terça-feira, 25 de julho de 2023

A minha primeira memória de… um jogo entre Real Madrid e Manchester United

Ronaldo apontou hat trick no jogo de Old Trafford
No que concerne a provas europeias, Real Madrid e Manchester United só se defrontaram em eliminatórias e na Supertaça continental em 2017, sendo que protagonizaram dois duplos confrontos em meias-finais e outros tantos nos quartos de final, sempre na Taça/Liga dos Campeões.
 
Os primeiros que testemunhei foram em abril de 2003, nos quartos. Entre os galácticos de Vicente del Bosque estavam Luís Figo, Iker Casillas, Fernando Hierro, Roberto Carlos, Claude Makélélé, Zinédine Zidane, Raúl e Ronaldo. Já nos red devils de Alex Ferguson atuavam Fabien Barthez, Rio Ferdinand, Roy Keane, Paul Scholes, Ryan Giggs, David Beckham e Ruud van Nistelrooy, entre outros. Era uma constelação de estrelas, um duelo de titãs entre as equipas que nessa época viriam a sagrar-se campeãs de Espanha e Inglaterra.
 
Nessa época, não havia clubes portugueses na Liga dos Campeões, pelo que a RTP transmitia quase sempre os jogos do Real Madrid de Figo – ou, em alternativa, os do AC Milan de Rui Costa.



 
Não me recordo se o encontro da primeira-mão, no Santiago Bernabéu, foi transmitido. Mas lembro-me de os merengues terem construído uma vantagem de dois golos que dava algum conforto para a partida de Old Trafford. Luís Figo inaugurou o marcador aos 12 minutos, através de um remate colocadíssimo ao ângulo superior direito. Zidane, que já tinha assistido Figo no lance do golo inaugural, fez o passe para Raúl fazer o 2-0 (28’). O avançado espanhol viria ainda a apontar o terceiro golo dos blancos, através de um disparo de fora da área já no início da segunda parte (49’). A eliminatória só não foi logo resolvida porque Van Nistelrooy marcou logo a seguir o golo que deu alguma esperança à equipa inglesa (52’).
 
“O jogo no Santiago Bernabéu provou que a equipa do Manchester United tem estrelas, mas não tão brilhantes como as do Real Madrid. Sobretudo na primeira parte, Zidane, Figo, Raúl e Ronaldo – o brasileiro esteve menos exuberante do que os três primeiros – deram um autêntico festival, reduzindo a escombros a defesa inglesa. Os golos surgiram com a maior das naturalidades e muitos mais podiam ter aparecido, tal o caudal ofensivo e a qualidade das jogadas desenhadas pelos mestres merengues. Figo abriu o marcador logo aos 12’, com um sensacional remate em arco, que a princípio parecia um cruzamento, e Raúl elevou para 2-0, na conclusão de um grande movimento coletivo dos madridistas. Pelo meio, e com Van Nistelrooy abandonado entre os defesas adversários, o United limitou-se a espernear, sem que Beckham mostrasse uma só das qualidades que levaram a imprensa espanhola – e não só – a avançar com a possibilidade de representar o clube da capital espanhola na próxima temporada”, escreveu o jornal O Jogo.
 
 
 
A eliminatória parecia quase resolvida, mas o jogo de Old Trafford revelou-se um dos melhores de sempre da história da Champions. O apuramento do Real Madrid nunca pareceu estar em risco, até porque esteve a vencer por 1-0, 2-1 e 3-2, graças a um hat trick de Ronaldo (12, 50 e 59 minutos), que terá assinado nessa noite a sua melhor exibição de sempre pelos merengues, mas o 4-3 final favorável ao Manchester United, com os dois últimos golos dos red devils a apontados por David Beckham (71’ e 85’) – os dois primeiros foram da autoria de Van Nistelrooy (43’) e Helguera na própria baliza (52’) –, deram um colorido especial ao encontro e uma sensação de equilíbrio à eliminatória.
 
“Recital memorável no Teatro dos Sonhos de Manchester, com o Real Madrid a carimbar o apuramento para as meias-finais da Liga dos Campeões, embora não tenha conseguido dobrar o coração dos red devils que venceram o jogo, mas perderam a eliminatória. Ronaldo, com três golos, foi o man of the match; Figo foi mais uma peça da soberba engrenagem ofensiva dos merengues; Beckham começou no banco, mas teve tempo de deixar a sua marca, apontando, dois golos, um deles de livre direto; o eixo da defesa do campeão europeu voltou a deixar muito a desejar e não fosse Casillas o milagre podia ter sido consumado. Nas semifinais, em maio, o Real vai medir forças com a Juventus, enquanto o Manchester, com o poder atual, é sério candidato ao título inglês”, podia ler-se na edição do dia seguinte do jornal O Jogo.
 




 

   
   



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