A minha primeira memória de um
jogo entre Portugal e Holanda remonta a 11 de outubro de 2000, quando as duas
seleções estavam na moda. A equipa das quinas, orientada por António Oliveira,
misturava a geração de ouro de Fernando Couto, Rui Costa, João Vieira Pinto
(não utilizado neste jogo) e Luís Figo com uma vaga de jogadores como Sérgio
Conceição, Pauleta ou Simão. Já o selecionado de Louis van Gaal tinha
alguns dos principais talentos do Ajax de 1995 numa fase adiantada de
maturação, como Van der Sar, Reiziger, Frank de Boer, Seedorf, Overmars,
Kluivert e Davids, este último o mais vistoso devido aos famosos óculos de
proteção.
Ambas as seleções tinham caído
nas meias-finais do Euro 2000 e por isso não só eram principais as favoritas
para seguir em frente na fase de apuramento para o Mundial
2002 – num grupo que também incluía República da Irlanda, Chipre, Estónia e
Andorra – como também envergavam o estatuto de duas das melhores seleções
europeias.
No primeiro jogo entre ambas, em
Roterdão, afigurava-se uma tarefa difícil para Portugal, privado dos castigados
Abel Xavier, Paulo Bento e Nuno Gomes. Já não me recordo bem se só fui
acompanhando os golos do encontro ou se vi apenas a segunda parte, mas
lembro-me que a seleção nacional, com Pauleta e o estreante Bino no onze, foi
para intervalo a vencer surpreendentemente por 2-0.
Foi precisamente Pauleta que fez
a assistência para o primeiro golo, aproveitando uma distração nos jogadores
holandeses causada por uma apitadela nas bancadas para desmarcar Sérgio
Conceição na cara de Van der Sar. O então
jogador do Parma fez o resto, colocando a bola entre as pernas do gigante
guarda-redes, aos 9 minutos. No final da primeira parte, o açoriano voltou a
brilhar, desta vez ao inventar sozinho o lance do 0-2: recuperou a bola, ganhou
um ressalto, tirou defesas do caminho, isolou-se e atirou para o fundo das
redes. Depois, no segundo tempo, foi apenas uma questão de gerir a vantagem.
“Banhada. Golos de Sérgio
Conceição e Pauleta numa exibição de luxo dão-nos a liderança do Grupo 2 na
Banheira de Roterdão” era a manchete do jornal O Jogo no dia seguinte de uma derrota holandesa que haveria de ser
a última em casa até setembro de 2015.
Bem diferente foi o segundo jogo,
nas Antas, a 28 de março de 2001. A República da Irlanda tinha vencido horas
antes em Andorra e saltado provisoriamente para a liderança do grupo, com 11
pontos. Portugal entrava em campo com 10 e a Holanda com sete. Esperava-se que
a equipa das quinas pudesse repetir a façanha de Roterdão, mas por pouco que
não saiu derrotada em casa, num jogo bastante sofrido.
Jimmy Floyd Hasselbaink, que anos
antes tinha jogado em Portugal ao serviço de Campomaiorense e Boavista, cavou e
converteu a grande penalidade que colocou a laranja mecânica em vantagem, aos
17 minutos. No início do segundo tempo, Overmars fez o que quis de Costinha e
cruzou atrasado para o remate certeiro de Kluivert, colocando os visitantes a
vencer por 0-2.
O sonho de voltar a um Campeonato
do Mundo após 16 anos de ausência começava a esfumar-se, mas um golo de Pauleta
aos 83 minutos, após passe de trivela de Capucho, reacendeu a esperança. Já em
tempo de compensação, Pauleta é derrubado na área por Frank de Boer e o conceituado
árbitro alemão Urs Meyer assinala uma grande penalidade que Luís Figo se
encarregou de transformar em golo. 2-2. Tão cedo não me hei-de esquecer da
imagem de Figo a tirar a camisola e a festejar efusivamente o golo que manteve
a equipa das quinas na liderança do grupo e a Holanda a três pontos de
distância.
“Coração. Golos de Pauleta e Figo
numa reviravolta sensacional”, podia ler-se no dia seguinte na manchete do
jornal O Jogo, que titulava a crónica
com “humildes na luta, gigantes na crença”.
Boa tarde David!
ResponderEliminarPor favor, amigo veja seu hotmail.
Ednaldo Ferreira.
Já vi e já adicionei aos meus links
EliminarLovely blog. Thanks for sharing with us.This is so useful.
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