quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Dores de crescimento obrigam FC Setúbal a pensar “jogo a jogo”

Mário Leandro fundou o FC Setúbal em maio de 2015

Poucos clubes do distrito de Setúbal terão aumentado tanto de importância como o FC Setúbal nos últimos três anos. Desde maio de 2015, quando foi fundado, apresentou inicialmente uma equipa exclusivamente formada por jogadores da Bela Vista, reforçou-se com futebolistas de qualidade oriundos da América do Sul e África, passou a jogar no bairro e com o apoio de centenas de adeptos, subiu à I Distrital arrecadando o título do segundo escalão e ainda se bateu com históricos como Amora, Barreirense e Fabril no topo da classificação durante boa parte do campeonato.  

No entanto, o 9.º lugar final para quem passou tanto tempo entre os primeiros quatro classificados acabou por evidenciar dores de crescimento de um projeto que ainda não tem a sustentabilidade necessária para ambicionar voos mais altos.


“A transição da II para a I Distrital e depois tentar surpreender e subir para os nacionais paga-se caro. Não há hipótese. Não se pode subir com os mesmos jogadores que subiram da II Distrital. É difícil para os jogadores aceitarem. Só podem jogar onze e o objetivo era tentar subir”, começou por contar o presidente e treinador Mário Leandro a O Blog do David. “Faltou estrutura e todos sofremos. Eu e os jogadores. Não foi culpa minha ou deles. O clube tem três anos e já fez muito barulho. Os parceiros só querem investir quando há resultados e não entendem que é preciso tempo. Não se chega, faz-se uma equipa e é-se campeão amanhã. Aconteceu connosco, mas é muito difícil. Andámos 15 ou 20 jornadas em quarto lugar. Quem andava à nossa frente? Fabril, Barreirense e Amora, habituados aos nacionais. Se as três estivessem nos nacionais, estaríamos na luta”, prosseguiu.

Restam três do núcleo duro e chegaram cinco brasileiros

Depois da época de estreia na I Distrital, houve uma autêntica razia no plantel, agora composto por cerca de 20 jogadores, a maioria dos quais com idade inferior a 22 anos. “Do núcleo duro que subiu de divisão só se mantêm o Adérito, o Sandro e o Papos. Houve muitas saídas”, contou o timoneiro dos sadinos, 54 anos, com dificuldades em encontrar parceiros para acasalar com as suas ideias: “O mais difícil no futebol é impor as suas ideias. Cada pessoa tem as suas ideias. Encontrar alguém que apoie as suas ideias é como encontrar uma mulher para casar. É pior ainda!”
Médio Papos é dos poucos que se mantém no projeto

 O volume de saídas e a juventude fazem do valor do elenco de 2018/19 uma verdadeira incógnita. Sem um objetivo definido à entrada para a nova temporada, Mário Leandro promete pensar “jogo a jogo” e “reforçar o plantel com o decorrer do campeonato”, mas sempre com a vitória em ponto de mira. “Nunca vamos para dentro de campo para perder, é sempre para ganhar”, assume, com o objetivo de catapultar “um jovem jogador para a I Liga”.

“O plantel é composto por portugueses e brasileiros. Chegaram cinco brasileiros para reforçar o plantel, dois deles jogaram na Série C [terceiro escalão do Brasil], Itallo Mazzardo e Jefferson Souza. Outro foi formado no Fluminense, Jorge Júnior, tem 19 anos e é um dos que se espera que dê o salto para um campeonato melhor. E ainda o lateral direito Thales e o Miguel, que é muito rápido com a bola no pé”, revelou, depositando grandes expetativas na veia goleadora de Itallo Mazzardo: “Acho que vai marcar muitos golos.”

Instabilidade inicial pouco significa

Ainda assim, avisa, esta instabilidade inicial não é novidade para o FC Setúbal nem tão pouco sinónimo de insucesso. “A época em que fomos campeões [da II Distrital, em 2016/17] foi exatamente igual ao que está a acontecer este ano. Não tínhamos jogadores, equipas, pessoal… Os jogadores desapareceram… Fomos ao Montijo jogar para a Taça e éramos para levar 14-0 mas levámos 4-0. Depois apareceram um ou dois parceiros, jogadores do estrangeiro e a equipa encorpou e subimos”, recordou Mário Leandro, que deu o início à pré-época a 20 de agosto.

Agora, já com quase um mês de trabalho, o primeiro jogo a doer, no Vale da Amoreira, diante da União Banheirense (15.00), para a Série D da Taça da Associação de Futebol de Setúbal, que também conta com Seixal, Vasco da Gama de Sines, Trafaria e Cova da Piedade B.

Lateral direito brasileiro Thales Generoso é reforço
“A Taça AF Setúbal vai ser uma pré-época. E vamos ver jogo a jogo. Defrontámos Banheirense na pré-época e perdemos 1-2. Mas foi bom, porque tínhamos apenas uma semana de treinos. Foi um jogo de treino, com muitas substituições. Acho que o Banheirense este ano tem uma equipa melhor, sólida. Não vai ser fácil no domingo. Os brasileiros ainda não vão poder jogar, porque são transferências internacionais”, perspetivou o presidente e treinador da formação da Bela Vista, que conta com o apoio dos diretores Carlos Miller e Paulo Jones e vai dar prioridade ao campeonato.

Por falar no campeonato da I Distrital, que arranca a 21 de outubro, o timoneiro sadino antevê uma prova muito equilibrada, desconfiando dos recém-promovidos Cova da Piedade B e Oriental Dragon. “Os Favoritos são Fabril e Barreirense. Mas acho que este ano vai ser mais equilibrado. Também há o Vasco da Gama, o Alcochetense, o Sesimbra e o Grandolense. Há seis ou sete equipas que se arrancarem bem poderão ter hipóteses. O Vasco da Gama, por exemplo, tem uma equipa boa mas na época passada arrancou mal. Moitense também tem uma equipa forte. E atenção! Há o Cova da Piedade B e o Oriental Dragon, que têm meios. Sabe-se lá o que é que eles estão a preparar”, alertou, ao seu estilo.











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