
Grupo 6, mas agora com a Grécia e a Ucrânia à perna. Mesmo sem realizar uma
grande exibição, a equipa espanhola criou diversas oportunidades para marcar,
só que encontrou pela frente um guarda-redes (Nikopolidis) em noite inspirada.
Os gregos até viram o azar bater-lhes à porta à passagem dos 34 e dos 36
minutos, altura em que o alemão Otto Rehhagel teve de fazer duas substituições
forçadas, mas foi premiado com o golo do veloz Giannakopoulos, extremo do Olympiakos.
Surpreendida, a seleção espanhola ainda tentou dar a volta ao texto, mas as
suas tentativas ofensivas não tiveram efeitos práticos, mesmo quando a Grécia
teve de jogar os últimos 10 minutos com menos um, devido à expulsão de
Venetidis”, podia ler-se no periódico desportivo.
A seleção grega acabou por
ascender ao primeiro lugar do grupo e assegurar um surpreendente apuramento
direto para o Euro 2004, à frente das mais cotadas Espanha e Ucrânia. Já la roja foi forçada a jogar o tudo ou
nada num playoff em que bateu a
Noruega.
Porém, o destino colocou
novamente helénicos e nuestros hermanos
em rota de colisão na fase de grupos do Euro 2004. Depois de na jornada
inaugural a Grécia ter surpreendido Portugal no Dragão e Espanha ter cumprido a
obrigação de vencer a Rússia no Algarve, as duas seleções defrontaram-se no
Bessa.
Espanha até começou melhor,
inaugurando o marcador aos 28 minutos através de Fernando Morientes, mas
haveria de permitir o empate a meio da segunda parte. Para os gregos marcou Angelos
Charisteas, que haveria de ser também o carrasco de França (quartos de final) e
Portugal (final) na competição.
“Quem só no final do jogo
chegasse ao Estádio do Bessa iria pensar que a Grécia vencera a seleção
espanhola, tal a forma efusiva como os helénicos celebraram o empate. Mas, de
facto, não era caso para menos. Com o empate de ontem, a seleção grega, que era
apontada como o elo mais fraco do grupo A, depende apenas de si para chegar aos
quartos-de-final. Surpresa? Só para quem não viu os dois jogos helénicos”,
resumiu o Diário de Notícias.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Grécia e Espanha de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
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