terça-feira, 7 de maio de 2024

“Não sou obrigado a estar de acordo com o que penso”. O craque chileno que recusou cumprimentar Pinochet

Caszely somou 48 jogos e 29 golos pela seleção chilena
Carlos Caszely foi um dos melhores jogadores chilenos. Foi melhor marcador da Taça Libertadores ao serviço do Colo-Colo em 1973 e eleito melhor jogador da Copa América em 1979, marcou presença em dois Mundiais (1974 e 1982) e jogou em Espanha ao serviço de Levante e Espanyol. Era um avançado baixinho (1,67 m), rápido, tecnicista e goleador, assim como portador de um bigode impecável, ao estilo de Manuel Bento.
 
Por outro lado, foi também o primeiro jogador a ver um cartão vermelho num Campeonato do Mundo (1974) – até então, os futebolistas apenas recebiam ordem de expulsão.
 
Fora das quatro linhas também deu que falar, e não foi propriamente pelos piores motivos. Antes de a seleção chilena viajar para o Mundial 1974, que se realizou na Alemanha, a comitiva passou pelo Palácio La Moneda para ser recebida por Augusto Pinochet. Mas Caszely recusou apertar a mão do ditador, deixando-o de mão estendida em direto na televisão. Por causa disso, a mãe do avançado foi presa e torturada. “Quando a porta abriu, vi entrar aquele militar de farda, óculos escursos, bigode e uma capa por cima. Dias antes tinha lido o livro sobre Anne Frank. Quando vi Pinochet pensei logo em Hitler e decidi não cumprimenta-lo”, explicou.

 
Rebelde e intelectual à sua maneira, sentia que o papel dos jogadores não se devia esgotar ao que faziam dentro de campo: “Pelé foi o maior. Mas tomar um café, fumar um cigarro e conversar só mesmo com um, com o Sócrates, que era muito mais que um grande jogador.”
 
Caszely tinha um lado filósofo, e talvez por aí tenha soltado uma frase enigmática (… ou então só uma gaffe): “Não sou obrigado a estar de acordo com o que penso.”
 
48 vezes internacional pela la roja, seleção pela qual somou 29 remates certeiros, venceu ainda cinco campeonatos e uma Taça do Chile pelo seu Colo-Colo.




 



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