sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Vem aí a regata que pretende "massificar a vela e torná-la cool"

Francisco Mello e Castro apresentou a prova
Vai ser a primeira edição da Regata de Portugal, o que por si só já faria do evento histórico. Mas será muito mais do que uma simples regata. Será um festival da portugalidade, com vela, gastronomia, música e arte, que vão dar cor e sentimento patriótico a um evento que se vai realizar entre 3 a 7 de outubro em frente ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa e que será integrado nas comemorações oficiais do 5 de outubro.

A ideia partiu de Francisco Mello e Castro, um jovem que no dia a seguir ao encerramento do evento espera ter motivos reforçados para celebrar o 25.º aniversário. À paixão pela vela, juntou o patriotismo, o empreendedorismo e a resiliência. O objetivo é "massificar a vela e torná-la cool", com o chef Vítor Sobral (gastronomia), o graffiter Gonçalo Mar (arte), Deejay Kamala (música) e Bernardo Freitas (vela) como embaixadores de cada área.


O surf como inspiração e o bacalhau como exceção

"O Francisco Spínola há uns anos pegou no surf e transformou o surf, que era um desporto que estava fechado na sua comunidade, para um desporto que passou a atrair as massas. Vamos a Peniche e vemos a prova da World Surf League cheia de pessoas, de todas as idades. Pessoas que nunca se puseram numa prancha e que se calhar nunca se irão pôr. Na vela queremos fazer um bocadinho o mesmo. A vela é um bocadinho mais difícil, porque é um desporto mais caro, mas queremos quebrar aquele conceito de que a vela é elitista e que não é para todos, pelo menos para quem a vê. Mas não vamos trazer apenas vela. Vamos trazer arte, gastronomia e DJ"s portugueses todos os dias ao final do dia que vão também entrevistar os velejadores quando saírem do mar e fazer uma ligação entre os vários talentos, os vários eixos portugueses", explicou ao DN o responsável pela organização, que conseguiu convencer empresas e entidades para a realização do evento e espera receber "50 mil visitantes ao longo dos cinco dias". "É um objetivo realista. É gratuito, aberto ao público e não há essa barreira", vincou, assegurando que o "projeto está garantido até 2021".

"Sou patriota e gosto muito do meu país. Tenho amigos que fugiram para fora e eu nunca quis. Sempre acreditei muito neste país e em conseguir a minha oportunidade em Portugal, é um paraíso. A vela só por si não tinha poder de atração para se massificar. Se a queremos massificar, temos que a trazer para o centro da cidade, em vez de na periferia, associar a gastronomia a isso e colocar o mar como foco central. Temos Vítor Sobral como grande embaixador da gastronomia aqui e lá fora, trazer o Deejay Kamala para animar as tardes e trazer o Gonçalo Mar para fazer arte urbana associada ao mar. É um mar de portugueses, o foco é esse", prosseguiu Francisco Mello e Castro, permitindo apenas uma exceção ao conceito de portugalidade que vai marcar a Regata de Portugal: "O bacalhau não é português, mas é uma especialidade portuguesa." "A cor é portuguesa!", brincou Vítor Sobral.

Para este jovem empresário da publicidade, marketing, organização e produção de eventos, este era um sonho antigo. "Há uns tempos comecei a pensar nisto, numa coisa patriótica que se ligasse à vela e ao desporto. Ao longo do tempo fui caminhando nesta área dos eventos. Construi uma entidade que faz vários eventos e projetos de comunicação e então criei este projeto. Trazer estas marcas foi uma grande batalha. Foi-se caminhando, conhecendo pessoas, ouvindo muitos nãos", ainda sem querer aceitar congratulações. "Não me deem já os parabéns que isso só me cria mais ansiedade. Espero que me os deem no dia 7 de outubro", soltou perante os convidados durante a apresentação da regata, que decorreu ao final da tarde desta quinta-feira no terraço do Terminal de Cruzeiros de Lisboa.

"Ferraris da vela", regatas de 10 a 15 minutos e previsão de colisões

A regata que Lisboa vai acolher entre 3 a 7 de outubro é de uma disciplina da vela chamada match racing, que no entender de Francisco Mello e Castro é a mais adequada para atrair os que ainda não se renderam ao desporto náutico. "São muitas regatas ao longo do dia, mas muito curtas, de 10 a 15 minutos. Mesmo o mais leigo da vela, que nunca gostou muito da vela, vai achar graça. São os ferraris da água e da vela. Vamos ter 50 velejadores que estão no top 100 do mundo. Isso garante uma prova muito interessante para o público português e de regatas que vão estar muito visíveis, terão 500 metros. Temos uma dinâmica muita forte", assegurou o responsável pela organização, contando que a primeira edição da Regata de Portugal vai contar com dez equipas internacionais e dois wild cards portugueses.

O velejador olímpico Bernardo Freitas, que vai integrar uma equipa nacional, explica melhor no que consiste o match racing. "É uma disciplina em que dois barcos lutam um contra o outro. Existem várias regras para ser cumpridas e quem chegar à frente ganha a regata. Os barcos podem colidir e até virar-se ao contrário. Vai haver sangue nas águas do rio Tejo [risos]. As regras são feitas com o intuito de evitar a colisão, mas com a vontade de ganhar e as condições adversas, os barcos podem estar a cinco centímetros um do outro e até mesmo colidir", assegurou o atleta luso, oitavo classificado nos Jogos Olímpicos de Londres (2012).

"Lisboa é um grande palco para este evento"

Para Bernardo Freitas, Lisboa é uma cidade adequada para uma regata deste género, pois é "linda"e tem condições "fantásticas", até mesmo para os espectadores. "As provas vão realizar-se muito perto do terminal [de cruzeiros de Lisboa]. Os espectadores vão estar praticamente a ouvir os velejadores a falar", frisou, à espera que a primeira edição da Regata de Portugal ajude a dar visibilidade à disciplina, que no nosso país "está um bocadinho apagada".

Opinião semelhante tem o representante do Circuito Mundial de match racing. "Para o circuito mundial, Lisboa é um grande palco para este evento. Estamos muito satisfeitos. Muito do evento vai passar por colocar o espetáculo perto dos espetadores, à beira-rio, junto ao centro da cidade. Vão estar cá os melhores do mundo", perspetivou o sueco Mattias Dahlstrom, que esteve presente na cerimónia de apresentação do evento.





1 comentário:

  1. Bom, não sei se isso é só vantagens. Lisboa é uma cidade é uma cidade muito turística. Esse tipo de eventos é importante, mas não será só um entertainment para os turistas? Será que é isto que os habitantes de Lisboa precisam?
    Não faria sentido levar este evento para a Margem Sul?

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