“Não sou obrigado a estar de acordo com o que penso”. O craque chileno que recusou cumprimentar Pinochet
Caszely somou 48 jogos e 29 golos pela seleção chilena
Carlos Caszely foi um dos melhores
jogadores chilenos. Foi melhor marcador da Taça
Libertadores ao serviço do Colo-Colo
em 1973 e eleito melhor jogador da Copa América em 1979, marcou presença em
dois Mundiais (1974 e 1982) e jogou em Espanha
ao serviço de Levante
e Espanyol.
Era um avançado baixinho (1,67 m), rápido, tecnicista e goleador, assim como
portador de um bigode impecável, ao estilo de Manuel Bento.
Por outro lado, foi também o
primeiro jogador a ver um cartão vermelho num Campeonato do Mundo (1974) – até
então, os futebolistas apenas recebiam ordem de expulsão. Fora das quatro linhas também deu
que falar, e não foi propriamente pelos piores motivos. Antes de a seleção
chilena viajar para o Mundial 1974, que se realizou na Alemanha, a comitiva
passou pelo Palácio La Moneda para ser recebida por Augusto Pinochet. Mas
Caszely recusou apertar a mão do ditador, deixando-o de mão estendida em direto
na televisão. Por causa disso, a mãe do avançado foi presa e torturada. “Quando
a porta abriu, vi entrar aquele militar de farda, óculos escursos, bigode e uma
capa por cima. Dias antes tinha lido o livro sobre Anne Frank. Quando vi
Pinochet pensei logo em Hitler e decidi não cumprimenta-lo”, explicou.
Rebelde e intelectual à sua
maneira, sentia que o papel dos jogadores não se devia esgotar ao que faziam
dentro de campo: “Pelé
foi o maior. Mas tomar um café, fumar um cigarro e conversar só mesmo com um,
com o Sócrates, que era muito mais que um grande jogador.” Caszely tinha um lado filósofo, e
talvez por aí tenha soltado uma frase enigmática (… ou então só uma gaffe):
“Não sou obrigado a estar de acordo com o que penso.” 48 vezes internacional pela la
roja, seleção pela qual somou 29 remates certeiros, venceu ainda cinco
campeonatos e uma Taça do Chile pelo seu Colo-Colo.
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