Por muito que puxe pela cabeça,
não consigo recordar-me de um jogo entre Manchester United e Arsenal
antes do duplo confronto entre ambos nas meias-finais da Liga
dos Campeões em 2008-09.
Nessa altura, era a formação
orientada por Alex
Ferguson que tinha a hegemonia em Inglaterra,
conseguindo até estender esse domínio ao nível europeu, até porque um
ano antes tinha conquistado a Champions em Moscovo após bater o vizinho Chelsea
no desempate por grandes penalidades.
Da equipa que tinha vencido a Liga
dos Campeões em 1999, já pouco restava. Apenas Scholes, Giggs e Gary
Neville. Após alguns erros de casting,
Van der Sar era finalmente um digno sucessor de Schmeichel. Vidic e Ferdinand
formavam uma das melhores duplas de centrais do mundo. Evra era o dono e senhor
de um lado esquerdo da defesa que durante muitos anos foi ocupado por Irwin. Carrick
e Fletcher ocupavam vagas no meio-campo que antes pertenciam a Roy Keane e Butt.
Já não haviam os livres e cruzamentos teleguiados de David Beckham, mas faziam
furor em Old Trafford os dribles mágicos de Cristiano
Ronaldo. E no eixo do ataque a dupla composta por Andy Cole e Dwight Yorke deu
lugar aos mais móveis Wayne Rooney e Carlos Tévez – pelo meio, Ruud van Nistelrooy
fez uma notável transição entre as duas gerações.
O Arsenal
também já pouco tinha a ver com a equipa que na viragem do milénio venceu por
três vezes o título inglês e que conquistou outros troféus importantes. Da equipa
titular dos campeões nacionais invictos em 2003-04, restava talvez o seu patinho
feio, o central costa-marfinense Kolo Touré, além do eterno Arsène
Wenger no comando técnico. Lehmann na baliza? Não: o modesto Almunia. Ashley
Cole a atacar e defender com grande qualidade no lado esquerdo? Não: Gibbs a
fazer os possíveis. Vieira e Gilberto Silva a segurarem o meio-campo? Não:
tinham de se contentar com Diaby ou Song. Henry e Bergkamp no ataque? Não: Adebayor
ou Bendtner. Também já não havia Pires ou Ljungberg, mas havia Cesc Fàbregas a
afirmar-se como o maestro da orquestra dos gunners
e um dos melhores médios do mundo naquela altura.
“O Manchester United ganhou
vantagem sobre o Arsenal
num jogo em que foi muito superior. Aos gunners
valeu, sobretudo, Almunia. Ronaldo
foi um dos melhores e merecia o golo que tanto procurou. Anderson foi outro dos
destaques na equipa de Ferguson,
que, desta feita, nem para o banco levou Nani. Alex
Ferguson havia dito, na antevisão do encontro, que ficaria muito satisfeito
com uma vitória por 1-0, e a verdade é que o Manchester United lhe fez a
vontade. Contudo, olhando para o que se passou no relvado, o treinador
dos red devils deve ter ficado
certamente desiludido, tal foi a superioridade demonstrada pela sua equipa
diante de um Arsenal
que conseguiu um resultado muito lisonjeiro”, resumiu o jornal O Jogo, acerca de um encontro cuja
transmissão recordo não ter assistido.
A segunda-mão, no Estádio
Emirates, prometia. O Arsenal
jogava em casa e a vantagem do Manchester United era curta. Previa-se, por isso,
um encontro emocionante e espetacular. A parte do espetacular confirmou-se. A
emoção é que se perdeu logo nos primeiros minutos.
Na segunda parte, Cristiano
Ronaldo fez o terceiro para o United (61’), de nada valendo o penálti
convertido em golo por Robin van Persie já na reta final (76’).
“Ronaldo
calou 60 mil. Uma assistência e dois golos deram brilho a uma exibição de gala
do CR7,
decisivo na qualificação para a final, tal como nas eliminatórias anteriores.
Manchester United vai defender, com todo o mérito, o título de campeão europeu.
Mas, se a exibição dos red devils em Londres
foi exemplar, o que dizer da prestação de Ronaldo?
Fantástica é a palavra adequada, dando razão aos elogios de Alex
Ferguson na véspera, quando salientou o regresso à boa forma do extremo,
que voltou a ser determinante, como já havia sucedido nos segundos jogos com o
Inter e o FC
Porto”, sintetizou o jornal O Jogo.
Na
final da Champions, o Manchester United foi derrotado pelo Barcelona, que nas
meias-finais eliminou o Chelsea com muita polémica à mistura.
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