Mário Leandro fundou o FC Setúbal em maio de 2015 |
Poucos clubes do distrito de
Setúbal terão aumentado tanto de importância como o FC Setúbal nos últimos três
anos. Desde maio de 2015, quando foi fundado, apresentou inicialmente uma
equipa exclusivamente formada por jogadores da Bela Vista, reforçou-se com
futebolistas de qualidade oriundos da América do Sul e África, passou a jogar
no bairro e com o apoio de centenas de adeptos, subiu à I Distrital arrecadando
o título do segundo escalão e ainda se bateu com históricos como Amora,
Barreirense e Fabril no topo da classificação durante boa parte do campeonato.
No entanto, o 9.º lugar final
para quem passou tanto tempo entre os primeiros quatro classificados acabou por
evidenciar dores de crescimento de um projeto que ainda não tem a
sustentabilidade necessária para ambicionar voos mais altos.
“A transição da II para a I
Distrital e depois tentar surpreender e subir para os nacionais paga-se caro.
Não há hipótese. Não se pode subir com os mesmos jogadores que subiram da II
Distrital. É difícil para os jogadores aceitarem. Só podem jogar onze e o
objetivo era tentar subir”, começou por contar o presidente e treinador Mário
Leandro a O Blog do David. “Faltou
estrutura e todos sofremos. Eu e os jogadores. Não foi culpa minha ou deles. O
clube tem três anos e já fez muito barulho. Os parceiros só querem investir quando
há resultados e não entendem que é preciso tempo. Não se chega, faz-se uma
equipa e é-se campeão amanhã. Aconteceu connosco, mas é muito difícil. Andámos
15 ou 20 jornadas em quarto lugar. Quem andava à nossa frente? Fabril,
Barreirense e Amora, habituados aos nacionais. Se as três estivessem nos
nacionais, estaríamos na luta”, prosseguiu.
Restam três do núcleo duro e chegaram cinco brasileiros
Depois da época de estreia na I
Distrital, houve uma autêntica razia no plantel, agora composto por cerca de 20
jogadores, a maioria dos quais com idade inferior a 22 anos. “Do núcleo duro
que subiu de divisão só se mantêm o Adérito, o Sandro e o Papos. Houve muitas
saídas”, contou o timoneiro dos sadinos, 54 anos, com dificuldades em encontrar
parceiros para acasalar com as suas ideias: “O mais difícil no futebol é impor
as suas ideias. Cada pessoa tem as suas ideias. Encontrar alguém que apoie as
suas ideias é como encontrar uma mulher para casar. É pior ainda!”
Médio Papos é dos poucos que se mantém no projeto |
O volume de saídas e a juventude fazem do valor
do elenco de 2018/19 uma verdadeira incógnita. Sem um objetivo definido à
entrada para a nova temporada, Mário Leandro promete pensar “jogo a jogo” e “reforçar
o plantel com o decorrer do campeonato”, mas sempre com a vitória em ponto de
mira. “Nunca vamos para dentro de campo para perder, é sempre para ganhar”,
assume, com o objetivo de catapultar “um jovem jogador para a I Liga”.
“O plantel é composto por
portugueses e brasileiros. Chegaram cinco brasileiros para reforçar o plantel,
dois deles jogaram na Série C [terceiro escalão do Brasil], Itallo Mazzardo e
Jefferson Souza. Outro foi formado no Fluminense, Jorge Júnior, tem 19 anos e é
um dos que se espera que dê o salto para um campeonato melhor. E ainda o lateral direito Thales e o Miguel, que é muito rápido com a bola no pé”, revelou, depositando grandes
expetativas na veia goleadora de Itallo Mazzardo: “Acho que vai marcar muitos
golos.”
Instabilidade inicial pouco significa
Ainda assim, avisa, esta
instabilidade inicial não é novidade para o FC Setúbal nem tão pouco sinónimo
de insucesso. “A época em que fomos campeões [da II Distrital, em 2016/17] foi
exatamente igual ao que está a acontecer este ano. Não tínhamos jogadores,
equipas, pessoal… Os jogadores desapareceram… Fomos ao Montijo jogar para a
Taça e éramos para levar 14-0 mas levámos 4-0. Depois apareceram um ou dois
parceiros, jogadores do estrangeiro e a equipa encorpou e subimos”, recordou
Mário Leandro, que deu o início à pré-época a 20 de agosto.
Agora, já com quase um mês de
trabalho, o primeiro jogo a doer, no Vale da Amoreira, diante da União
Banheirense (15.00), para a Série D da Taça da Associação de Futebol de
Setúbal, que também conta com Seixal, Vasco da Gama de Sines, Trafaria e Cova
da Piedade B.
Lateral direito brasileiro Thales Generoso é reforço |
“A Taça AF Setúbal vai ser uma
pré-época. E vamos ver jogo a jogo. Defrontámos Banheirense na pré-época e
perdemos 1-2. Mas foi bom, porque tínhamos apenas uma semana de treinos. Foi um
jogo de treino, com muitas substituições. Acho que o Banheirense este ano tem
uma equipa melhor, sólida. Não vai ser fácil no domingo. Os brasileiros ainda
não vão poder jogar, porque são transferências internacionais”, perspetivou o
presidente e treinador da formação da Bela Vista, que conta com o apoio dos diretores Carlos Miller e Paulo Jones e vai dar prioridade ao
campeonato.
Por falar no campeonato da I
Distrital, que arranca a 21 de outubro, o timoneiro sadino antevê uma prova
muito equilibrada, desconfiando dos recém-promovidos Cova da Piedade B e
Oriental Dragon. “Os Favoritos são Fabril e Barreirense. Mas acho que este ano
vai ser mais equilibrado. Também há o Vasco da Gama, o Alcochetense, o Sesimbra
e o Grandolense. Há seis ou sete equipas que se arrancarem bem poderão ter
hipóteses. O Vasco da Gama, por exemplo, tem uma equipa boa mas na época
passada arrancou mal. Moitense também tem uma equipa forte. E atenção! Há o
Cova da Piedade B e o Oriental Dragon, que têm meios. Sabe-se lá o que é que
eles estão a preparar”, alertou, ao seu estilo.
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