Fundado a 15 de setembro de 1911 por
um grupo de estudantes do Liceu Alexandre Herculano, o Académico Futebol Clube
viveu o período de maior fulgor da sua história nas décadas de 1930 e 1940,
quando participou por cinco vezes na I
Divisão. Em 1934-35 e 1938-39 atingiu o sétimo lugar, a melhor
classificação de sempre do clube.
Foi através dos esforços e do
espírito empreendedor dos dirigentes e da massa associativa do emblema
portuense que se começou a construir em 1923 o Estádio do Lima, que 14 anos
depois viria a tornar-se o primeiro campo de futebol a nível nacional a ter um
relvado como piso.
Com grande relevância no fomento
da prática desportiva em Portugal, também no atletismo, no ciclismo e no
basquetebol, o Académico do Porto viu-se obrigado a extinguir o futebol sénior
no final da década de 1960, já após ter perdido o seu parque de jogos
construído no Estádio do Lima.
Na sequência da demolição do
Estádio do Lima pela Santa Casa da Misericórdia do Porto, nos anos 1970, o
Académico do Porto ficou com a atividade confinada ao espaço do antigo palacete
do Lima, ao lado do antigo estádio, um edifício virado para a Rua de Costa
Cabral, onde tem hoje as suas instalações desportivas e sociais (dois
pavilhões, sede, bar e pouco mais). Essa é, de resto, uma parcela de terreno
atualmente propriedade da Câmara Municipal do Porto, sendo o Académico apenas
inquilino.
Em cinco participações na I
Divisão, 71 futebolistas representaram o Académico do Porto. Vale por isso
a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Carlos Alves (26 jogos)
Carlos Alves |
Defesa que representou Portugal
nos Jogos Olímpicos de Amesterdão em 1928, chegou ao Académico no verão de
1933, proveniente do Carcavelinhos, clube pelo qual conquistou o Campeonato de
Portugal em 1927-28.
Em 1934-35 disputou 14 jogos e
marcou seis golos no campeonato, diante de Académica, Belenenses,
Benfica
(dois) e Vitória
de Setúbal (dois).
Na época seguinte representou o FC
Porto, tendo conquistado o Campeonato do Porto, mas em 1937-38 voltou ao
Académico para atuar em mais 12 partidas na I
Divisão.
Embora tenha somado 18
internacionalizações pela seleção nacional, nenhuma foi enquanto jogador do
emblema academista.
Ficou famoso por usar luvas pretas
enquanto jogava, estilo que foi herdado pelo neto João Alves, que brilhou no Boavista,
Benfica,
Salamanca e Paris Saint-Germain. “O meu avô era do Carcavelinhos, que na altura
foi campeão nacional e ganhou até um título numa final frente ao Benfica.
Antes do Benfica-Carcavelinhos,
os jogadores estavam a almoçar e uma fã do meu avô, uma miúda com 13/14 anos,
chegou ao pé dele, ofereceu-lhe as luvas dela e disse-lhe que se jogasse com as
luvas o Carcavelinhos ia ganhar o jogo. Eram umas luvas pretas, que ainda as
tenho guardadas religiosamente em minha casa. O meu avô achou piada aquilo, mas
guardou as luvas no bolso do casaco e foi para o jogo. Entretanto o
Carcavelinhos chegou ao intervalo a perder e os colegas que tinham assistido à
cena na mesa, obrigaram-no a jogar com as luvas na segunda parte. Sei que o
Carcavelinhos deu a volta ao jogo e foram campeões de Portugal. Tenho essa
medalha”, contou João Alves à Tribuna Expresso.
Haveria de falecer a 12 de
novembro de 1970, aos 67 anos.
9. Eliseu (31 jogos)
Eliseu |
Médio formado nas camadas jovens
do Barreirense,
foi contratado ainda com 16 anos apelo Académico do Porto, que pagou quatro
contos pela sua carta de desvinculação.
No emblema portuense também
praticou basquetebol e atletismo, mas foi no futebol que mais se destacou,
tendo atuando em dez jogos na I
Divisão em 1939-40 e em 21 em 1941-42, tendo nesta última época contribuído
para a conquista do título regional da AF
Porto.
Em 1943 mudou-se para o Sporting,
clube pelo qual se sagrou campeão nacional e conquistou a Taça Império.
Na década de 1970 emigrou para
São Paulo, no Brasil, onde viria a falecer.
7. Ricardo (32 jogos)
Defesa que representou o
Académico do Porto entre 1934 e 1939, jogou a I
Divisão pelo emblema portuense em três temporadas.
Em 1934-35 atuou em seis
partidas, em 1937-38 participou em 14 jogos e em 1938-39 disputou 12 encontros e
marcou um golo ao Casa
Pia, contribuindo para a obtenção de dois sétimos lugares.
Após deixar o clube rumou ao Barreirense,
emblema pelo qual se haveria de sagrar campeão nacional da II Divisão.
7. Pacheco (25 jogos)
Médio proveniente da Académica,
pela qual se estreou na I
Divisão, reforçou o Académico do Porto no início da temporada 1937-38.
Nessa época participou em nove
jogos e marcou um golo ao vizinho FC
Porto. Em 1938-39 atuou em 13 partidas, contribuindo para a obtenção de um
7.º lugar. E na terceira e última temporada disputou dez encontros.
6. Levy de Sousa (33 jogos)
Guarda-redes que representou o
Académico entre 1934 e 1942, tendo estado presente nas cinco participações do
emblema portuense na I
Divisão.
No total disputou 33 jogos
distribuídos pelas épocas 1934-35, 1937-38, 1938-39, 1939-40 e 1941-42 e sofreu
118 golos. Ou seja, foi em média buscar a bola ao fundo das redes em 3,58 vezes
por encontro.
Após terminar a ligação ao
Académico, rumou ao Barreirense.
5. António Jorge (37 jogos)
António Jorge |
Poderoso defesa algarvio,
apelidado de “cegueta”, fez grande parte da carreira no Farense,
pelo qual conquistou dois títulos distritais, ainda que com uma curta passagem
pelo Belenenses
em 1935-36.
Em 1939 mudou-se do Algarve
para o Académico do Porto, clube em que haveria de ficar até 1943. Em 1939-40
disputou 18 jogos na I
Divisão e duas épocas depois somou 19 partidas no primeiro
escalão do futebol português.
Enquanto jogador do emblema portuense
destacou-se ao ser chamado à seleção do Porto, que era maioritariamente
composta por atletas de FC
Porto e Boavista.
4. Marques (38 jogos)
Avançado que representou o Académico
do Porto em duas participações na I
Divisão, estreou-se no primeiro
escalão em 1939-40, com 17 jogos e três golos, apontados diante de Leixões,
Sporting
e Benfica.
Duas épocas depois atuou em 21
partidas e somou cinco remates certeiros, marcados frente a Benfica,
Leça, Barreirense
(dois) e Unidos de Lisboa.
3. José Rafael (51 jogos)
Defesa madeirense, surgiu na
equipa principal do Académico do Porto em 1939-40, quando participou em 13
jogos na I
Divisão.
Na época seguinte atuou em 16
partidas e em 1941-42 disputou 22 encontros no campeonato.
2. Raúl (53 jogos)
Raúl |
Avançado que começou a fazer
carreira no FC
Porto, clube pelo qual conquistou dois Campeonatos de Portugal (1931-32 e
1936-37) e a edição inaugural da I
Divisão (1934-35), mudou-se para o vizinho Académico em 1937.
Em 1937-38 participou em 13 jogos
no campeonato e marcou três golos, diante de Barreirense
(dois) e Belenenses.
Na temporada seguinte voltou a
marcar presença em 13 partidas e somou seis remates certeiros, frente a Casa
Pia, Benfica
(dois), Belenenses,
Académica e Sporting.
Em 1939-40 participou em seis
encontros e faturou uma vez, ao Sporting.
Na época que se seguiu jogou na
II Divisão, mas em 1941-42 voltou à elite do futebol português para disputar 21
jogos e apontou cinco golos, diante de Vitória
de Guimarães, Leça, Sporting,
Académica e Olhanense.
1. Álvaro Pereira (58 jogos)
Um dos poucos jogadores que
esteve nas cinco participações do Académico do Porto na I
Divisão.
Avançado de posição, começou por
disputar dois jogos no primeiro
escalão em 1934-35.
Três anos depois atuou em 13
partidas e marcou quatro golos, diante de Barreirense
(dois), Belenenses
e Sporting,
números que repetiu em 1938-39, com golos a Belenenses,
Casa
Pia, Benfica
e FC
Porto.
Em 1939-40 somou 16 encontros e
faturou por três vezes, frente a Carcavelinhos e Académica (dois).
Por fim, atuou em 14 desafios e
apontou cinco golos, diante de Barreirense
(dois), FC
Porto e Unidos de Lisboa (dois).
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