Deco procura ultrapassar os defesas bósnios |
A minha primeira memória de um
jogo entre Portugal
e Bósnia é referente precisamente aos dois primeiros duelos entre ambas as
seleções, em novembro de 2009, num duplo confronto no qual estava em disputa
uma vaga no Mundial 2010.
Na altura, foi a primeira vez que
vi a seleção
lusa jogar o tudo ou nada num playoff. Do outro lado havia Edin
Dzeko, que já era um goleador com créditos na Bundesliga
com a camisola do Wolfsburgo,
mas confesso que não o conhecia – aliás, se me perguntassem naquela altura o
nome de um jogador bósnio, o único que diria era o de Hasan Salihamidžić (ex-Bayern
Munique e Juventus),
que até já se tinha retirado da seleção.
Portugal
começava a viver naquela altura um período de maior fulgor. Já não havia
qualquer elemento da geração de ouro. Da geração de jogadores campeões europeus
pelo FC
Porto em 2004, restavam Ricardo Carvalho e versões pálidas de Paulo
Ferreira e Deco, já trintões. Quem também já era trintão era Simão Sabrosa e o
recém-naturalizado Liedson. Cristiano
Ronaldo estava ausente, devido a uma lesão, e as novas estrelas iam despontando
sem a cadência nem o nível desejado. Este playoff adivinhava-se, por
isso, bem mais equilibrado do que aquilo que seria uns anos antes.
Numa fase em que a seleção
portuguesa começou a disputar a maior parte dos jogos mais importante no
Estádio da Luz, a casa do Benfica
foi o palco da partida da primeira-mão, a 14 de novembro de 2009.
Portugal
chegou ao golo à passagem da meia hora de jogo, por intermédio de Bruno Alves, através
de um cabeceamento ao segundo poste na sequência de um cruzamento de Nani a
partir do corredor direito (31’). Entretanto a Bósnia enviou várias bolas ao
poste, mas a seleção
então orientada por Carlos Queiroz segurou a vantagem até ao apito final.
“O Mundial de futebol está à
distância de um jogo, mas será um jogo complicado de gerir. Portugal
segue para Zenica com a vantagem de um golo e o pior que pode fazer é entrar em
campo obcecado em defendê-lo. É que se ali se vir a equipa descomplexada, veloz
e virada para a frente que encostou os bósnios à baliza de Hasagic entre os 50
e os 75 minutos da partida de ontem, a distância até à África do Sul fica bem
mais curta. Mas se lá aparecer o onze receoso da primeira parte ou do último
quarto de hora, com um bloco muito recuado, Pepe encostado aos centrais e Nani
e Simão a baixarem excessivamente para perto dos médios, o mais certo é que a
chuva de bolas na área de Eduardo se converta num problema complicadíssimo devido
à estatura e à agressividade dos bósnios. Nesse caso, o melhor mesmo é Carlos
Queiroz levar os postes das balizas da Luz, que ontem salvaram o empate por
três vezes”, escreveu o jornal O Jogo.
Em Zenica, o resultado
repetiu-se, com Portugal
a sentenciar o triunfo no início da segunda parte, graças a um golo de Raúl
Meireles no interior da área, mais uma vez com Nani na assistência (56’).
“Como cresceu esta equipa
portuguesa. Num jogo difícil, com um ambiente escaldante, dos mais terríveis
dos últimos anos, e com um relvado em péssimo estado, a Seleção
Nacional deu uma prova de maturidade e já está no Mundial 2010. Ontem houve
alma, concentração máxima, humildade, espírito de entreajuda e garra. Portugal
foi uma verdadeira equipa! Faltou Cristiano
Ronaldo, é certo, mas a equipa
das Quinas não se ressentiu. A ausência de Deco do onze inicial também não
foi notada. O Mágico só treinou na véspera do jogo, mas não estava a 100 por
cento. Naquele relvado ainda era mais complicado. Carlos Queiroz colocou Tiago
e ganhou a aposta. O médio da Juventus
foi importante para lançar o ataque, mas também na hora de defender e de
combater”, podia ler-se no jornal O Jogo.
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