Ronaldo apontou hat trick no jogo de Old Trafford |
No que concerne a provas
europeias, Real
Madrid e Manchester
United só se defrontaram em eliminatórias e na Supertaça
continental em 2017, sendo que protagonizaram dois duplos confrontos em
meias-finais e outros tantos nos quartos de final, sempre na Taça/Liga
dos Campeões.
Os primeiros que testemunhei
foram em abril de 2003, nos quartos. Entre os galácticos de Vicente del Bosque
estavam Luís Figo, Iker
Casillas, Fernando Hierro, Roberto Carlos, Claude Makélélé, Zinédine
Zidane, Raúl e Ronaldo. Já nos red
devils de Alex
Ferguson atuavam Fabien Barthez, Rio Ferdinand, Roy Keane, Paul Scholes,
Ryan Giggs, David Beckham e Ruud van Nistelrooy, entre outros. Era uma
constelação de estrelas, um duelo de titãs entre as equipas que nessa época
viriam a sagrar-se campeãs de Espanha
e Inglaterra.
Nessa época, não havia clubes
portugueses na Liga
dos Campeões, pelo que a RTP transmitia quase sempre os jogos do Real
Madrid de Figo – ou, em alternativa, os do AC
Milan de Rui Costa.
Não me recordo se o encontro da
primeira-mão, no Santiago Bernabéu, foi transmitido. Mas lembro-me de os merengues
terem construído uma vantagem de dois golos que dava algum conforto para a partida
de Old Trafford. Luís Figo inaugurou o marcador aos 12 minutos, através de um
remate colocadíssimo ao ângulo superior direito. Zidane,
que já tinha assistido Figo no lance do golo inaugural, fez o passe para Raúl
fazer o 2-0 (28’). O avançado espanhol viria ainda a apontar o terceiro golo
dos blancos,
através de um disparo de fora da área já no início da segunda parte (49’). A
eliminatória só não foi logo resolvida porque Van Nistelrooy marcou logo a
seguir o golo que deu alguma esperança à equipa
inglesa (52’).
“O jogo no Santiago Bernabéu
provou que a equipa do Manchester
United tem estrelas, mas não tão brilhantes como as do Real
Madrid. Sobretudo na primeira parte, Zidane,
Figo, Raúl e Ronaldo – o brasileiro esteve menos exuberante do que os três
primeiros – deram um autêntico festival, reduzindo a escombros a defesa
inglesa. Os golos surgiram com a maior das naturalidades e muitos mais podiam
ter aparecido, tal o caudal ofensivo e a qualidade das jogadas desenhadas pelos
mestres merengues.
Figo abriu o marcador logo aos 12’, com um sensacional remate em arco, que a princípio
parecia um cruzamento, e Raúl elevou para 2-0, na conclusão de um grande
movimento coletivo dos madridistas.
Pelo meio, e com Van Nistelrooy abandonado entre os defesas adversários, o United
limitou-se a espernear, sem que Beckham mostrasse uma só das qualidades que
levaram a imprensa espanhola – e não só – a avançar com a possibilidade de
representar o clube da capital espanhola na próxima temporada”, escreveu o
jornal O Jogo.
A eliminatória parecia quase resolvida,
mas o jogo de Old Trafford revelou-se um dos melhores de sempre da história da Champions.
O apuramento do Real
Madrid nunca pareceu estar em risco, até porque esteve a vencer por 1-0,
2-1 e 3-2, graças a um hat trick de Ronaldo (12, 50 e 59 minutos), que
terá assinado nessa noite a sua melhor exibição de sempre pelos merengues,
mas o 4-3 final favorável ao Manchester
United, com os dois últimos golos dos red
devils a apontados por David Beckham (71’ e 85’) – os dois primeiros
foram da autoria de Van Nistelrooy (43’) e Helguera na própria baliza (52’) –, deram
um colorido especial ao encontro e uma sensação de equilíbrio à eliminatória.
“Recital memorável no Teatro dos Sonhos
de Manchester, com o Real
Madrid a carimbar o apuramento para as meias-finais da Liga
dos Campeões, embora não tenha conseguido dobrar o coração dos red
devils que venceram o jogo, mas perderam a eliminatória. Ronaldo, com
três golos, foi o man of the match; Figo foi mais uma peça da soberba
engrenagem ofensiva dos merengues;
Beckham começou no banco, mas teve tempo de deixar a sua marca, apontando, dois
golos, um deles de livre direto; o eixo da defesa do campeão europeu voltou a
deixar muito a desejar e não fosse Casillas
o milagre podia ter sido consumado. Nas semifinais, em maio, o Real
vai medir forças com a Juventus,
enquanto o Manchester,
com o poder atual, é sério candidato ao título inglês”, podia ler-se na edição
do dia seguinte do jornal O Jogo.
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